Copacabana, domingo, 10 de dezembro, 21h10. Um estampido ecoa pelas janelas dos apartamentos de classe m�dia. Mais tr�s tiros s�o ouvidos em seguida. Segundos depois, uma rajada de fuzil rompe o curto sil�ncio.
A sequ�ncia de tiros � mais um cap�tulo dos intermin�veis confrontos no morro do Cantagalo, que foi "ocupado" pela pol�cia em 2009 com a UPP e virou point de turistas estrangeiros durante o "milagre pacificador" promovido pelo agora presidi�rio S�rgio Cabral (PMDB) durante a prepara��o para a Copa de 2014 e a Olimp�ada de 2016.
No in�cio do dia, moradores registraram num aplicativo, que rastreia confrontos em tempo real, um tiroteio na favela do Arar�, em Benfica, comunidade famosa por ser vizinha da cadeia p�blica Jos� Frederico Marques. L�, Cabral e a c�pula do poder pol�tico fluminense na �ltima d�cada est�o presos. Ex-governadores, Anthony e Rosinha Garotinho, tamb�m j� passaram por l�.
Cabral, seus ex-secret�rios e deputados aliados passam os finais de semana ouvindo os funks proibid�es da favela vizinha e os tiroteios, que n�o s�o raros.
O cotidiano da viol�ncia � apenas uma dos lados da quase fal�ncia do Rio. A ru�na est� em quase todos os setores –sa�de, educa��o, transporte, ind�stria do petr�leo.
Ex-secret�rio de Obras de Cabral, o governador Luiz Fernando Pez�o (PMDB) parece tentar permanecer no poder para manter o seu foro privilegiado. Enquanto isso, os funcion�rios p�blicos e pensionistas chegaram em dezembro sem receber o 13� sal�rio de 2016. A popula��o de rua s� cresce, e a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) agoniza.
Na prefeitura, o bispo Marcelo Crivella (PRB) vive lastimando a heran�a de seu antecessor, Eduardo Paes, aliado de Cabral. Segundo ele, a Olimp�ada n�o deixou um "elefante branco", mas uma manada.
Nesta ressaca p�s-ol�mpica, nenhum fluminense consegue prever o futuro. Apenas que 2018 dever� ser pelo menos t�o duro como esse ano. Mas quem sabe apare�a uma nova leva de pol�ticos na elei��o de outubro.
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126 policiais
militares foram mortos no Rio de Janeiro at� o dia 12 de dezembro; 26 estavam em servi�o quando foram assassinados