K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Muy amiga
ESCREVI NESTA coluna, ainda em fevereiro, sobre as dificuldades econ�micas e pol�ticas enfrentadas pela Argentina. Defendi que � interesse do Brasil apoiar, de alguma forma, o pa�s vizinho. Mas isso n�o significa que a interdepend�ncia das duas economias venha a determinar as escolhas do Brasil na condu��o de sua pol�tica de com�rcio exterior.
N�o por acaso, o conceito de amizade consagrado pela filosofia grega fala em "igualdade harm�nica". Em se tratando de com�rcio internacional, nada mais atual. � o que o Brasil deve buscar em sua rela��o comercial com as na��es amigas.
Desde 2000, temos um entendimento com os s�cios do Mercosul de negociar, em conjunto, acordos comerciais internacionais. Isso fazia sentido no contexto da cria��o de uma uni�o aduaneira. Passados 23 anos, por�m, o com�rcio intrabloco n�o est� totalmente livre e a tarifa externa comum est� repleta de exce��es �s regras do Mercosul.
Enfim, nossa caminhada rumo ao mercado comum n�o ultrapassou sequer as primeiras fases de livre-com�rcio e uni�o aduaneira.
� nesse contexto que, desde o ano passado, a Argentina impede que os s�cios do Mercosul negociem em separado, com a Uni�o Europeia (UE), suas listas de produtos livres de impostos no com�rcio bilateral. Insiste numa oferta conjunta com o Brasil, o Paraguai e o Uruguai que nunca chegou aos crit�rios m�nimos acertados entre as partes.
As negocia��es teriam muito mais chance de avan�ar se cada um apresentasse a sua lista, em separado. O pr�prio Mercosul j� usou essa t�tica em negocia��es com pa�ses andinos.
Agora, por�m, a insist�ncia argentina em uma oferta comum fez adiar para o pr�ximo ano um acordo com a UE.
As elei��es europeias alteraram o cen�rio atual favor�vel � parceria com o Mercosul. O acordo com o Canad� e as negocia��es com Ucr�nia, Jap�o e EUA v�o reduzir o poder de barganha do Brasil, principalmente nos temas agropecu�rios.
Estamos abrindo m�o da oportunidade �nica de conquistar um mercado grande como o da UE para os produtos brasileiros.
S�o 506 milh�es de consumidores com alto poder aquisitivo que importaram, em 2013, cerca de US$ 2,3 trilh�es em produtos estrangeiros. S� em bens agropecu�rios, foram quase US$ 140 bilh�es. Os pr�prios europeus estimam que um acordo com a UE pode render ao Mercosul aumento de 40% nas exporta��es.
Sem prefer�ncias tarif�rias, nosso com�rcio com a UE est� caindo. Em 2013, exportamos US$ 47,7 bilh�es, resultado 3,6% menor do que no ano anterior. Mesmo assim, as trocas comerciais com a UE totalizaram US$ 99 bilh�es, o dobro do contabilizado no Mercosul.
A ind�stria tem sido fator determinante na prioridade conferida ao Mercosul. Os n�meros demonstram, por�m, que os nossos vizinhos n�o s�o os �nicos clientes da ind�stria brasileira.
Nesta �ltima d�cada, exportamos, em produtos industrializados, o mesmo valor para o Mercosul e para a UE: cerca de US$ 20 bilh�es anuais, em m�dia. E isso contando com a Venezuela, que s� entrou no bloco em 2012.
Desde 2011, os argentinos adotam restri��es cambiais e barreiras burocr�ticas e alfandeg�rias que reduzem as exporta��es brasileiras em bilh�es de d�lares. S� nos primeiros cinco meses do ano, nossas vendas para a Argentina ca�ram 18,6%. Para o Mercosul, a queda tamb�m foi expressiva: 10,2%.
Economistas estimam que, para cada 10% de redu��o das exporta��es brasileiras para a Argentina neste ano, o impacto ser� de 0,2 ponto percentual a menos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
No agroneg�cio, os preju�zos superam a quest�o financeira. Os hermanos argentinos alegam, sem fundamento, quest�es sanit�rias para barrar as importa��es da nossa carne bovina e tentam negociar cotas de importa��o de carne su�na e de outros produtos agropecu�rios. Um preju�zo � imagem do agro.
Com isso, a busca de novos mercados torna-se mais urgente. A prevalecerem os interesses s� da Argentina nas decis�es do Mercosul, o princ�pio da harmonia que sustenta o equil�brio entre na��es amigas n�o ser� nada al�m de utopia.
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