Haddad encerra mandato com s� metade das promessas cumpridas
O prefeito Fernando Haddad (PT) come�ou seu mandato em 2013 com a promessa de uma revolu��o urban�stica e social em quatro anos. Com apoio federal, falava em abrir 150 km de corredores de �nibus, 20 CEUs (centros de educa��o unificada), 43 unidades b�sicas de sa�de e 55 mil moradias, dentro de 123 metas estabelecidas. A gest�o, por�m, acabar� em 31 de dezembro com cen�rio bem distante disso.
Segundo o programa de metas do prefeito, apenas metade das propostas (54,5%) foram totalmente conclu�das com base nos crit�rios da pr�pria administra��o petista.
As maiores empreitadas, que dependiam de recursos federais, ficaram pelo caminho, e a eventual conclus�o delas est� nas m�os de Jo�o Doria (PSDB), que ganhou a elei��o no primeiro turno –Haddad terminou a disputa com 16,7% dos votos.
O cen�rio deixado � de corredores de �nibus, escolas e unidades b�sicas de sa�de apenas no papel, al�m de esqueletos de pr�dios populares ainda n�o entregues. Paralelamente, sem o dinheiro que prometia buscar em Bras�lia, Haddad apostou em medidas baratas, como a cria��o de faixas exclusivas de �nibus (consideradas paliativas) e de ciclovias.
Como bandeiras, criou a controladoria municipal e conseguiu renegociar a d�vida bilion�ria do munic�pio com a Uni�o, o que trar� certo al�vio de caixa � pr�xima gest�o. Em alguns casos, mesmo n�o atingindo a meta, conseguiu avan�os. Um exemplo s�o as 100 mil vagas em creches –a promessa eram 150 mil. A fila ainda � de 133 mil crian�as de 0 a 3 anos, e Doria promete zer�-la em um ano.
Parte importante das metas n�o cumpridas por Haddad est� relacionada aos temas considerados mais preocupantes para os paulistanos, segundo pesquisa Datafolha de outubro. S�o eles sa�de, educa��o e transportes. Um conjunto de fatores explica parte do resultado aqu�m da proje��o.
Entrevista com Haddad |
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Fizemos de S�o Paulo um o�sis na calamidade financeira do pa�s, diz Fernando Haddad |
O primeiro deles remete a 2013. Naquele ano, os protestos de junho provocaram o primeiro rev�s pol�tico de Haddad, que se viu pressionado a voltar atr�s no pre�o da tarifa de �nibus que ele havia acabado de reajustar.
Essa medida fez a prefeitura desembolsar mais dinheiro do caixa da cidade para pagar as empresas de �nibus, algo que ocorrer� tamb�m com Doria ap�s a promessa do tucano de congelar a tarifa em R$ 3,80 em 2017.
A segunda perda de receita de Haddad ocorreu quando a Justi�a barrou por um ano o reajuste do IPTU.
Mas o grosso do dinheiro que bancaria as obras viria da promessa de sua principal aliada � �poca, a ent�o presidente Dilma Rousseff (PT). Haddad propagandeou a parceria em sua campanha de 2012, mas, na pr�tica, dos R$ 9 bilh�es prometidos, nem R$ 2 bilh�es chegaram � cidade, em um pacote de obras de transporte, habita��o, saneamento e conten��o de enchentes, entre outras.
Criador do Plano de Metas, que virou lei em 2009, o coordenador-geral da Rede Nossa S�o Paulo, Oded Grajew, diz que o programa � claro: todas as metas devem ser cumpridas, j� que s�o impostas com base em audi�ncias p�blicas, e os prefeitos t�m liberdade para avaliar se conseguem ou n�o cumprir. "A meta s� � atingida se a obra for entregue", diz Grajew.
Metas de Haddad - Como o prefeito se saiu nas �reas municipais de maior preocupa��o dos paulistanos
MOBILIDADE E FINAN�AS S�O MARCAS DE GEST�O
Com pouco dinheiro em caixa e desgastada por falhas em servi�os de zeladoria e pela "favelinha" na cracol�ndia, a gest�o de Fernando Haddad (PT) apostou em solu��es baratas para deixar marcas que v�o de ajuste das contas e mobilidade urbana ao combate � corrup��o.
Algumas das medidas foram alvo de cr�ticas no in�cio, antes de serem quase um consenso at� entre os opositores. Um dos principais exemplos s�o as faixas de �nibus, � direita das vias, sa�da paliativa para substituir os corredores –mais caros e que exigem interven��es em ruas e avenidas da cidade.
Como a verba federal para os prometidos 150 km de corredores nunca saiu de Bras�lia, Haddad apostou na cria��o de mais de 420 km de faixas. A retirada de uma faixa para autom�veis foi motivo de cr�ticas, mas a m�dia da velocidade dos �nibus teve leve melhora –no pico da tarde, variou de 15 km/h, em 2012, para 17 km/h, em 2015, e, no pico da manh�, permaneceu est�vel em 16 km/h.
Os coletivos continuam lotados e longe da m�dia ideal de 25 km/h, mas a popula��o passa menos tempo dentro deles, e as faixas s�o aprovadas por 92% da popula��o, segundo pesquisa Ibope de junho. A medida se soma a outras a��es pol�micas na �rea de mobilidade, como a intensifica��o do programa de redu��o dos limites de velocidade.
Um ano e tr�s meses depois de a medida ter entrado em vigor nas marginais Tiet� e Pinheiros, a soma de acidentes fatais nas duas vias caiu pela metade –de maio de 2014 a julho de 2015, foram 77 acidentes com mortes, contra 39 nos 15 meses seguintes.
"O mais positivo [da gest�o Haddad] foi a pol�tica de mobilidade, que engloba ciclovias, ruas abertas ao p�blico e a valoriza��o do transporte p�blico. Em resumo, surge outra rela��o da cidade com o cidad�o", afirma o cientista pol�tico da FGV Marco Antonio Teixeira.
Na �rea de ocupa��o do espa�o urbano, o fechamento da avenida Paulista para carros aos domingos tamb�m foi inicialmente criticado e depois assimilado. Em pesquisa Datafolha de julho, 46% dos entrevistados se declararam a favor da medida, diante de 39% contr�rios a ela.
Integram ainda essa linha de intensifica��o do uso do espa�o p�blico o incentivo � constru��o de parklets (minipra�as) e aos blocos respons�veis pelo Carnaval de rua.
ADMINISTRA��O
Logo no in�cio da gest�o, o prefeito criou a CGM (Controladoria Geral do Munic�pio). O �rg�o, que sob Doria perder� o status de secretaria, alvejou at� petistas suspeitos de corrup��o e descobriu a chamada m�fia do ISS. Desde ent�o, a atua��o da CGM nesse e em outros casos ajudou a devolver mais de R$ 600 milh�es aos cofres municipais.
A controladoria tamb�m trouxe ganhos em economia ao fiscalizar contratos e melhorou a transpar�ncia dos dados da gest�o. Apesar do sucesso da controladoria, o �rg�o permanece com estrutura acanhada. Dos 100 aprovados em concurso, apenas 35 foram chamados, longe do necess�rio para fiscalizar toda a prefeitura.
CONTAS
A falta de repasses federais e a queda na arrecada��o tamb�m obrigaram o petista a ir atr�s de meios para melhorar o �ndice de investimento. A renegocia��o da d�vida com a Uni�o fez o saldo devedor da cidade passar de R$ 76 bilh�es para menos de R$ 30 bilh�es. Com isso, diminuem as parcelas pagas anualmente e aumenta a capacidade de investimento.
A gest�o Doria deve se beneficiar da renegocia��o, j� que a cidade poder� voltar a buscar financiamentos para obras de grande porte. Outra medida barata de Haddad, o programa de redu��o de danos Bra�os Abertos, voltado ao atendimento dos usu�rios de drogas da cracol�ndia, n�o � consenso.
Os viciados relatam diminui��o do uso da droga, mas a situa��o da regi�o continua problem�tica. Os viciados permanecem em uma esp�cie de mercado a c�u aberto, al�m de continuarem a existir v�rias pequenas cracol�ndias espalhadas pela cidade. A gest�o Haddad costuma atribuir o problema � pol�cia, que n�o co�be o tr�fico.
"[Entre os pontos negativos da administra��o] est�o a manuten��o da cidade, que deixou muito a desejar. E o governo perdeu a m�o na pol�tica para a popula��o dos moradores de rua", afirma Teixeira, da FGV.
Quest�es relativas � zeladoria, como jardinagem, buracos e limpeza de ruas, est�o entre as maiores reclama��es � ouvidoria da cidade. No fim da gest�o, devido a problema de verba, Haddad ainda fez cortes de 13% nos contratos de limpeza.
Houve uma onda de mortes de moradores de rua durante uma onda de frio �s v�speras da elei��o. Pressionado por movimentos sociais, Haddad relaxou a fiscaliza��o sobre barracos montados nas cal�adas da cidade, que passaram a proliferar.
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