Companhias a�reas aposentam Jumbo 747, 'o avi�o que mudou o mundo'
Stefan Wermuth/Reuters | ||
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Boeing 747 vem sendo trocado por empresas a�reas devido a gastos com combust�vel e manuten��o |
S�o mais de 1.500 exemplares espalhados por aeroportos de todo o mundo. Mas onde quer esteja, com seus dois andares e uma cabine a quase dez metros do ch�o, o Jumbo 747 � inconfund�vel.
Entretanto, a aeronave da Boeing que revolucionou a avia��o comercial, barateando voos e elevando padr�es do servi�o de bordo, est� cada vez menos presente nos aeroportos brasileiros.
H� tr�s anos, o 747 voava pelo Brasil em dez viagens regulares, feitas pelas estrangeiras Air France, Aerolineas Argentinas, British Airways e Lufthansa.
Ao longo desse per�odo, por�m, as empresas passaram a substitu�-lo por modelos menores e mais modernos, como o Boeing 777. Hoje, o Jumbo tem apenas seis voos no Brasil, todos eles realizados pela Lufthansa.
O motivo para esse enxugamento � que as companhias a�reas internacionais passaram a v�-lo como pouco eficiente nas rotas mais lucrativas do mundo, e o Brasil n�o fica fora desta l�gica.
No �ltimo m�s, por exemplo, foi a vez da British Airways retirar seu 747 da rota entre S�o Paulo e Londres.
A companhia brit�nica n�o informa se a decis�o � definitiva. Mas para quem andou ou trabalhou na aeronave v� essa movimenta��o como a despedida de um gigante.
GIGANTE
"Imagine sempre pegar Fusca como t�xi. E, do dia para a noite, o t�xi vira um Ford Landau, quatro portas e convers�vel. Foi mais ou menos isso o que aconteceu quando o 747 chegou", conta Roberto Mateus Peixoto, 68, que por dez anos pilotou um Boeing 747 da Varig.
Quando passou a operar no Brasil, em 1981, o 747 era o maior avi�o de passageiros j� constru�do (posto que ocupou at� 2005, antes da cria��o do A380, da Airbus). "Tinha gente que duvidava que ele era capaz de voar", relembra a ex-comiss�ria de bordo da Varig, Angela Arend, 59.
Logo, o modelo foi cercado por uma certa m�stica e adora��o. "Todos queriam contar para os amigos que tinham voado num Jumbo", conta Angela.
"O modelo inaugurou um novo padr�o de servi�o de bordo", relembra. Com suas galleys (cozinhas) grandes, o 747 permitia que comiss�rios de bordo levassem uma variedade maior de alimentos, que poderiam ser preparados de diferentes formas.
Por isso, uma refei��o no 747 poderia ter ovos mexidos, fritos, omelete e at� churrasco, pratos dif�ceis de se fazer em cozinhas pequenas.
Os tempos eram outros na avia��o, e o passageiro da primeira classe do 747 tinha � sua disposi��o lagostas, caviar e garrafas de vodca russa dentro de blocos de gelo.
Pr�ximo � porta de entrada do avi�o, em v�rios exemplares, uma escada em espiral levava os passageiros da primeira classe ao andar superior. Ver como era o segundo piso da aeronave era a maior curiosidade dos passageiros, conta Angela.
"Era comum que, � noite, o passageiro escapasse das poltronas convencionais e fosse dormir na primeira classe", conta ela. Por essa raz�o, a Varig sempre deixava um comiss�rio de bordo com a responsabilidade de vigiar o acesso � escada.
CONCORR�NCIA
Agora, 46 anos desde o seu lan�amento, o Jumbo passou a sentir a concorr�ncia de modelos mais modernos, capazes de fazer longas rotas com menos combust�vel.
"Para come�ar, um 747 tem quatro motores. Hoje, o mesmo trecho pode ser feito por um avi�o que tem apenas dois. Logo se v� a economia de combust�vel", explica o piloto Peixoto. "Ele � um avi�o lindo, confort�vel. Mas, infelizmente, no mundo da avia��o o que manda � o dinheiro. E o 747 j� n�o � mais vi�vel".
Em janeiro deste ano, a Air France anunciou o encerramento mundial de suas opera��es com o 747. A �ltima cartada da Boeing, seu fabricante, foi atualiz�-lo em 2005.
A vers�o mais moderna do 747, com capacidade de at� 660 passageiros, ficou pronta s� em 2011. Mas, assim como o Airbus A380 (capaz de carregar at� 853 passageiros), n�o teve o sucesso esperado.
Desde ent�o, as duas companhias reduziram o ritmo de produ��o dos superavi�es.
Se a tend�ncia se confirmar, o 747, que muitas vezes � chamado de "o avi�o que mudou o mundo", pode acabar ficando restrito ao transporte de cargas, isso se n�o virar uma bela pe�a de museu.
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N�meros do Jumbo
747 � o maior do mundo
1.500 exemplares j� produzidos
50% da popula��o do planeta � o equivalente ao n�mero de passageiros que j� viajaram no 747
1 tonelada � a quantidade de ar utilizada para pressurizar um 747
660 passageiros � a capacidade de transporte de uma das varia��es do modelo; o A380, feito em 2005 pode chegar a 853
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