Ap�s crise h�drica, S�o Paulo n�o fez toda a li��o de casa
Luis Moura/WPP/Folhapress | ||
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Represa Jaguari-Jacare�, a principal do Cantareira, em Joan�polis (SP), no in�cio de agosto deste ano |
Em meio � pior estiagem de sua hist�ria, em 2014 e 2015, S�o Paulo deixou milhares de moradores com as torneiras secas em algum momento do dia, recorreu ao volume morto (reserva emergencial do fundo das represas) do Cantareira, acelerou obras de interliga��o entre reservat�rios, imp�s sobretaxa pelo consumo excessivo e b�nus para os que economizavam �gua.
O cen�rio cr�tico melhorou neste ano, mas, apesar do an�ncio de fim da crise pela gest�o Alckmin (PSDB), a situa��o n�o chega a ser t�o confort�vel. Para se ter uma ideia, o consumo de �gua na Grande S�o Paulo no in�cio da crise era de 67,4 mil litros por segundo. No auge da crise, esse consumo chegou a ser reduzido em 26%, chegando a 49,9 mil litros por segundo. Mas atualmente, j� subiu e est� em 58,9 mil litros por segundo, uma queda de 12,6%, em rela��o ao in�cio da crise.
E o alerta voltou a ser aceso no m�s passado –julho mais seco dos �ltimos cinco anos no Cantareira.
Maior reservat�rio de abastecimento da regi�o metropolitana, esse sistema est� com 58,5% da capacidade, inclu�da a cota do volume morto. Bem mais que os 13,9% de um ano atr�s, mas ainda aqu�m da m�dia de 71% antes da crise nessa �poca do ano.
Para especialistas ouvidos pela Folha, S�o Paulo deixou de aproveitar a crise h�drica para promover algumas mudan�as estruturais na gest�o da �gua e saneamento –de forma a n�o depender tanto das varia��es clim�ticas.
Como parte da li��o de casa ainda pendente, eles citam investimento em reaproveitamento do esgoto e mudan�a duradoura do padr�o de consumo de �gua. "N�o adianta termos sofrido tanto com a crise, se n�o tirarmos li��o dela", diz Edison Carlos, presidente do Instituto TrataBrasil.
�GUA DE RE�SO
Tratar parte do esgoto urbano de maneira t�o pura ao ponto de ser poss�vel beber a �gua obtida nesse processo. Segundo especialistas, esse � o futuro do abastecimento sustent�vel no mundo. Isso j� est� presente no setor industrial –por exemplo, com o Aquapolo (empresa da Sabesp e da Odebrecht Ambiental e maior produtora de �gua de re�so do pa�s). Mas falta regula��o sanit�ria para abastecimento p�blico.
Em 2014, o governo do Estado chegou a anunciar a constru��o de duas esta��es de tratamento de esgoto voltadas para isso. Na �poca, a medida foi divulgada como um avan�o de longo prazo na seguran�a h�drica da regi�o. O projeto, por�m, foi paralisado. A Sabesp diz ter optado por solu��es mais r�pidas e baratas para superar a crise.
REDU��O DE PERDAS
Segundo a companhia de abastecimento, em S�o Paulo, a cada cinco litros de �gua tratados, um � perdido nos canos da pr�pria empresa. Para o hidr�logo Carlos Tucci, � irracional que se busque �gua de fontes cada vez mais distantes enquanto as tubula��es deixam vazar tanta �gua.
Se forem somadas as perdas por fraudes e "gatos", esse �ndice sobe para 30% de toda a �gua tratada –contra 37% na m�dia nacional. H� anos, um programa de redu��o de perdas � tocado em S�o Paulo, mas os avan�os j� n�o cumprem as metas. A Sabesp diz que esse � um processo longo e cont�nuo.
REDU��O DE CONSUMO
Quando passou por uma forte seca, em 1994, a cidade de Nova York percebeu que era preciso reduzir de maneira duradoura o consumo de �gua da popula��o. A prefeitura local financiou a troca de vasos sanit�rios por modelos mais econ�micos. O programa substituiu 1,3 milh�o de privadas na d�cada de 1990. Em 2014, uma nova etapa do projeto foi iniciada.
O governo paulista diz estudar um plano semelhante. Uma alternativa pode ser a individualiza��o de hidr�metros em condom�nios residenciais, mas a medida ainda � cara (isso � previsto em lei federal, mas s� para pr�dios novos, daqui a cinco anos).
Para Carlos Tucci, a individualiza��o de hidr�metros dever� passar pela resist�ncia das empresas de saneamento. "Obviamente, n�o interessa � empresa de saneamento reduzir o consumo, pois diminuir� a arrecada��o."
�REAS IRREGULARES
Em muitas favelas paulistas, a �gua encanada s� chega por meio de "gatos". A pr�tica exp�e a popula��o mais pobre a contamina��o e aumenta o volume de �gua perdida nos canos. Para o presidente da Sabesp, em algumas dessas �reas irregulares, � poss�vel fornecer �gua legalmente, mas, por quest�es t�cnicas, seria dif�cil coletar o esgoto.
Nessa condi��o, a Sabesp alega ter receio de ser criminalmente responsabilizada por oferecer �gua a uma popula��o sem dar o destino adequado ao esgoto local. "Ficamos diante de um dilema", afirma Jerson Kelman, presidente da empresa. "Ou continuamos aceitando essa condi��o, em que a popula��o � prejudicada e h� perdas de �gua, ou iniciamos um di�logo sist�mico [com promotoria e prefeituras]."
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