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� bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve �s ter�as, quartas, sextas, s�bados e domingos.
Autores e obras
David Glasbrech/Netflix/Associated Press | ||
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Kevin Spacey no papel do pol�tico Frank Underwood, na serie da Netflix 'House of Cards' |
S�O PAULO - Pessoas ruins podem fazer coisas boas? O "Zeitgeist" parece indicar que n�o. Kevin Spacey, protagonista da s�rie "House of Cards", acaba de ficar sem emprego, porque a Netflix resolveu suspender suas apari��es depois que ator foi acusado de ser uma esp�cie de predador sexual gay.
Na mesma semana, feministas organizaram em Paris uma manifesta��o em que pediam que a Cinemateca desistisse de exibir uma mostra de filmes do diretor Roman Polanski. Motivo? Polanski � acusado de estupros de menores nos EUA (onde ele � considerado foragido da Justi�a) e tamb�m na Fran�a.
Ass�dio sexual e estupro s�o n�o s� atos imorais como tamb�m crimes, mas a pergunta que proponho � outra: a vida pessoal de um artista ou pensador afeta sua obra?
O melhor exemplo talvez seja o de Heidegger. O fil�sofo alem�o engrossou as fileiras do NSDAP, o partido nazista, ocupou uma reitoria de universidade sob Hitler e jamais fez um "mea culpa" disso mesmo tendo morrido apenas em 1976. Devemos, por causa desse passado altamente problem�tico, desprezar ou diminuir o valor da produ��o filos�fica de Heidegger? A resposta me parece claramente negativa.
No plano psicol�gico individual talvez seja imposs�vel deixar de faz�-lo. O sobrevivente de Auschwitz tem todos os motivos para nem querer ler Heidegger. Mas, ao menos idealmente, � preciso separar o autor da obra, porque, como diz Caetano Veloso, de perto ningu�m � normal. Se s� aceitarmos obras e teorias de quem exiba uma biografia exemplar, nos veremos em s�rias dificuldades. No limite, at� a teoria da relatividade deveria ser rejeitada, j� que Albert Einstein, embora tenha se tornado o emblema mesmo do s�bio �tico, foi um p�ssimo marido e um pai n�o muito bom.
Sem preju�zo de puni��es por eventuais crimes, precisamos reaprender a separar autores maus de suas obras, que podem ser boas.
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