'Tive a sensa��o de ter passado pela morte', diz sobrevivente de raio
O que era para ser um fim de ano de comemora��o virou pesadelo para a fam�lia da contadora Jovanete Garrido de Souza, 47, de Franca. Ela e as duas filhas s�o sobreviventes do raio que matou quatro pessoas na Praia Grande na segunda (29). As tr�s sobreviventes foram jogadas ao ch�o. As filhas tiveram as mand�bulas quebradas, e Jovanete teve cortes no rosto. Uma das jovens pode ter sequelas na face.
Silva Junior/Folhapress | ||
� esquerda, a contadora Jovanete e as filhas Milena (centro) e Marina, atingidas por raio |
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...Depoimento
Nunca imaginei algo parecido. Tive a sensa��o de ter passado pela morte. Foi por Deus que sobrevivemos.
Esta foi a segunda vez que alugamos um apartamento em Praia Grande para passar o fim de ano com toda a fam�lia. Eu, meu marido e nossos cinco filhos est�vamos na areia quando o tempo come�ou a fechar. Foi repentino.
Ach�vamos, no come�o, que era uma simples chuva de ver�o e que continuar�amos aproveitando a praia, debaixo da nossa tenda.
Mas a� come�ou a ventar muito forte e percebemos que era preciso sair da praia.
N�s desmontamos a nossa tenda, colocamos no carrinho e j� est�vamos saindo quando minha filha mais velha, a Marina, de 18 anos, sugeriu que a gente voltasse � beira do mar.
Ela disse: "Vamos pelo menos lavar as m�os e os p�s no mar para n�o entrarmos sujas no pr�dio".
Voltamos ent�o, eu e meus filhos Marina, Saulo, de 15 anos, e Milena, de 14 anos.
O Saulo, no entanto, saiu correndo na nossa frente.
Fomos atingidas pela descarga el�trica, as tr�s, quando pass�vamos ao lado do pessoal que morreu [o raio matou quatro pessoas, todas da mesma fam�lia].
Eu n�o cheguei a ouvir nada, mas meu marido disse que viu o clar�o e as pessoas que morreram caindo na areia como se fosse um strike, do jogo de boliche.
Fiquei desacordada na hora, n�o vi o que aconteceu.
Meu marido precisou fazer massagem card�aca em mim. Acordei deitada em um quiosque. Eu n�o tinha no��o do que tinha acontecido.
As pessoas que estavam l� me diziam: "Voc� foi atingida por um raio, fique calma que vai dar tudo certo".
Sentia as pernas tr�mulas e parecia que eu n�o tinha mais a face. Era estranho. Estava tudo dormente.
Sabia que estava machucada porque via o sangue pingar do meu rosto.
Eu tive muitos ferimentos, cortes e queimaduras, na boca e tamb�m no nariz.
A descarga foi mais forte nos dentes porque eu tenho pr�teses na arcada.
A Milena n�o desmaiou. Ela foi arremessada para longe na areia, mas levantou cambaleante. J� a Marina ficou desacordada.
O impacto fez as duas cerrarem os dentes com muita for�a e as duas tiveram fraturas na mand�bula.
N�s ficamos em observa��o no hospital em Praia Grande e fomos liberadas na manh� da ter�a-feira (30), quando voltamos a Franca.
A Marina precisou passar por uma cirurgia na quarta (31), j� em Franca, por causa das fraturas na mand�bula.
O m�dico disse que ela corre o risco de ficar com sequelas no m�sculo da face, por causa da fratura.
As meninas n�o est�o conseguindo falar direito por causa dos pontos e ferimentos nas bocas.
Sobrevivemos porque era a vontade de Deus. Quando voc� imagina que pode ser atingida por um raio? Nunca!
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