Servidores da USP dizem merecer sal�rios e criticam descontos
Boris Fausto, 83, ficou famoso como historiador, mas paga suas contas como procurador, por ter defendido a USP em processos. Gra�as a essa fun��o, com a qual ingressou na universidade em 1962, encabe�a a lista de funcion�rios mais bem pagos da USP, com sal�rio de quase R$ 46 mil. Come�ou a dar aulas na institui��o em 1980.
"N�o somos maraj�s que tiramos esses ganhos do bolso do colete ou de maneira escusa. Todos os meus ganhos s�o legais. Venci a��es judiciais de equipara��o salarial, e isso foi incorporado", diz.
Outros funcion�rios, ativos e aposentados, t�m ganhos acima do teto. Procurador, Benedicto Penteado, 85, tamb�m venceu a��es judiciais.
Alberto Souza, tamb�m procurador, obteve aumentos com reestrutura��o recente da carreira: "Nunca cometi irregularidade". Parte dos ganhos � reduzida segundo a regra vigente do teto. � o mesmo caso de Ruy Esp�rito Santo: "N�o me lembro de ter recebido mais de R$ 23 mil".
A funcion�ria do protocolo do Instituto de Bioci�ncias Maria Helena Leme, que ganha R$ 30.380, n�o quis se pronunciar. "Estou cuidando da minha vida. Por que voc� n�o faz o mesmo?", disse.
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
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Pr�dio da reitoria da USP, na Cidade Universit�ria (zona oeste de S�o Paulo) |
Com cerca de 40 anos na USP, pelo menos duas passagens por cargos de chefia e no topo da carreira, professores titulares dizem que seus sal�rios s�o fruto do trabalho e foram previstos em lei. Com remunera��es brutas de cerca de R$ 30 mil, sofrem descontos de at� R$ 3.000 por causa da regra atual do teto.
H�lio Cruz, ex-vice-reitor, contesta a l�gica segundo a qual o sal�rio do governador � o teto (R$ 20.662). Para ele, a base devia ser o sal�rio de ministro do STF (R$ 29 mil), como nas escolas federais. Luiz Oliveira, ex-pr�-reitor, cita que o governador tem benef�cios como casa e motorista. "Ele pode reduzir o pr�prio sal�rio � metade. Se fizer isso, a evas�o acabar� com a USP."
A ex-reitora Suely Vilela diz receber "de acordo com a lei". Jorge Mancini Filho considera o corte "desestimulante". "Felizmente formamos alunos de �tima qualidade que, com cinco anos no mercado, ganham o mesmo que n�s. J� tive oferta, mas n�o teria tido a mesma liberdade."
Emiko Egry concorda. Em sua opini�o, descontos s�o "um desaforo". Aumentam quando h� reajuste, em raz�o do teto. "Se, a cada ano, meu trabalho for menos valorizado, ent�o est� na hora de sair da universidade", afirma.
Jo�o Palermo Neto diz que "n�o tem nada de errado ou caindo do c�u. Assinei o contrato na condi��o proposta". Valdir Jos� Barbanti diz: "Publiquei 18 livros, tive milhares de alunos, formei 25 mestres e oito doutores. Como medir esse valor? Os crit�rios s�o da universidade".
Carlos Pereira acredita que os cortes desmerecem seu trabalho, mas se diz grato. "A casa me proporcionou o melhor ambiente." Julio Marcos Filho diz que ilegal "� tirarem o que n�o ganhei de gra�a".
Victor Correa afirma que "grandes problemas ningu�m resolve, mas meia d�zia com sal�rios acima do teto preocupa tanto". � "injusto", conclui Ayrton Moreira.
Entre professores inativos, Arrigo Angelini tem o maior sal�rio (R$ 60 mil). Intercalou fun��es de diretor e vice do Instituto de Psicologia.
Outros nove aposentados recebem R$ 40 mil ou mais. Berta Morretes lecionou ap�s a aposentadoria. Affonso Meira atuou de gra�a. Jos� Moacyr Coutinho ganhou a��o, assim como Maria Sylvia Carvalho Franco. Erwin Rosenthal dobrou a jornada.
A Folha n�o obteve resposta ou n�o localizou Guilherme Pinto Filho, Vera D'Avila, �ngela Miranda, Eduardo Vasconcellos, Paulo Santos, Isabel Mendes, Hilton Couto, Antonio Morales, Manuel Dias, Maria Thereza Petrone e Sergio de Iudicibus.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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