� rep�rter especial. Ganhou pr�mios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundaci�n por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve �s quintas e aos domingos.
O Fla-Flu pol�tico emburrece
Estarrecido com a guerra na lama travada na campanha eleitoral, em especial nas redes sociais?
Triste, se � tucano, por ter perdido amigo petista ou vice-versa? Ou feliz, por ter descoberto que certas aus�ncias preenchem uma lacuna?
Pois saiba que a exacerba��o de sentimentos partid�rios n�o � um produto genuinamente brasileiro.
Na ter�a-feira (28), David Brooks, colunista do "New York Times", tratou precisamente desse assunto, que Cass Sunstein, da Escola de Direito da mitol�gica Harvard, batizou de "partyism" ("partidismo").
Nos EUA, ganhou caracter�sticas mais graves do que a lama espalhada pela internet. Sunstein lembrou, em coluna no m�s passado, que pesquisas j� haviam captado o fen�meno no remoto ano de 1960. Mas, �quela altura, eram s� 5%, pouco mais ou menos, os republicanos e democratas que diziam que ficariam insatisfeitos se seus filhos se casassem com algu�m do outro partido.
Cinquenta anos depois, subira para 49% a porcentagem dos republicanos que se incomodaria com essa situa��o, inc�modo que afetaria 33% dos democratas.
N�o h�, que eu saiba, pesquisas no Brasil que contenham esse tipo de dados. Mas, a julgar pelo que se podia ler no Facebook, por exemplo, um petista vetaria casamento com um tucano e vice-versa.
Volto aos Estados Unidos e ao texto de Brooks: ele cita pesquisa dos cientistas pol�ticos Shanto Iyengar e Sean Westwood que deram a estudantes mil curr�culos de outros estudantes para que os primeiros decidissem quem ganharia bolsas.
Os curr�culos inclu�am pistas sobre a ra�a e sobre a prefer�ncia pol�tica dos candidatos. Claro que a ra�a teve influ�ncia: os estudantes negros preferiram colegas negros na base de 73% a 27%.
Mas tanto democratas como republicanos apontaram em 80% dos casos candidatos que concordavam politicamente com eles, mesmo quando outros estudantes tinham melhores credenciais.
Talvez seja diferente no Brasil porque h� muito mais escolhas partid�rias, tantas que o partido que elegeu a maior bancada na C�mara Federal, o PT, ocupar� apenas 13,6% das cadeiras. � uma anomalia, mas talvez distribua melhor o �dio que vazou na campanha.
Espero, honestamente, que prospere a bem-humorada campanha iniciada no Facebook para que petistas e tucanos recomponham os la�os eventualmente rompidos.
Concordo integralmente com as observa��es com que Brooks fecha sua coluna:
"Na maior parte do tempo, pol�tica � uma batalha entre interesses divergentes ou uma tentativa de equilibrar verdades parciais". Ou seja, nem os petistas nem os tucanos est�o sempre 100% certos ou 100% errados.
Mas, prossegue, "nesse estado efervescente, torna-se [a pol�tica] uma batalha de luz e escurid�o. Quando escolas, grupos comunit�rios e locais de trabalho se definem pela cor pol�tica de seus membros, (...), ent�o toda comunidade fica mais burra porque n�o pode colher os benef�cios de pontos de vista divergentes e de pensamentos em competi��o".
Abaixo a burrice, pois.
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