Museu do Pontal recebe primeira obra permanente da dupla Osgemeos no Rio
Por fora parece uma c�psula de sobreviv�ncia em �pocas de guerra. Quando a porta se abre, � exatamente isso: � revelada uma escultura em tamanho natural de um personagem melanc�lico pela situa��o em que se encontra, com suas anota��es e desenhos nas paredes da cela.
Essa � a obra O Bunker, da dupla Gustavo e Ot�vio Pandolfo, conhecida como Osgemeos, e reconhecida nacional e internacionalmente pelo trabalho colorido e expressivo iniciado com o grafite em S�o Paulo. Entre os trabalhos recentes dos irm�os est�o a participa��o na Bienal de Vancouver e a pintura do avi�o que transportou a Sele��o Brasileira durante a Copa do Mundo.
O Bunker � o primeiro trabalho de arte contempor�nea instalado no Museu Casa do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, especializado em arte popular e com um acervo tombado pela prefeitura do Rio de Janeiro que tem 8.500 pe�as de 200 artistas brasileiros.
Fernando Fraz�o/Ag�ncia Brasil | ||
O Bunker, da dupla de artistas pl�sticos Osgemeos, � primeira a instala��o permanente deles no Rio |
A instala��o de Osgemeos no Museu do Pontal foi aberta neste s�bado (31). A obra O Bunker tem 20 toneladas de concreto e foi feita a convite da Casa do Pontal para integrar o acervo permanente do museu. De acordo com os irm�os, o trabalho deles tem muita liga��o com a arte popular brasileira.
"Isso de trabalhar nas ruas, de pegar as tintas e ir fazer, se deparar com artistas que n�o tem nem um nome, mas faz a mesma coisa. O cara que tem a necessidade de se expressar, n�o por ser famoso ou estar numa galeria. N�s vimos no museu essa energia que tem aqui, dessa necessidade espiritual de se expressar. A gente veio aqui e se sentiu em casa, a nossa casa parece esse museu, de tanta coisa que a gente coleciona", disseram os artistas.
Sem identificar quem � Ot�vio e quem � Gustavo, os dois falam como se fossem um, "eu penso e ele fala", brincam, da mesma forma que trabalham totalmente integrados. Osgemeos explicam que O Bunker foi pensado como uma forma de resist�ncia art�stica em meio � tomada das redondezas por v�rias obras de enormes pr�dios residenciais, colados ao museu.
"A primeira vez que a gente veio n�o tinha esses pr�dios ainda, depois viemos e vimos os pr�dios, � assustador. Quando a gente se ligou no que estava acontecendo, o processo criativo, foi tudo muito r�pido. A gente nunca viu bunker no Brasil, porque a gente n�o tem guerra, apesar de muitas vezes parecer que estamos em uma. Isso aqui [o Museu do Pontal] � uma hist�ria, muita crian�a n�o sabe quem foi Mestre Vitalino. � muito importante preservar isso aqui", dizem.
Os irm�os dizem que n�o gostam de r�tulos para a arte e separa��es entre, por exemplo, grafite e arte popular. Para eles, tudo � arte e a arte tem o poder de mudar a sociedade.
"Voc�s [o museu] est�o nessa guerra tentado preservar isso aqui, e v�o conseguir. O Bunker representa isso. A arte tem o poder de mudar tudo, a gente acredita na for�a da arte para vencer a guerra. N�o � poss�vel que se construa um pr�dio a um metro do museu, rachando o museu inteiro. O Bunker � uma forma de alertar o que n�s temos aqui. � como se fosse um templo que alertasse as pessoas para a reflex�o sobre a arte popular brasileira, os artistas, a arquitetura, pr�dios hist�ricos que ficam abandonados. � importante a gente entender que isso faz parte de uma cultura e marcou uma �poca".
A curadora do museu, Angela Mascelani, destaca o papel transformador da arte e diz que O Bunker ser� a primeira instala��o permanente da dupla no Rio de Janeiro.
"A ideia de realizar essa parceria com Osgemeos foi a de trazer para o debate o papel transformador da arte e sua capacidade de mudar formas de ver e de antecipar quest�es. No caso, Osgemeos trazem para o Museu Casa do Pontal uma proposta intencionalmente cr�tica. Confront�-la com a arte popular, que nasce na transi��o do rural para o urbano, � uma forma de discutir a cidade".
Quanto � ocupa��o no entorno do museu e riscos de inunda��o no local, Angela diz que a situa��o est� sendo acompanhada com aten��o. "Nossa atua��o � preventiva. N�s trabalhamos com planejamento e por isso antecipamos quest�es de forma a conseguir resolv�-las a tempo. Buscamos uma sa�da e confiamos que ela ser� encontrada".
Aberto h� 35 anos, o Museu Casa do Pontal recebe cerca de 40 mil visitantes por ano, metade desse p�blico de estudantes e 25% de estrangeiros. O local funciona de ter�a a sexta-feira de 9h30 �s 17h, e aos s�bados, domingos e feriados entre 10h30 e 18h. O ingresso para a exposi��o permanente custa R$ 10, mas a obra O Bunker ficar� nos jardins, com visita��o gratuita.
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