K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Livre escolha
H� cerca de tr�s anos, dois gurus em estrat�gia de competitividade, Michael Porter e Mark Kramer, criaram o conceito de valor compartilhado, concluindo que o capitalismo passou por grandes transforma��es.
Hoje, quem mais lucra s�o os que, em suas atividades, incorporam valores da sociedade. N�o se trata, aqui, de caridade ou apenas de responsabilidade social corporativa, a��es que ajudam a solidificar a boa reputa��o da empresa, mas n�o t�m conex�o direta com a atividade-fim.
O que tem motivado as empresas a incorporar valores da sociedade � sua estrat�gia comercial � a conclus�o de que, nos tempos atuais, a efici�ncia econ�mica est� associada ao progresso social. Promover o progresso social impulsiona a inova��o, a produtividade e a competitividade. � o que move o desenvolvimento neste s�culo 21.
Essa transforma��o n�o chegou apenas aos grandes centros urbanos e parques industriais. Est�, tamb�m, presente no campo e na agroind�stria. Nos pr�ximos 30 anos, o mundo ter� de alimentar 9 bilh�es de pessoas. As estimativas indicam que a popula��o global vai aumentar em n�mero e renda.
A consultoria McKinsey calcula que, em oito anos, s� a China ser� respons�vel por uma nova classe m�dia de 630 milh�es de pessoas. Quase a totalidade das popula��es atuais do Brasil e dos Estados Unidos. Como se v�, os desafios v�o se multiplicar.
O mundo ter� que produzir tanto para combater a fome como para atender a esses novos consumidores que ter�o acesso a prote�nas de origem animal, como carnes, leite e ovos –e tamb�m mais fibras e energia.
Os empreendedores da agropecu�ria brasileira j� est�o conscientes de que inovar � contribuir para a preserva��o do planeta, e n�o apenas fornecer comida �s pessoas. � produzir mais com menos: sem expandir a �rea plantada e protegendo seus mananciais.
Para o agroneg�cio brasileiro, o conceito de sustentabilidade compartilha, assim, os valores econ�micos, sociais e ambientais. S�o esses os maiores valores da sociedade moderna.
Nesse contexto, o papel da biotecnologia ganha relevo. O Brasil e os Estados Unidos s�o l�deres mundiais nesse campo. O uso de sementes geneticamente modificadas no Brasil � seguro e fundamentado em crit�rios cient�ficos comprovados.
O que advers�rios do uso de transg�nicos desconhecem –ou fingem desconhecer– � que a semente do milho resistente � lagarta do cartucho, por exemplo, � desenvolvida a partir da mesma bact�ria –o Bacillus thuringiensis–, que, na produ��o de alimentos org�nicos, � utilizada no controle biol�gico de pragas.
Esse milho geneticamente modificado � plantado h� quase duas d�cadas no pa�s e n�o oferece risco � sa�de dos consumidores. Apenas cont�m uma prote�na que destr�i o intestino da lagarta que ataca as folhas do milho, dispensando o uso de agroqu�micos.
O fato incontest�vel � que as lavouras transg�nicas s�o manejadas usando menos defensivos agr�colas. De acordo com o Servi�o Internacional para a Aquisi��o de Aplica��es em Agrobiotecnologia (Isaa, na sigla em ingl�s), o plantio de transg�nicos no mundo j� eliminou a necessidade de utiliza��o de 497 mil toneladas de ingrediente ativo de agroqu�micos.
Isso significa menos libera��o de res�duos no ambiente, menos risco de contamina��o por uso inadequado dos produtos, redu��o de uso de maquin�rio para pulveriza��o das lavouras e, consequentemente, menos consumo de combust�vel f�ssil, de emiss�o de gases de efeito estufa e de compacta��o do solo.
Embora o cultivo com transg�nicos ofere�a diversos ganhos, n�o se defende o uso exclusivo dessa tecnologia. No Brasil, os sistemas de produ��o org�nico, convencional e transg�nico convivem, de forma harm�nica. E os insumos biol�gicos e qu�micos podem ser utilizados de forma complementar, em que o produtor aproveita o que de melhor cada tecnologia oferece.
A agropecu�ria brasileira trabalha para que a nutri��o seja uma escolha, ofertando sabor e qualidade em alimentos seguros, por um pre�o competitivo. Transg�nicos, convencionais ou org�nicos, � o consumidor quem faz sua op��o –e paga o pre�o da escolha.
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