Com lucro recorde, Sabesp v� fim de crise e aumento de vazamentos
Luis Moura - 28.jan.2017/WPP/Folhapress | ||
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Represa de Atibainha, parte do Sistema Cantareira, no interior de S�o Paulo |
A Sabesp, companhia de �gua e saneamento ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), obteve lucro recorde de R$ 2,9 bilh�es em 2016. Para a empresa, o n�mero � um marco no fim da crise h�drica e financeira que a empresa sofreu em 2014 e 2015.
A divulga��o desse balan�o, por�m, trouxe ainda dados preocupantes sobre o aumento do desperd�cio de �gua nos encanamentos da empresa e o atraso no avan�o do esgoto no Estado.
O lucro recorde supera o desempenho da companhia paulista em 2013, quando faturou R$ 1,9 bilh�o.
Segundo a Sabesp, tr�s pontos explicam o bom desempenho financeiro: 1) aumento do valor da conta de �gua em 15,2%, em 2015, e de 8,4%, em 2016; 2) aumento do volume de �gua faturado; 3) redu��o da concess�o de b�nus nas contas dos clientes que economizam �gua (pol�tica iniciada em 2014 e que vigorou at� abril de 2016).
O lucro foi comemorado pelo presidente da empresa, Jerson Kelman, uma vez que pelas regras estatut�rias, 75% do lucro dever� ser revertido j� neste ano em investimentos em saneamento nas cidades em que a empresa atua.
"Ao contr�rio do que pensam aqueles que sup�e erroneamente que empresas estatais n�o deveriam ter lucro, o �timo resultado de 2016, de R$ 2,9 bilh�es, � uma boa not�cia para todos, e n�o apenas para os acionistas", escreveu Kelman em carta ao mercado.
A companhia � uma empresa de capital misto, controlada pelo governo do Estado.
MAIS �GUA
O ano de 2016 marcou para a Sabesp tamb�m a retomada do aumento do volume de �gua produzido, o que n�o ocorria nos �ltimos cinco anos, devido � forte estiagem que secou os reservat�rios e obrigou a empresa a distribuir menos �gua no Estado.
Frente ao ano anterior, o aumento de produ��o de �gua foi de 9%, chegando a 2,6 trilh�es de litros. Mas o volume ainda n�o alcan�ou o patamar pr�-crise, quando produziu
3 trilh�es de litros, em 2013.
A VOLTA DO CANTAREIRA - N�vel do sistema, em % da capacidade total (1,3 trilh�o de litros)*
O lado negativo de mais �gua nos canos da Sabesp � que os vazamentos saltaram de 29%, em 2015, para 32%, em 2016. Esse � o pior �ndice da empresa desde 2012.
Isso ocorre pois, principalmente em 2014 e 2015, a Sabesp adotou uma dura pol�tica de redu��o da for�a com que a �gua � bombeada pelos canos da Grande SP. A manobra fazia com que menos �gua vazasse pelas falhas dos canos da empresa.
Mas esse racionamento teve como efeito colateral deixar milh�es de paulistanos diariamente sem �gua em suas casas.
Em 2016, com o gradual aumento da for�a de bombeamento da �gua nos canos, os vazamentos aumentaram. Soma-se a isso, o desgaste que as tubula��es sofreram durante as dr�sticas opera��es de manobra de press�o.
MENOS SANEAMENTO
O balan�o anual da empresa revelou que a Sabesp n�o cumpriu as metas que ela pr�pria havia estipulado.
No quesito coleta de esgoto, a companhia atingiu o �ndice de 79% no Estado em 2016. Mas a meta era a de chegar a 86%. Agora a companhia acredita que essa meta s� ser� alcan�ada em 2020. Na compara��o com 2015, houve o aumento de apenas um ponto percentual do �ndice.
A cobertura de tratamento de esgoto tamb�m avan�ou pouco, s� um ponto percentual e passou de 86%, em 2015, para 87%, em 2016 (a meta era chegar a 88%). Com esses �ndices, significa que a empresa trata apenas 69% de todo o esgoto que � gerado nas cidades em que atua.
A Sabesp tamb�m n�o atingiu a meta de conectar mais im�veis � rede de esgoto.
Tradicionalmente, o setor que mais recebe investimentos � o de esgoto, que exige obras mais caras e onde est� o maior gargalo no saneamento. Mas a crise h�drica for�ou o investimento emergencial da Sabesp na obten��o, tratamento e distribui��o de �gua nas cidades paulistas, revertendo esse equil�brio.
Ainda que tenha anunciado o t�rmino da crise, a Sabesp manter� at� 2018 mais investimentos na �rea de �gua do que na de esgoto.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
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