Jornalista, escritor e diretor de cinema cubano. � autor de 19 livros, incluindo "O Homem que Amava os Cachorros" . Mora em Havana.
Apertos de m�o
Como tem sido repetido at� dizer chega, a C�pula das Am�ricas, no Panam�, foi um encontro hist�rico.
Parte essencial de sua transcend�ncia se deve � primeira participa��o de Cuba nesse f�rum continental e aos encontros de alto n�vel mantidos por representantes dos governos de Cuba e dos Estados Unidos, inclu�dos os respectivos presidentes, a caminho de restabelecer as rela��es diplom�ticas (ao que parece, algo pr�ximo) e de um processo de normaliza��o das rela��es entre os dois Estados (algo muito mais complexo e distante).
O cl�max dram�tico desta aproxima��o foi, claro, o encontro entre Barack Obama e Ra�l Castro, poucos minutos depois de o presidente cubano se apresentar na plen�ria com um discurso em que o general estava visivelmente emocionado.
Ap�s uma necess�ria recapitula��o hist�rica das traum�ticas rela��es entre o pa�s do norte e a ilha do Caribe, ele abriu uma brecha de esperan�a com o reconhecimento da honestidade e do empenho do atual presidente americano na reaproxima��o e com a possibilidade de construir novas pontes, que incluam as diferen�as pol�ticas, sociais e econ�micas hoje existentes.
Durante o encontro bilateral, enquanto Ra�l e Obama apresentavam publicamente as conclus�es que podiam apresentar, uma a��o f�sica e simb�lica que deve ter comovido milh�es de pessoas pelo mundo (alguns emocionados, outros desgostosos, pois esses h�o de existir) ocorreu repetidamente: os apertos de m�o que, vez ou outra, trocavam os presidentes dos dois pa�ses que se trataram como inimigos ao longo de mais de meio s�culo.
O s�mbolo de que a distens�o e o di�logo s�o sempre poss�veis e n�o apenas poss�veis: que s�o necess�rios e d�o bons resultados, ainda mais em um mundo onde todos brigam, se agridem, se condenam. O s�mbolo de que o respeito ao outro e a aceita��o de suas ideias s�o o princ�pio de qualquer rela��o.
Oxal� a li��o que deixaram os presidentes no Panam� se transforme em um aprendizado para todos e cada um dos cubanos que hoje vivem na ilha e em diversas partes do mundo. Se dois governos que por tantos anos se enfrentaram come�am a trilhar o caminho da concilia��o, por que n�o faz�-lo os cubanos que pensam como um, como outro ou como nenhum dos dois?
Quero ser otimista e pensar que � poss�vel haver essa aproxima��o e conviv�ncia. Mas, para que ela ocorra, muitos fundamentalismos, �dios e posi��es entrincheiradas precisam ceder.
E, ao que parece, � mais f�cil que dois presidentes se deem as m�os do que conseguir uma concilia��o nacional, civilizada, din�mica, cr�tica, que o futuro de Cuba exige como necessidade inevit�vel. Para que o s�mbolo criado por Barack Obama e Ra�l Castro ganhe ainda mais sentido.
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