'Tem que manter isso, viu?' foi frase do ano da Lava Jato, questionada de forma in�dita

Quem gosta de frases emblem�ticas se deleitou em 2017. Na pol�tica, elas resumiram um ano em que a Lava Jato foi questionada de forma in�dita, e perseguiram durante meses seus autores.

Nenhuma foi mais importante do que "tem que manter isso, viu?", cinco palavras que foram viradas do avesso num pa�s que parecia ter 200 milh�es de peritos. Num �udio truncado e de baixa qualidade, muitos ouviram ali a chancela do presidente Michel Temer � suposta compra do sil�ncio do ex-deputado Eduardo Cunha pelo empres�rio Joesley Batista. E um n�mero n�o desprez�vel viu seu contr�rio, ou seja, uma senten�a inconclusiva e que n�o corroborava a acusa��o de obstru��o de investiga��o formulada pelo ent�o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot.

A divulga��o em 18 de maio da conversa com Temer, gravada por Joesley no Pal�cio do Jaburu dois meses antes, foi o �pice da tens�o de um primeiro semestre fren�tico. Empalideceu, por exemplo, a dela��o da Odebrecht, que parecia ser a "do fim do mundo", e a morte em acidente a�reo do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, em janeiro.

Contra todos os progn�sticos, Temer segurou-se no cargo, derrotando duas den�ncias na C�mara dos Deputados. O Planalto declarou guerra a Janot, autor de mais uma frase fat�dica de 2017. "Enquanto houver bambu, l� vai flecha", proferida num encontro de jornalistas em 1� de julho, simbolizou o �pice do poder e da autoconfian�a de um procurador-geral que parecia ter encurralado o governo e que naquele momento tinha na m�o boa parte do Congresso Nacional e um punhado de governadores.

A queda de Janot n�o demorou muito e foi espetacular. A sem-cerim�nia com que o procurador amea�ava suas flechadas foi traduzida como arrog�ncia e descontrole de um Minist�rio P�blico movido por muita politica e pouco controle interno. O duplo papel do ex-procurador Marcello Miller, como bra�o-direito de Janot e como empregado da JBS, minou a credibilidade do acordo de dela��o dos irm�os Batista. A Lava Jato entrou na defensiva pela primeira vez.

A flechada no p� derradeira veio com a revela��o de di�logos gravados pelos donos da JBS que n�o haviam sido entregues � Procuradoria, o que deu a Janot o �libi para pedir o cancelamento do acordo. Num deles, Joesley, aparentemente embriagado, profere a um colega da empresa mais uma frase definidora do ano: "n�s n�o vai ser preso". No fim, "eles foi" para a cadeia, e a Lava Jato entra em 2018 coberta por incertezas, um tanto menor.

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R$ 51 milh�es

foram apreendidos pela PF num apartamento em Salvador ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima

9,5 anos

pena de pris�o imposta a Lula pelo juiz Sergio Moro por corrup��o e lavagem de dinheiro no caso do tr�plex do Guaruj� (SP)

270 horas

dura��o total dos depoimentos em v�deo dos 77 delatores da Odebrecht

72 anos

penas somadas do ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB), ap�s 3 condena��es; ele responde a 16 a��es por corrup��o

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