Como se comportam doadores do Brasil e do mundo
O tema das doa��es vem ganhando destaque no Brasil no �ltimo ano.
A corajosa decis�o de Elie Horn, dono da Cyrela, de se juntar ao movimento Giving Pledge e se comprometer a doar 60% (isso mesmo, 60%!) de sua fortuna em vida � realmente uma not�cia positiva e um maravilhoso exemplo para indiv�duos detentores de grandes fortunas no pa�s.
Entramos para o radar do mundo nesta quest�o como mostra o destaque dado ao Brasil no webinar "Analisando as tend�ncias globais de doa��o", realizado antes do Carnaval pela WINGS (Worldwide Initiative for Grantmaking Support), uma associa��o global de organiza��es que apoiam a filantropia no mundo.
Susan Pinkney, coordenadora de Pesquisas da CAF (Charities Aid Foundation), da Gr�-Bretanha, destacou que, no mundo todo, h� um crescimento do volume de doa��es para organiza��es sociais e das iniciativas individuais de ajuda a estranhos, enquanto o n�mero de pessoas que realizam trabalho volunt�rio vem caindo.
O aspecto cultural que mais chama a aten��o � a forte presen�a dos pa�ses de l�ngua inglesa entre os mais generosos do mundo.
No ranking do World Giving Index (�ndice Global de Solidariedade) aparecem cinco pa�ses de l�ngua inglesa entre os seis primeiros colocados.
Susan tamb�m mostrou que, nem sempre, uma economia rica implica generosidade.
Apenas cinco pa�ses do G20 (grupo que re�ne as na��es mais pr�speras do mundo) constam entre os 20 mais generosos, sendo Mianmar (a antiga Birm�nia), pa�s com PIB per capita de US$ 824 (14% do PIB per capita brasileiro) o primeiro colocado!
Este pa�s chegou ao topo por influ�ncia da religi�o budista, adotada pela grande maioria da popula��o, que prega a doa��o como uma das obriga��es dos fi�is. Mais de 90% dos moradores realiza doa��es.
Maria Chertok, diretora da CAF R�ssia, relatou que, em seu pa�s n�o existe a tradi��o de doa��o para organiza��es sociais.
Apesar do povo russo ser considerado generoso, o percentual de pessoas que contribuem para organiza��es sociais � muito baixo, cerca de 9%, contra uma m�dia mundial de 31,5%.
Ela explica que o grande obst�culo � a falta de confian�a nas institui��es e, por isso, os russos preferem doar diretamente para os necessitados, em vez faz�-lo para organiza��es sociais.
Mesmo assim, o volume de doa��o vem crescendo, ainda que lentamente, e Maria acredita que, na medida em que a popula��o tenha mais acesso a informa��es sobre os resultados dos projetos e trabalhos das ONGs, esse quadro pode mudar.
Mas e o Brasil? Infelizmente, as informa��es sobre nosso pa�s n�o s�o positivas.
O Brasil vem caindo sistematicamente no ranking de pa�ses mais solid�rios e isso, talvez, possa ser atribu�do � crise pol�tica iniciada h� cerca de tr�s anos, fazendo com que os brasileiros temam pelo futuro e passem a pensar mais em si pr�prios.
O �nico ponto em que o Brasil vem registrando crescimento � na ajuda a estranhos, o que demonstra que, apesar de doar menos recursos financeiros, os brasileiros continuam sens�veis quando percebem algu�m em necessidade.
Neste cen�rio, o que � poss�vel fazer? Em primeiro lugar, tentar entender melhor a nossa realidade.
O IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), em parceria com organiza��es da sociedade civil, est� conduzindo uma pesquisa, em escala nacional, para mapear o comportamento do brasileiro em rela��o � doa��o.
Os resultados desse levantamento v�o servir de base para que todos os interessados possam tra�ar estrat�gias para promover a cultura de doa��o no Brasil!
PAULA FABIANI � diretora-presidente do IDIS (Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social)