Num ano em que dois personagens mercuriais e perigosos despontaram com for�a no cen�rio mundial, Donald Trump e Kim Jong-un, o t�tulo de pessoa mais importante de 2017 poderia parecer uma barbada entre os rivais americano e norte-coreano.
Mas quem leva o pr�mio � uma figura que est� entre os dois, Xi Jinping, 64, o l�der do colosso comunista chin�s.
Est� no �pice de seu poder e j� foi descrito pelo pr�prio Trump como o mais poderoso comandante que o pa�s asi�tico j� produziu. Alguns fatores qualificam tanta admira��o e temor mundo afora. Xi completou o primeiro de seus dois mandatos de cinco anos como secret�rio-geral do Partido Comunista. Ele o fez com uma celebra��o incontest�vel de poder: inscreveu sua doutrina pessoal na Constitui��o do pa�s, algo que apenas Mao Ts�-tung (1893-1976) e Deng Xiaoping (1904-1997) haviam logrado fazer antes.
Xi rompeu com a tradi��o de proje��o discreta de poder dos seus antecessores e proclamou que as pr�ximas d�cadas ver�o um protagonismo inaudito de Pequim.
Ao n�o nomear sucessor, indicou que ele mesmo se v� por um per�odo provavelmente maior do que o usual � frente do pa�s.
Neste 2017, Xi tamb�m promoveu um grande encontro com lideran�as de v�rios dos 68 pa�ses aderentes de seu mais ambicioso projeto geopol�tico: a Iniciativa Cintur�o e Estrada, lan�ada em 2013.
Focado em seis corredores f�sicos e rotas mar�timas pelo �ndico, o megaprojeto j� consome US$ 150 bilh�es anuais dos cofres de Pequim para estabelecer la�os comerciais e de infraestrutura com seus parceiros. Geopoliticamente, a ideia � desafiar o poder americano representado no corredor transatl�ntico. Analistas apontam dificuldades intranspon�veis para o sucesso pleno da ideia, e que isso poder� ao fim levar ao enfraquecimento do reinado de Xi.
Do ponto de vista militar, moderniza suas for�as e ocupa espa�os contestados no mar do Sul da China. Mesmo sendo o segundo pa�s com maior or�amento de defesa no mundo, gasta um ter�o do que os rivais americanos.
Um fator mais urgente a desafiar Xi reside dentro da pr�pria China. O avan�o material, decorrente do posto de segunda pot�ncia econ�mica, choca-se com o crescente autoritarismo da ditadura comunista encimada pelo l�der. Como liberalismo econ�mico sem liberdade individual � uma ave que n�o voa, a conta ainda ir� chegar.