K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
P�blico e privado, um abismo
Tomo como fundamento o conceito econ�mico de que qualidade de gest�o significa maior produtividade, para compreender as raz�es pelas quais o pa�s n�o atinge n�veis de desenvolvimento satisfat�rio, capazes de produzir bem-estar permanente � sua popula��o, mesmo contando com riquezas potencialmente expressivas.
H�, certamente, uma rela��o de causa e efeito entre a produtividade brasileira -em todos os setores- e os mecanismos utilizados pelos agentes que a
proporcionam. Os n�meros apontam para um abismo consider�vel entre a gest�o p�blica e a privada.
De um lado, as empresas privadas se modernizaram, investiram em informatiza��o, aperfei�oaram tecnologias de informa��o e passaram a ser guiadas por estrat�gias de recursos humanos que perseguem a meritocracia. Usam um modelo de gest�o com foco na excel�ncia.
Na outra ponta, v�-se grande parte dos �rg�os p�blicos arrastando-se no labirinto da inefici�ncia e transformando a vida do cidad�o num caos sem solu��o. Imperam na gest�o p�blica da maioria dos entes federados a falta de planejamento e uma desoladora aus�ncia de investimentos na infraestrutura e no capital humano das institui��es que prestam os servi�os �s pessoas.
H� exemplos not�rios no pa�s de que a popula��o op�e resist�ncia a tais descasos. N�o posso deixar de mencionar o que ocorre no Tocantins, Estado onde moro e que acaba de me reeleger senadora. L�, a inefici�ncia da gest�o praticamente imobilizou o setor de sa�de p�blica e levou o ensino na rede estadual a n�veis preocupantemente baixos.
Inadimpl�ncia com fornecedores de medicamentos, equipamentos cir�rgicos e de alimenta��o dos hospitais p�blicos, com as empresas de coleta de lixo hospitalar.
Tem faltado pagamento at� mesmo a m�dicos e enfermeiros que n�o recebem por seus plant�es h� mais de tr�s meses. O resultado � uma fila de espera por cirurgias de mais de 2.000 pessoas, pacientes nos corredores e aumento dos �ndices de mortalidade hospitalar. Tudo isso apesar de o Minist�rio da Sa�de ter feito v�rias auditorias e recomendado provid�ncias -que aparentemente n�o s�o tomadas.
Os servi�os prestados t�m piorado a cada dia, embora as transfer�ncias federais e a arrecada��o de tributos venham se mantendo dentro da previs�o or�ament�ria.
A administra��o da sa�de no Tocantins � exemplo inequ�voco de m� gest�o no servi�o p�blico. Pacientes no maior hospital do Estado, o Hospital Geral de Palmas, h� meses ocupam leitos, � espera de cirurgias simples que n�o ocorrem apenas por falta de material.
De outro lado, pacientes com doen�as e les�es graves est�o h� mais de 90 dias esperando para serem operados, por falta de leitos. H� casos de coluna fraturada, aguardando atendimento.
A situa��o repete-se na educa��o. O Tocantins desceu cinco n�veis no �ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica -o Ideb de 2013- em rela��o � posi��o ocupada pelo Estado em 2009.
Escolas abandonadas, diretores indicados apenas por crit�rio pol�tico; professores cotizando-se para pagar contas de energia dos estabelecimentos de ensino s�o a cara da inefici�ncia a que foi relegada a administra��o do poder p�blico no Estado ao longo dos �ltimos anos.
Bem na contram�o da busca da excel�ncia que norteia o setor privado nos dias atuais, no qual a escola � administrada como uma esp�cie de microempresa, por bons gestores e t�cnicos capacitados, para dar resultados satisfat�rios.
O que ocorre no Tocantins � uma demonstra��o concreta de que ganhar as elei��es � apenas a primeira fase de um processo que nos determina a democracia. A elei��o acaba e come�a o trabalho.
Passa da hora de os governantes entenderem que este � o momento de aproximar suas administra��es, o m�ximo poss�vel, de um comando moderno e eficaz, fazendo uso dos avan�os identificados na iniciativa privada.
Somente dessa forma poder�o transpor o abismo entre gest�o p�blica e privada, melhorando a qualidade dos servi�os prestados e proporcionando, � popula-
��o, condi��es reais de bem-estar continuado.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade