K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Retrocesso
Alguns insistem em fazer rodar o mundo para tr�s, como se a sociedade brasileira nada tivesse aprendido nesses �ltimos anos, se n�o d�cadas, de inseguran�a jur�dica. O campo, em particular, foi v�tima de in�meras barbaridades, como as invas�es de terras por parte do MST. Os empreendedores rurais viviam aterrorizados e alguns ainda o s�o, nas invas�es ind�genas em v�rias partes do pa�s.
A mem�ria das ocupa��es violentas do MST ainda est� viva. Era a triste situa��o de uma paisagem de arb�trio que deveria ser necessariamente mudada. Em vez do conflito, a negocia��o e a media��o se faziam urgentes.
H� de se reconhecer que houve avan�os significativos. Privilegiou-se, nos �ltimos anos, a qualifica��o dos assentamentos da reforma agr�ria j� existentes, abrindo caminho para a sua emancipa��o. Cr�ditos do Pronaf foram alocados e uma preocupa��o importante com a qualifica��o da m�o de obra tornou-se pol�tica de governo. De nada adianta a desapropria��o, se ela resultar na forma��o de favelas. Assentados da reforma agr�ria devem se tornar, efetivamente, agricultores familiares voltados para a economia de mercado.
Assentamentos devem ser produtivos.
Espanta-me, portanto, que, em meio ao debate de programas de governo na disputa presidencial, volte � tona uma discuss�o, ultrapassada, sobre os �ndices de produtividade. N�o h� terras improdutivas no Brasil, salvo marginalmente, n�o constituindo nenhum problema de monta. O campo brasileiro modernizou-se e, neste sentido, fez por seus pr�prios meios uma revolu��o que s� os representantes do passado teimam em n�o reconhecer.
A quest�o da produtividade simplesmente desapareceu da pauta pol�tica, tendo se tornado o agroneg�cio o grande motor da economia. Onde a seguran�a jur�dica tomou o lugar da inseguran�a, os empreendedores rurais est�o podendo se dedicar plenamente ao trabalho. E com grande sucesso!
Se essa discuss�o voltar � tona, conflitos ser�o inevit�veis. E n�o faz sentido algum amea�ar um setor que t�o bem se comporta econ�mica e socialmente -e em sua rela��o com o ambiente.
Caso eventual arbitrariedade desse tipo vier a se consumar, estaremos diante de um enorme retrocesso. A revis�o dos �ndices de produtividade daria o sinal verde para a arbitrariedade de novas invas�es.
Ali�s, algumas perguntas se imp�em: por que esse tipo de demanda n�o se faz a prop�sito de outros setores da economia? Se a quest�o � de produtividade, por que n�o aplicar o crit�rio a todos os setores econ�micos? Ningu�m � pouco produtivo porque quer. Chegar aos limites m�ximos de produtividade n�o � apenas uma escolha. Envolve cr�dito, garantias, mercado, tecnologias, custos, m�o de obra qualificada e capacidade de gest�o.
O pa�s n�o pode mais conviver com esse tipo de proposta demag�gica, cujo �nico objetivo consiste em trazer inseguran�a para o campo brasileiro. Devemos olhar para o futuro, e n�o propor dirigir o pa�s mirando o retrovisor.
O Brasil moderno tem, no campo, um exemplo de sua compet�ncia e efic�cia, suprindo n�o apenas o mercado nacional, mas o mundial. Em escala global, quem pensa no Brasil pensa na pujan�a do agroneg�cio. Os �ltimos n�meros mostram que, al�m de as exporta��es de produtos agropecu�rios garantirem o saldo positivo da nossa balan�a comercial, agora � o Produto Interno Bruto (PIB) do agroneg�cio que sustenta o PIB nacional no azul.
Basta ver que o PIB do agro fechou o primeiro semestre acumulando alta de 1,9% em rela��o a igual per�odo de 2013. Enquanto isso, a soma de todas as riquezas produzidas no Brasil, no comparativo do primeiro semestre deste ano com o do ano anterior, cresceu apenas 0,5%. N�o h� d�vida de que, suprimindo o agro desta conta, o resultado estaria no vermelho.
Reintroduzir a discuss�o de �ndices de produtividade nada mais significa do que criar obst�culos para que nos tornemos cada vez mais competitivos. N�o necessitamos de nenhuma tutela. Muito menos, desta tutela estapaf�rdia dos �ndices de produtividade.
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