No come�o dos anos 1990, Hollywood exibia Demi Moore no papel de uma psicopata yuppie que atormentava um incauto Michael Douglas em "Ass�dio Sexual". O filme era um del�rio de homens acuados com a ascens�o das mulheres no meio corporativo. Mas nos bastidores do cinema, o crime dava as caras em sua face mais realista.
Nessa mesma �poca, um produtor cinematogr�fico em ascens�o j� se insinuava para modelos e atrizes iniciantes. Harvey Weinstein pedia que o massageassem, as convidava a v�-lo tomando banho e fazia avan�os mais diretos. Entre suas dezenas de v�timas est�o Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Daryl Hannah. Algumas tiveram o sil�ncio comprado pelo produtor, respons�vel por sucessos como o "Shakespeare Apaixonado", "Gangues de Nova York" e pelos filmes de Quentin Tarantino.
A sua queda precipitou uma torrente de acusa��es contra outros poderosos da ind�stria e foram o fato que mais marcou o cinema em 2017.
Desde que sa�ram as primeiras acusa��es contra Weinstein, publicadas em reportagens do "New York Times" e da "New Yorker" no come�o de outubro, outros nomes c�lebres vieram � baila: atores, diretores, roteiristas, m�sicos, jornalistas e at� o ex-presidente George Bush pai.
No mundo do audiovisual, o castelo de cartas ruiu principalmente para o comediante Louis C.K., que constrangeu mulheres a v�-lo se masturbar, e para o ator Kevin Spacey, acusado de molestar um colega adolescente e homens da equipe de "House of Cards" e de um teatro londrino.
Embora com desfechos menos contundentes, pulularam ainda queixas contra Dustin Hoffman, Ben Affleck, Oliver Stone, Lars von Trier, Ed Westwick, Jeffrey Tambor, John Lasseter, Brett Ratner, Bryan Singer. E para Bob Weinstein, irm�o de Harvey.
As rea��es foram variadas. Alguns colegas dos acusados, como Kate Winslet e Matt Damon deram declara��es de apoio controversas. J� a Netflix tirou Spacey de "House of Cards", e as cenas em que o ator aparecia no filme "All The Money in the World" tiveram de ser refilmadas com Christopher Plummer em seu lugar.
Hollywood tateia nesse terreno ainda desconhecido. N�o sabe como lidar com os esqueletos saindo do arm�rio de alguns de seus nomes mais not�rios. No futuro pr�ximo, ter� que achar uma resposta para lidar com obras art�sticas realizadas por pessoas com essas acusa��es. Seria o caso de reavaliar g�nios como os de Woody Allen e Roman Polanski, que t�m a vida particular manchada por queixas similares?
Arruinados, Weinstein e Spacey hoje s�o colegas numa cl�nica de reabilita��o para viciados em sexo no Estado do Arizona. Algumas fontes chegaram a afirmar que eles dividem o mesmo quarto no local, um centro que oferece terapias com equinos e oficinas de express�o art�stica. A mensalidade chega a US$ 37 mil (R$ 120 mil).