K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
A alavanca de Arist�teles
O an�ncio do Plano Agr�cola e Pecu�rio 2014/2015, por sua abrang�ncia e magnitude -e por se destinar ao setor mais din�mico da economia brasileira-, n�o poderia deixar de provocar controv�rsias. Houve frustra��es? Sem d�vida. Houve ganhos? Com certeza.
Os R$ 156 bilh�es destinados ao novo Plano Safra podem parecer pouco, mas representam aumento de 26,28% em rela��o aos recursos ofertados e efetivamente aplicados na safra passada. O ganho � substantivo diante do aumento m�dio de 10% nos custos de produ��o nas principais cadeias do agro no mesmo per�odo.
A manuten��o do volume de recursos para financiar o seguro rural nos frustrou, � verdade, pois esper�vamos que se mantivesse a pol�tica de aumento progressivo. A descontinuidade dificulta o plano de atingir, o quanto antes, a meta de 50% da �rea plantada segurados.
�, portanto, leg�timo o protesto dos produtores. Continuaremos a reivindicar mais recursos para o seguro agr�cola, na convic��o de que o fazemos no mais estrito interesse p�blico.
O essencial a destacar, por�m, � que se estabeleceu um canal direto entre o setor e o governo. Nos �ltimos tr�s anos, limpamos uma pauta acumulada de mais de duas d�cadas, que inclu�a, entre outras quest�es vitais, a concess�o dos portos � iniciativa privada e o C�digo Florestal.
O agroneg�cio, nesse per�odo, passou a ser ouvido na formula��o das pol�ticas do setor, o que n�o ocorria antes. E isso, por si s�, � um ganho inestim�vel. Tudo o mais torna-se pontual, na medida em que, tendo voz e sendo ouvidos, podemos corrigir adiante o que for necess�rio.
A eleva��o das taxas de juros em um ponto percentual foi o limite do admiss�vel. Esper�vamos a manuten��o, mas, considerando as tend�ncias do mercado de cr�dito brasileiro decorrentes das pol�ticas de conten��o da infla��o, fomos relativamente pouco penalizados.
Se n�o, vejamos: a taxa Selic variou de 7,25%, em mar�o de 2013, para 11%, em abril de 2014, ou seja, aumentou 51,7%. J� a taxa de juros do Plano Safra, para custeio e comercializa��o, aumentou de 5,5% para 6,5%, o que representa acr�scimo de 18%. E a taxa que nos coube, embora ainda alta, � inferior �s dos planos agr�colas anteriores � safra 2011/2012.
Como compensa��o, foram mantidas em 4,5% e 5% as taxas de juros do Programa ABC e do financiamento de m�quinas e equipamentos. E houve inova��es importantes, como na pecu�ria. Cheguei a relatar � presidente Dilma nosso temor de que a desaten��o para com esse setor levasse o pecuarista a procurar alternativa mais rent�vel, com o risco de o pa�s se transformar em um grande campo de soja.
Pois, agora, os criadores poder�o financiar a aquisi��o de animais para engorda em regime de confinamento. Mais: a reten��o de matrizes, com at� tr�s anos para pagamento, e a aquisi��o de matrizes e reprodutores (limite de R$ 1 milh�o por benefici�rio, com at� cinco anos para pagamento, sendo dois de car�ncia) aumentar�o sem d�vida a oferta de carne. Essa proposta foi encaminhada pela CNA e acolhida na �ntegra.
E n�o � tudo: para incentivar a inova��o tecnol�gica no campo, ser�o aperfei�oadas as condi��es de financiamento � avicultura, � suinocultura, � agricultura de precis�o, a hortigranjeiros e � pecu�ria de leite. Trata-se, pois, de um plano que, se tem suas limita��es –e as reconhe�o e enfatizo–, n�o pode ter suas qualidades e avan�os ignorados.
H� pend�ncias? Claro. O setor sucroalcooleiro h� anos aguarda resposta ao projeto de melhorias que submetemos ao governo.
Outro exemplo: o trigo. Aguardamos resposta dos minist�rios da Agricultura e da Fazenda a um programa de incentivo ao trigo, de modo a promover sua autossustenta��o.
Mas n�o podemos ignorar que hoje temos nossa import�ncia reconhecida. Tanto � assim que uma reivindica��o de uma d�cada –a transfer�ncia da atividade florestal para o Minist�rio da Agricultura– foi finalmente acatada. O setor agropecu�rio, que antes n�o tinha nada, agora tem import�ncia econ�mica e pol�tica.
Arist�teles j� dizia: "D�-me uma alavanca e moverei o mundo". Num pa�s como o nosso, d� o agro a um governante sensato e ele mover� o Brasil.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade