Reitor da UFSC encontrado morto deixou um bilhete no bolso da cal�a
Um bilhete encontrado junto ao corpo do reitor afastado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, trazia a seguinte mensagem: "Minha morte foi decretada no dia do meu afastamento da universidade".
O teor da mensagem foi confirmado pela Secretaria de Seguran�a de Santa Catarina e pelos advogados do reitor. O bilhete estava no bolso da cal�a de Cancellier.
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Lu�s Carlos Cancellier de Olivo, reitor afastado da UFSC, se jogou em v�o de shopping |
Cancellier, 60, se atirou de um shopping em Florian�polis, na manh� desta segunda (2). No m�s passado, ele foi preso em uma opera��o da Pol�cia Federal, suspeito de participa��o no desvio de recursos que deveriam ser investidos em programas de EAD (Educa��o a Dist�ncia). Segundo a PF, ele tentou obstruir as investiga��es –o reitor negava.
Ele foi liberado no dia seguinte, mas continuava afastado da UFSC por decis�o judicial.
Eleito reitor no ano passado, ele foi proibido pela Justi�a de entrar na universidade.
"A universidade era a vida dele. Ele vivia aquilo 24 horas por dia; morava do lado da USFC. Imagine: se atravessasse a rua, poderia ser preso", disse o advogado H�lio Brasil, que o defendia.
Segundo ele, o reitor ficou "muito transtornado" com a pris�o e havia informado que estava sendo acompanhado por um m�dico psiquiatra.
Na semana passada, a defesa de Cancellier obteve uma autoriza��o para que ele circulasse nas depend�ncias da universidade -mas apenas por tr�s horas, durante o processo seletivo de alunos de mestrado e doutorado em direito. Ele era professor do curso havia 12 anos.
A Pol�cia Civil instaurou inqu�rito para investigar a morte. Al�m do laudo cadav�rico, a investiga��o deve se apoiar em imagens das c�meras de seguran�a do Beiramar Shopping, onde o professor cometeu suic�dio, em testemunhas oculares e em depoimentos de familiares, que ainda n�o foram ouvidos.
A UFSC, em nota, lamentou a morte do reitor e informou que suspendeu todas as atividades acad�micas e administrativas por tr�s dias, "em fun��o do tr�gico acontecimento".
O corpo do reitor ser� velado na reitoria da universidade, ainda na tarde desta segunda (2). O enterro ocorrer� na ter�a (3), a partir das 16h, no cemit�rio Jardim da Paz, em Florian�polis.
'EX�LIO'
Cancellier era doutor em direito pela UFSC e professor da universidade desde 2005. Antes de se formar, atuou como jornalista e participou de campanhas pela anistia e pelas Diretas-J�, como assessor de deputados catarinenses. Participou do movimento estudantil na UFSC e se graduou em 1998, quando retomou os estudos.
"Nem na �poca da ditadura militar ele tinha sido preso. Imagine algu�m que sempre foi contra o arb�trio do Estado, acontecer um neg�cio desses", disse o advogado H�lio Brasil.
Na �poca da deflagra��o da Opera��o Ouvidos Moucos, que levou � pris�o de Cancellier, a UFSC informou ter sido "tomada de absoluta surpresa" pela deten��o do reitor.
Em entrevista recente ao "Di�rio Catarinense", ele disse que a pris�o foi uma "humilha��o completa" e que se sentia "exilado" da pr�pria universidade.
"Este afastamento � um ex�lio. Eu moro a tr�s metros da universidade. Saio de casa e estou dentro da universidade. E n�o posso entrar na casa em que vivo e convivo desde 1977. As manifesta��es me d�o conforto. O corpo est� muito sofrido, mas a solidariedade conforta a alma", afirmou ao jornalista Moacir Pereira.
O professor era suspeito de ter obstru�do as investiga��es na UFSC. Segundo a PF, ele pressionou funcion�rios para ter acesso �s investiga��es e "interferiu diretamente na atividade do corregedor".
De acordo com sua defesa, Cancellier solicitou � corregedoria da UFSC, que investigava os desvios, informa��es sobre o caso, j� que as verbas para o programa haviam sido suspensas. "Foi tudo feito oficialmente; isso n�o representava qualquer entrave para a investiga��o", afirma Brasil.
Em nota, os advogados do reitor lamentaram a morte e disseram que "a injusti�a sobre os ombros de uma pessoa inocente � um fardo por demais pesado e muito dif�cil de ser suportado".
"Que sua dolorosa partida sirva de reflex�o para todos, especialmente �queles �vidos por holofotes que, entorpecidos por ego e vaidade, extrapolam suas fun��es institucionais, e aos demais que divulgam e replicam not�cias de maneira a�odada e equivocada, destruindo carreiras, reputa��es e vidas", afirmaram os advogados do escrit�rio Galli, Brasil, Prazeres.
A Andifes (Associa��o Nacional dos Dirigentes das Institui��es Federais de Ensino Superior) declarou ser "inaceit�vel que pessoas de bem [...] tenham a sua honra destro�ada em raz�o da atua��o desmedida do aparato estatal". "� inadmiss�vel que o pa�s continue tolerando pr�ticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidad�os s�o postos de lado em nome de um moralismo espetacular", informou a institui��o, em nota.
Procurada, a dire��o da PF em Santa Catarina n�o havia comentado o epis�dio at� o final da tarde desta segunda (2). A investiga��o sobre os desvios continua em andamento.
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