K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Pol�tica contra o progresso
Durante 4.000 anos, tanto a popula��o quanto a economia do mundo praticamente n�o cresceram.
Os padr�es de bem-estar, salvo algumas oscila��es, permaneceram basicamente inalterados para a quase totalidade dos seres humanos at� que, a partir do s�culo 18, os avan�os da ci�ncia e da t�cnica tornaram poss�vel o crescimento das popula��es e das economias. Na perspectiva da longa hist�ria do homem, o crescimento econ�mico � fato relativamente recente.
Dos anos 1700 at� agora, todo o mundo cresceu e progrediu, mas alguns pa�ses cresceram muito mais que os outros. As raz�es das diferen�as s�o objeto de muita discuss�o e controv�rsia, mas um ponto � pac�fico: cresceram mais as economias em que a aplica��o de novas tecnologias alavancou o aumento da produtividade.
O aumento das popula��es tamb�m contribuiu para esse processo, mas hoje esse fator praticamente se esgotou, pois tanto nos pa�ses ricos quanto nos emergentes elas deixaram de crescer. Daqui em diante, quase todo o crescimento econ�mico vai depender do aumento da produtividade.
Aumento da produtividade significa, especialmente, ado��o de novas tecnologias que permitam obter mais produto com a mesma quantidade de trabalho ou de outros fatores produtivos, como a terra.
A economia brasileira parece enredada numa situa��o de baixo crescimento, com muitos setores perdendo at� a capacidade de
competir com o exterior. Isso � grave, pois nenhuma economia consegue se proteger completamente da competi��o externa. A exce��o, aqui, � a produ��o rural, que h� 40 anos experimenta grandes saltos de produtividade.
Produzimos cada vez mais, com menos trabalho e sem aumentar a terra cultivada. Isso foi obtido com grandes doses de novas tecnologias, representadas por novas sementes, aplica��o racional de fertilizantes e defensivos agr�colas, novos equipamentos e aproveitamento dos progressos da biotecnologia.
Os pa�ses ricos da Europa podem se dar ao luxo de crescer pouco porque t�m popula��es pequenas e quase declinantes e uma renda por habitante de US$ 40 mil a US$ 50 mil. A maior parte do mundo est� longe desses padr�es. Precisa crescer, e muito, para propiciar n�veis civilizados de bem-estar material.
No entanto, existem na sociedade brasileira segmentos influentes, cujo pensamento tem suas matrizes nesses pa�ses, tais como a Holanda, a Dinamarca ou a Su�cia, que n�o precisam mais crescer e at� mesmo prefeririam uma economia estacion�ria, especialmente a agricultura e a pecu�ria, que, de acordo com eles, competem com a paisagem natural.
E esse pensamento, quando infiltrado nas esferas p�blicas de decis�o, faz o que pode para tornar a nossa agricultura tamb�m estacion�ria, seja usando mais m�todos tradicionais de cultivo, reduzindo a aplica��o de insumos modernos e, sobretudo, fechando a porta para novos recursos da biotecnologia, especialmente os transg�nicos.
Os Estados Unidos adotam amplamente os materiais transg�nicos e s�o l�deres incontest�veis de produtividade agr�cola. O Brasil chegou a essas tecnologias com mais de dez anos de atraso, em raz�o da oposi��o que grupos ambientalistas, alguns com matriz nos pa�ses ricos da Europa, conseguiram mobilizar, aproveitando-se da ocupa��o de posi��es estrat�gicas no Estado brasileiro.
Primeiro trataram de proibir as pesquisas, por meio de regulamenta��es bizantinas expedidas pelo Ibama, que demorava de quatro a seis anos para autorizar um simples experimento de 500 metros quadrados. Depois, exigindo uma s�rie de licen�as ambientais que jamais eram concedidas e, finalmente, fixando qu�rum de dois ter�os para a aprova��o de novas sementes na CTNBio (Comiss�o T�cnica Nacional de Biosseguran�a).
Todos esses entraves foram pacientemente vencidos com a participa��o do Congresso Nacional e at� do presidente Lula, que se recusou a vetar a nova legisla��o, como lhe recomendara o Minist�rio do Meio Ambiente em 2005.
O ambientalismo fundamentalista tem colocado pedras no nosso caminho e j� nos atrasou em mais de uma d�cada. Apesar dele, por�m, o agro � o que �: uma ilha de competitividade, que faz uma das maiores agriculturas do planeta.
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