Brasileiro tomaria menos 'refri' se pre�o fosse salgado, aponta pesquisa
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Se o peso na balan�a n�o � suficiente para fazer as pessoas deixarem de fora da mesa o refrigerante e outras bebidas a�ucaradas, o aumento no pre�o desses produtos pode ser uma op��o.
� o que mostram dados de uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido da ONG ACT Promo��o da Sa�de, que atua em prol de medidas contra obesidade e doen�as cr�nicas.
Questionados sobre como reagiriam diante de um poss�vel aumento de imposto de refrigerantes e sucos industrializados que elevasse o pre�o desses produtos, 74% dos entrevistados afirmam que reduziriam o consumo. Destes, 23% diminuiriam "um pouco", e 51%, "muito".
Os demais afirmam que j� n�o os consomem ou n�o mudariam em nada o padr�o –percentual que � maior entre jovens e mais ricos. Uma parcela m�nima, 3%, diz que aumentaria –a pesquisa n�o traz os motivos.
Foram ouvidas 2.070 pessoas acima de 16 anos em 129 munic�pios, em amostra equivalente ao perfil populacional do pa�s. A margem de erro � de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A ideia era testar o impacto e ades�o de propostas hoje em discuss�o no pa�s na �rea de alimentos.
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A possibilidade de aumentar a taxa��o de bebidas a�ucaradas � alvo de estudos desde o in�cio deste ano pelos Minist�rios da Sa�de, Desenvolvimento Social e Fazenda, entre outros �rg�os.
Um dos impulsos para o debate vem da Organiza��o Mundial da Sa�de, que tem recomendado aos pa�ses medidas mais firmes para o controle da obesidade. Hoje, mais de metade da popula��o brasileira apresenta excesso de peso, e 18,9% s�o obesos, o que aumenta o risco de doen�as cr�nicas.
Representantes da ind�stria, por�m, negam que os produtos sejam a causa de obesidade. "E os alimentos? Vamos taxar a bebida a�ucarada e n�o vamos taxar o salgadinho, a coxinha e o biscoito achocolatado? Em termos percentuais de a��car, alguns s�o muito mais pesados", afirma Alexandre Jobim, da Abir (Associa��o Brasileira das Ind�strias de Refrigerantes e de Bebidas N�o Alco�licas).
Para ele, a medida afetaria os mais pobres e traria pouco resultado nos �ndices de obesidade a curto prazo.
METAS
Entidades de sa�de favor�veis � medida, no entanto, contestam. Segundo a diretora-executiva da ACT, Paula Johns, o objetivo dessa pol�tica n�o � reduzir obesidade de forma imediata, mas sim melhorar a qualidade da alimenta��o. "O objetivo � reduzir o consumo, melhorar a qualidade da alimenta��o e, ao longo do tempo, melhorar os indicadores de sa�de", diz.
Ela lembra que a��o semelhante j� teve bom resultado contra o cigarro: dados do Minist�rio da Sa�de mostram que o percentual de fumantes, que j� vinha em queda, "despencou" com a regula��o de pre�o. "E isso a pesquisa mostra claramente: o baixo pre�o � um incentivo grande para o consumo. No tabaco, tamb�m t�nhamos adotado medidas educativas, mas a mais eficaz foi a imposi��o de pre�o".
Al�m da obesidade, outro argumento para a taxa��o de refrigerantes � o fato de que parte das empresas tem hoje cr�ditos tribut�rios por estar na zona franca de Manaus.
"Infelizmente � incentivado", disse na �ltima semana o ministro da Sa�de, Ricardo Barros, para quem a medida de aumentar a tributa��o seria "saud�vel".
Segundo ele, a pasta aguarda resultado dos estudos para avan�ar na defesa da proposta, que tamb�m tem apoio do Inca (Instituto Nacional do C�ncer).
Al�m da taxa��o, a pesquisa tamb�m analisou o grau de ades�o da popula��o a outras duas medidas: a restri��o da publicidade de alimentos industrializados para crian�as e uma mudan�a nos r�tulos dos alimentos.
A primeira � apoiada por 71% dos entrevistados. J� a segunda, que prev� a inser��o de alertas nas embalagens sobre o teor de a��car, sal e gorduras na parte da frente dos r�tulos, tem ades�o de 88%.
Para La�s Amaral, nutricionista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o resultado coincide com estudos feitos pela entidade, e que apontam que 40% dos brasileiros n�o compreendem o r�tulo. "H� letras pequenas, al�m de dificuldade em compreender as informa��es nutricionais e os termos t�cnicos", diz.
Em nota, a Abia (Associa��o Brasileira das Ind�strias de Alimentos) informa ser favor�vel a melhorias nos r�tulos, mas afirma que "qualquer modelo de rotulagem n�o � capaz de substituir uma a��o ampla de educa��o alimentar e nutricional que oriente a popula��o a entender as informa��es e saber como compor uma alimenta��o equilibrada".
SEM�FORO OU ADVERT�NCIA?
Ao mesmo tempo em que ganha apoio da popula��o, a discuss�o sobre um novo modelo de r�tulo nutricional para os alimentos avan�a no pa�s.
Hoje, h� dois modelos principais para r�tulos de alimentos em an�lise pelo governo. O plano � que haja informa��es obrigat�rias na frente da embalagem, que alertariam para o teor de a��car, sal, gorduras e calorias, segundo a Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria).
Um deles, defendido pela Abia (Associa��o Brasileira da Ind�stria de Alimentos), � a ado��o de uma esp�cie de sem�foro num�rico que possa informar a quantidade de cada componente e mostrar se est� abaixo ou acima da recomenda��o m�xima di�ria de consumo.
A Folha teve acesso � proposta apresentada no �ltimo m�s � Anvisa. Assim, o verde seria usado quando a quantidade est� abaixo desse par�metro. J� o amarelo quando est� pr�ximo e o vermelho quando o ultrapassa. Em geral, o modelo � semelhante ao usado hoje no Reino Unido.
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Outra proposta � a ado��o de s�mbolos de advert�ncia, como c�rculos e tri�ngulos pretos, para os casos em que h� alto teor ou excesso de a��car, sal e gorduras. Um padr�o semelhante � adotado no Chile, cujas imagens foram utilizadas pelo Datafolha e ACT para questionar a opini�o da popula��o sobre a inclus�o dos alertas no r�tulo. A proposta � bem vista por entidades como a Organiza��o Pan-Americana de Sa�de e Idec.
"� um modelo que n�o tem que interpretar. O preto � como se fosse um carimbo no alimento. Voc� visualiza e sabe que n�o faz t�o bem para a sa�de. J� o modelo de sem�foro ainda precisa de interpreta��o", diz La�s Amaral, do Idec.
Para ela, a proposta de sem�foro pode levar o confundir alguns alertas ou ter dificuldade em escolher os alimentos.
"Se um alimento tiver um selo verde e outro vermelho, e outro alimento tiver dois amarelos, qual escolheria? H� uma capacidade de julgamento que n�o sabemos como visualizar", afirma. "Um refrigerante, por exemplo, levaria o vermelho em a��cares e verde em gordura. Mas a presen�a do verde pode minimizar o vermelho. A popula��o pode acabar compreendendo de forma errada."
J� a ind�stria afirma que o modelo de sem�foro traria n�mero maior de informa��es ao consumidor. "� um modelo que educa e d� informa��o ao consumidor. As cores falam por si", diz Alexandre Jobim, da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Refrigerantes. Para ele, o modelo de advert�ncia traz as mesmas informa��es, mas "quer ser muito mais uma contrapropaganda agressiva do que de fato uma educa��o e informa��o".
Segundo a gerente geral de alimentos da Anvisa, Thalita Lima, apesar de j� haver propostas na mesa, a ag�ncia ainda analisa a possibilidade de novos modelos, com base em exemplos de outros pa�ses.
"Estamos partindo de um sem�foro, que � um modelo de cores, e de um modelo de advert�ncia. Mas h� tamb�m alguns pa�ses que sinalizam positivamente os ingredientes que s�o bons, se tem muita fibra e prote�na. Estamos avaliando se isso pode ser uma abordagem."
Ainda n�o h� prazo para a decis�o. No �ltimo m�s, a ag�ncia lan�ou edital para pesquisas que possam avaliar a compreens�o da popula��o aos modelos. A ideia � que os testes sejam realizados no pr�ximo ano.
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