K�tia Abreu � senadora (PMDB-TO) e a principal l�der da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil).
Em defesa da Copa do Mundo
Investimento n�o � gasto. Qualquer um que se aventure ao livre empreendimento -de uma carrocinha de pipoca � constru��o de uma hidrel�trica- sabe disso. Gasto n�o tem retorno; investimento tem. Visto isso, falemos da Copa do Mundo.
Est� em curso uma campanha nacional contra sua realiza��o, o que, al�m de equ�voco do ponto de vista econ�mico, � uma leviandade pol�tica e social. Busca-se, por essa via, atingir o governo. Mas a Copa n�o � do governo: � do pa�s -e � ele o atingido.
Foi o Brasil, n�o o governo -embora ele l� o representasse-, quem batalhou, concorrendo com advers�rios do porte da Espanha e da Inglaterra, para sediar o evento. E o fez por saber de seu significado n�o apenas econ�mico mas tamb�m psicossocial.
A Copa, al�m de elevar a autoestima da popula��o -que tem no futebol sua principal fonte de lazer-, multiplica, entre outros, os ganhos com turismo, servi�os, constru��o civil e alimenta��o e gera milhares e milhares de empregos diretos e indiretos.
Estudo desenvolvido pela consultoria Ernst & Young, em parceria com a Funda��o Getulio Vargas -"Brasil Sustent�vel - Impactos Socioecon�micos da Copa do Mundo de 2014"-, constata que o evento j� quintuplicou os investimentos diretos, injetando R$ 142,39 bilh�es no per�odo 2010-2014.
Os investimentos diretos, em infraestrutura, constru��o e/ou reforma de est�dios e organiza��o, s�o de pouco mais de R$ 22 bilh�es, e boa parte deles -frise-se isso!- privada.
Considerando os impactos em in�meros setores interligados -alimenta��o, bebidas, rede hoteleira, servi�os essenciais (luz, �gua, esgoto)-, calcula-se o ingresso adicional de R$ 112 bilh�es, o que gerar�, segundo esse estudo, mais de 3 milh�es de empregos, impulsionando o consumo interno.
Somente no turismo, o impacto econ�mico da Copa das Confedera��es, evento de express�o bem
menor, foi de R$ 740 milh�es, segundo a Embratur. Mobilizou 230 mil brasileiros e 20 mil estrangeiros.
Para a Copa do Mundo, a proje��o, entre turistas brasileiros e estrangeiros, � que superem a casa dos 3 milh�es.
Quase a totalidade das obras estava prevista por se tratar de obras estrat�gicas. Seriam realizadas com ou sem Copa, segundo o governo. Tudo isso ficar� para al�m do evento.
N�o obstante, os que engendram a campanha contra a Copa -e infernizam as ruas do pa�s, com a��es predadoras, a pretexto de
manifesta��es democr�ticas- partem de uma argumenta��o desonesta, que s� exibe os investimentos (apresentando-os, claro, como gastos) e insuflam a popula��o a protestar.
O discurso socialista, que sup�e poss�vel banir a pobreza sem gerar riqueza, sonha com um Estado provedor, sem atentar para o dado
elementar de que, para prover, � preciso ter recursos. E o Estado n�o gera recursos; capta-os da sociedade, que, por sua vez, para ger�-los, precisa de empreendimentos que gerem riqueza. E a Copa, como est� mais do que demonstrado, assim o faz.
Pesquisa do Datafolha constata que 63% dos brasileiros, apesar da implac�vel campanha anti-Copa, s�o favor�veis � sua realiza��o
no Brasil. Apenas 21% s�o contra. Esses percentuais seriam bem mais expressivos se os n�meros que
expus fossem do conhecimento do p�blico. Infelizmente, n�o s�o. N�o por falta de dedica��o e compet�ncia do ministro do Esporte, Aldo
Rebelo, mas por uma inexplic�vel falha de comunica��o do governo e da Fifa.
Compartilho da perplexidade do escritor Marcelo Rubens Paiva, que, h� dias, perguntou: "N�o vai ter
Copa no pa�s que mais Copas ganhou? O �nico que esteve em todas as Copas e chegou a sete finais?
� como se os franceses organizassem o movimento social "pas de baguette" (nada de baguete); e os americanos, no "turkey on thanksgiving" (sem peru no dia de A��o de Gra�as)".
Ou seja, nada mais surrealista que o Pa�s do Futebol rejeit�-lo, em nome de argumentos desonestos, que transformam lucros em perdas, e oportunidade -for�a motriz dos grandes neg�cios-, em desperd�cio. N�o h� d�vida: quem assim age, por ignor�ncia ou m�-f� (ou ambas), incide em crime de lesa-p�tria.
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