Chuva volta, mas calor recorde deve continuar at� mar�o em SP
N�o se deixe enganar pelas chuvas que voltaram a cair sobre S�o Paulo nas �ltimas quinta e sexta-feira. Elas podem ter ajudado a refrescar a atmosfera, mas n�o bastaram para afugentar de vez as altas temperaturas –o que n�o dever� acontecer t�o cedo, ao que tudo indica.
A Folha ouviu especialistas e consultou institutos para responder a d�vida que assombra praticamente todos os paulistanos desde o in�cio do ano: at� quando o calor vai durar?
Vale lembrar que janeiro foi oficialmente o m�s mais quente na cidade desde que tiveram in�cio as aferi��es realizadas pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), h� 71 anos, com 31,9� C de temperatura m�dia.
FEVEREIRO E MAR�O
A situa��o n�o melhorou de maneira significativa no m�s seguinte. Com os 36,4� C registrados na esta��o do Inmet-Mirante de Santana no �ltimo dia 7, se atingiu um novo recorde de temperatura m�xima para o m�s de fevereiro no per�odo 1943-2014.
Apu Gomes/Folhapress |
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Artista de rua Andy Gonzaga, 24, que trabalha na rua 25 de Mar�o, no centro de S�o Paulo |
De acordo com as previs�es meteorol�gicas para os pr�ximos tr�s meses, os term�metros devem ficar acima das m�dias hist�ricas at� o fim do ver�o, em mar�o.
No entanto, � prov�vel que o transtorno causado pelo calor recorde deste ano diminua nos pr�ximos dias. Isso porque deve chover com mais frequ�ncia, ao contr�rio do que vinha ocorrendo
at� a semana passada.
CAUSA E EFEITO
Parte do calor fora da curva que os paulistanos v�m enfrentando est� ligada � aus�ncia de nuvens no c�u.
"As nuvens refletem o calor do Sol para o alto. Por isso, sem elas, o aquecimento solar [para quem est� na Terra] � maior", diz o professor Augusto Pereira Filho, do IAG (Instituto de Astronomia, Geof�sica e Ci�ncias Atmosf�ricas) da USP.
Historicamente, a m�dia de horas de brilho solar em janeiro � de 151,1 horas. Neste ano, contudo, os dados medidos pela Esta��o Meteorol�gica do IAG-USP, na zona sul de S�o Paulo, registraram impressionantes 244,7 horas em janeiro.
A aus�ncia de nuvens se deve � pouca umidade do ar. Mais pesado e est�vel, o ar seco funciona como um bloqueador de chuva.
Em 2014, esse ciclo durou bem acima do esperado. De quebra, deixou as noites e madrugadas mais quentes do que o habitual.
ESTUFA URBANA
Nenhum especialista s�rio se atreveria a relacionar a atual onda de calor extremo �s chamadas "mudan�as clim�ticas globais".
Entretanto, os dados compilados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) atestam a exist�ncia de um novo fen�meno –em curso n�o somente em S�o Paulo, mas no mundo todo.
"Tanto nas �reas urbanas quanto nas �reas rurais as temperaturas est�o numa tend�ncia natural de alta", diz Jos� Marengo, cientista ligado ao instituto federal.
Segundo Marengo, os registros atestam que as ondas de calor nas cidades do Sudeste do Brasil est�o aumentando. Isso tem como consequ�ncia outro desdobramento preocupante.
"A a��o humana nas cidades pode aumentar o efeito do calor e das chuvas de ver�o, quando elas conseguem se formar", afirma.
A conclus�o � uma s�: uma cidade mais arborizada e com menos concreto, independentemente das mudan�as clim�ticas, significaria um refresco para os dias de calor muito intenso –que continuar�o por a� at� mar�o, mesmo com o eventual aumento de dias chuvosos entre eles.
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