K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Urnas j� consagraram o agro
Seja qual for o desfecho das elei��es de amanh�, um grande vencedor emergir� das urnas: o agroneg�cio. Em todos os pleitos anteriores, os candidatos evitavam os empres�rios do meio rural. Eram "retr�grados", remanescentes de um Brasil "atrasado, escravagista e cruel", cujo apoio era preciso ocultar.
Nesta elei��o, bem ao contr�rio, o que se viu foram os candidatos cortejando o agroneg�cio, reconhecendo-o como sustent�culo da economia, respons�vel por um ter�o dos empregos formais do pa�s e pelos superavit da balan�a comercial.
O que mudou? Se antes o setor j� exibia a pujan�a atual, por que s� agora est� sendo reconhecido? Simples: a��o pol�tica. Antes, o produtor n�o via necessidade de agir na cena p�blica e mostrar o que fazia. N�o por indiferen�a � opini�o p�blica, mas por falta de cultura pol�tica. Supunha que seu dever se esgotava na produ��o.
Nesses termos, tornou-se presa de setores ideol�gicos, cujo projeto revolucion�rio almeja estatizar a produ��o rural. E h� nisso toda uma engenharia social: antes de se iniciar o processo de invas�es sistem�ticas a propriedades produtivas, o setor foi submetido a um processo gramsciano impiedoso de desconstru��o de sua imagem.
Difundiam-se not�cias negativas, mesmo falsas (sobretudo as falsas), expunha-se o produtor como infrator das leis, explorador de seus empregados. Em, pouco tempo, criou-se o ambiente para legitimar, a t�tulo de repres�lia, um vasto repert�rio de arbitrariedades. Proclamou-se a ideia de uma profunda crise social no campo, em que as popula��es ind�genas foram expulsas de suas terras e o cidad�o urbano, alheio � realidade rural -sobretudo o meio universit�rio- encheu-se de justa indigna��o e passou a subscrever manifestos e a aplaudir a��es contra quem produzia.
Assim, a crise, que n�o existia, passou a existir. A viol�ncia imp�s-se no ambiente rural, indispondo patr�es e empregados. Perdeu com isso o pa�s.
Diante de tal cen�rio, a Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA), entidade que representa o setor -de cuja presid�ncia estou licenciada em face das elei��es-, decidiu exp�-lo. Mostrar o que de fato ocorre e os danos da� advindos n�o s� ao mais moderno setor da economia, mas tamb�m ao pr�prio pa�s.
Isso � pol�tica -a pol�tica leg�tima, necess�ria, indispens�vel. Quantos document�rios, reportagens, manifestos foram divulgados, mostrando o produtor como predador ambiental, contaminador de alimentos, escravagista e coisas do g�nero? Ouvimos por anos, em sil�ncio ou reagindo pontualmente, a essas agress�es.
Ao assumir a presid�ncia da CNA, em 2008, dei prioridade � a��o pol�tica. Nada ficaria sem resposta. Mais que isso: ser�amos proativos, n�o apenas defensivos. Passamos a desfazer a mitologia negativa que nos impuseram e a mostrar, com dados rigorosos, a excel�ncia de nosso trabalho, os avan�os tecnol�gicos que permitem aumentar a produ��o sem aumentar a �rea plantada.
N�o fosse assim, n�o ter�amos o C�digo Florestal, vital � seguran�a jur�dica, sem a qual n�o h� investimentos; a �rea de planta��o do pa�s (que � menos de um ter�o do territ�rio) teria sido reduzida e as invas�es continuariam sendo aplaudidas.
Hoje, o brasileiro urbano reconhece esse esfor�o; tem clara no��o de que, gra�as � competente produ��o rural, paga comida mais barata e de qualidade. Nos �ltimos anos, o governo federal e o Congresso Nacional v�m dando grande apoio ao setor agr�cola e pecu�rio. Promoveu as concess�es privadas para os portos, viabilizou o C�digo Florestal e deu in�cio �s obras de infraestrutura. H� muito por fazer, n�o h� d�vida. Mas criou-se o ambiente necess�rio para que se fa�a.
Seja quem for o vencedor, repito, n�o poder� negligenciar a produ��o agropecu�ria. Nem mesmo a candidata que forjou sua carreira hostilizando o agroneg�cio deixa hoje de reconhecer sua primazia. E essa vit�ria �, acima de tudo, do pa�s. Vamos �s urnas!
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