Doria avalia rever crit�rios de Haddad para reprova��o de estudantes em SP
Prefeito eleito de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB) assumir� em janeiro a responsabilidade pela educa��o da maior rede municipal do pa�s, com mais de 900 mil crian�as e adolescentes matriculados, sendo 425 mil deles no ensino fundamental, e o restante em creches e pr�-escolas.
Os n�veis de qualidade tiveram avan�os na gest�o de Fernando Haddad (PT), mas ainda est�o longe do ideal. O salto nos �ndices de reprova��o � o que mais preocupa.
Doria n�o apresentou metas espec�ficas para o ensino fundamental. A equipe de Alexandre Schneider, escolhido para assumir a pasta da Educa��o, pretende reverter a situa��o e est� inclinada a rever os crit�rios de reten��o.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
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Alunos em hor�rio de intervalo das aulas no p�tio da Escola Municipal Frei Dami�o, no Graja� (zona sul) |
O Ideb (�ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica) de 2015 mostrou avan�o nos anos iniciais (1� ao 5� ano), superando a meta, mas teve queda nos anos finais (6� ao 9� ano). Nesta etapa, est� abaixo da meta desde o Ideb de 2009 –compreendendo o per�odo em que Schneider foi secret�rio municipal no governo Gilberto Kassab (PSD).
O Ideb � calculado a cada dois anos e leva em conta os �ndices de aprova��o das escolas e as notas de portugu�s e matem�tica em uma avalia��o federal. A explica��o para a queda no indicador dos anos finais foi a reprova��o, uma vez que as notas m�dias dos alunos melhoraram.
A taxa de reten��o chegou a 9,6% em 2014 e ficou em 7,5% em 2015. Em 2012, esse percentual era de 3,3%. No 7� ano, por exemplo, a taxa ficou em 13,2% em 2015.
Haddad implementou um novo programa para o ensino fundamental a partir de 2014. A principal mudan�a foi a reorganiza��o dos ciclos, o que ampliou as possibilidades de reprova��o de dois para cinco momentos do ensino. Antes, s� era poss�vel reprovar ao fim de dois ciclos (iniciais e finais). A reforma ampliou a possibilidade de reten��o ao longo do ensino para o 3�, 6�, 7�, 8� e 9� anos.
ABANDONO
Embora o discurso pelo fim da "aprova��o autom�tica" seja disseminado, estudos mostram que a reten��o tem reflexos perversos nas redes p�blicas. � o primeiro passo para o aluno abandonar. "Foi um erro ter aumentado a possibilidade de reprova��o, o grande desafio � acompanhar a aprendizagem dos alunos e evitar que eles terminem o ano sem aprender", afirma o professor Ocimar Alavarse, da USP.
Recuperar alunos com dificuldades antes do fim do ano ou do ciclo � a ess�ncia da chamada progress�o continuada, mas a maior parte das redes do pa�s nunca obteve sucesso nessa estrat�gia. Alavarse lembra que o Brasil reprova muito, mas "as profici�ncias n�o s�o altas". "A amea�a existe, reprovam, mas isso n�o tem feito os alunos se concentrarem nos estudos", completa o professor.
Dados da avalia��o federal de 2015 mostram que s� 12% dos alunos da rede municipal paulistana terminam o ensino fundamental com o aprendizado adequado. Em l�ngua portuguesa, s�o 22%.
Para Ana Lucia Sanches, chefe da coordenadoria pedag�gica da secretaria de educa��o, a altera��o dos ciclos foi importante para mexer com a "forma de fazer educa��o". Ela destaca a cria��o do "ciclo autoral" (do 7� ao 9� ano), em que os estudantes realizam projetos. "Isso ligou a tomada dos educadores e alunos de que o conhecimento � para vida."
Sanches acredita que aumentar a possibilidade de reten��o foi uma a��o de coragem do prefeito. "Reprovar n�o � o ideal, mas � o mais honesto com a realidade."
Para Neide Noffs, professora da Faculdade de Educa��o da PUC-SP, ainda h� desigualdade na rede. "H� escolas de sucesso e muitas que s�o carentes", diz. "O desafio da nova gest�o � entender os contextos locais das escolas."
A gest�o Haddad ampliou a participa��o da educa��o no or�amento total da prefeitura. Em 2012, a pasta representava 18,6% do or�amento inicial da cidade. Chegou a 20,39% neste ano. A execu��o do or�amento da educa��o costuma ser alto, em torno de 95%. Mas em 2016, com a crise, a pasta s� executou, at� o meio de dezembro, 78% do previsto (R$ 8,6 bilh�es). A escassez de recursos j� fez a prefeitura, por exemplo, reduzir temporariamente a quantidade de leite entregue aos alunos.
Integrantes da secretaria comentam nos bastidores que Schneider enfrentar� um contexto muito diferente da �poca em que comandou a pasta, quando a situa��o econ�mica era mais favor�vel. A seu favor, ele conta com simpatia dos educadores da rede. Schneider n�o respondeu aos pedidos de entrevista.
Entre as poucas promessas de Doria na �rea est� a amplia��o do ensino em tempo integral –modalidade que custa entre 40% a 70% mais do que a oferta tradicional. A cidade tem a modalidade em 111 das 547 escolas.
Educadores j� t�m garantido em lei reajustes de 8,78% em 2017 e de 8,41%, em 2018. A efetiva��o do aumento vai depender do prefeito.
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PROMESSAS DE DORIA
Prefeito eleito n�o tem metas nem planeja mudan�as estruturais
- Ensino integral onde for poss�vel
- Wi-fi gratuito nas escolas
- Erradica��o do analfabetismo (3,2% na Grande SP)
- Valoriza��o de professores e gestores com premia��es
- Amplia��o dos CEUs (Centros Educacionais Unificados)
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Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade