K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
O vigor da democracia
Nossa democracia se mostra imune a solu��es autorit�rias e n�o mais se contenta com a impunidade
Em meio ao alarido provocado pelos esc�ndalos da Petrobras, tem passado a segundo plano o que seja talvez o mais relevante: o vigor da democracia brasileira.
A Petrobras, com certeza, tornou-se um instrumento de indiv�duos inescrupulosos, sem o menor apego ao esp�rito republicano que deveria nortear as suas respectivas a��es. E isso afeta n�o s� os envolvidos mas o mercado como um todo, que enxerga nesse fato fragilidades a serem corrigidas.
Multiplicam-se manifesta��es populares de pessoas que tomam seus funcion�rios como se todos estivessem comprometidos com essas maracutaias. Os �ntegros n�o podem pagar o pre�o dos criminosos. Deve-se, isso sim, separar o joio do trigo. O orgulho de seus funcion�rios n�o pode ser vilipendiado. O mesmo vale para as empresas que prestam servi�o � Petrobras.
Contudo, nada do que atualmente est� ocorrendo teria sido revelado n�o fosse a for�a da democracia brasileira. As investiga��es em curso est�o baseadas no trabalho da Pol�cia Federal, do Minist�rio P�blico e do Judici�rio.
Nada disso estaria tampouco ganhando a repercuss�o que merece n�o fossem uma imprensa e meios de comunica��o atentos � verdade, interessados, sobretudo, em desvelar as mais rec�nditas entranhas do que se tornou um poder paralelo.
A Rep�blica n�o comporta poderes paralelos, voltados, como � o caso, a atividades criminosas. Um pa�s n�o pode conviver com tais pr�ticas, sob pena de solapar os seus pr�prios fundamentos. Um pa�s maduro, consolidado em suas institui��es, sabe fazer face a tais quest�es.
Se a democracia fosse fraca em nosso pa�s, um esc�ndalo dessas propor��es j� estaria provocando uma crise institucional. Crise, ali�s, que se veria refor�ada pelo per�odo eleitoral que acaba de concluir. Institui��es d�beis n�o poderiam conter uma avalanche desse tipo.
Faz parte do processo tamb�m que os oposicionistas procurem extrair dividendos pol�ticos de toda essa movimenta��o, assim como os governistas se dissociarem de pr�ticas por todos condenadas. Os que tiverem comprometidos com esses crimes, da situa��o ou da oposi��o, dever�o pagar por isso.
Acima de todos n�s est�o as institui��es republicanas. Note-se que essas mesmas institui��es continuam com suas investiga��es e processos, n�o se curvando a inevit�veis press�es pol�ticas e econ�micas. E mesmo essas press�es est�o se tornando p�blicas, fartamente denunciadas pela imprensa e pelos meios de comunica��o em geral. Prestam essas mesmas institui��es e as empresas jornal�sticas uma imensa contribui��o � nossa nacionalidade.
Pessoas discutem nas ruas os acontecimentos, pesquisas demonstram, como o mostrou recentemente o Datafolha, uma enorme informa��o de nossos cidad�os e, sobretudo, um imenso apre�o pela democracia. N�o � pouco, principalmente considerando a enormidade dos malfeitos.
Poderia ter acontecido uma rea��o contr�ria, pr�pria de pa�ses que t�m um sistema democr�tico fracamente consolidado. Os cidad�os poderiam reivindicar um governo autorit�rio, com o intuito de derrubar o resultado das elei��es, culpando a democracia pela escalada que a corrup��o ganhou em nosso pa�s. Seria, ali�s, um comportamento pr�prio de cidad�os descomprometidos com as institui��es republicanas.
Ora, n�o � isso o que est� ocorrendo. Exigem-se a puni��o dos culpados, o fortalecimento das investiga��es e julgamentos que co�bam tais pr�ticas. � a pr�pria democracia que se tornou respons�vel por essas investiga��es, pela pris�o dos envolvidos e pela enorme repercuss�o de tais malfeitos.
H� algo definitivamente novo acontecendo em nosso pa�s. E es- sa novidade consiste no vigor de nossa democracia, que se mostra imune a solu��es autorit�rias e n�o mais se contenta com a impunidade.
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