A vit�ria de Jo�o Doria (PSDB) na corrida pela Prefeitura de S�o Paulo, em 2016, representou um feito sem precedentes para o tucano e seu padrinho pol�tico, o governador Geraldo Alckmin.
Foi a primeira vez desde 1988, quando a Constitui��o passou a prever uma disputa em dois turnos, que algu�m liquidou a elei��o paulistana na primeira etapa.
Nascia ali o fen�meno Doria, que tinha orgulho de dizer que n�o era pol�tico, mas gestor. Empossado em janeiro, adotou uma agenda fren�tica, com forte inser��o nas redes sociais e de car�ter quase folcl�rico. Para fazer jus ao mote que o fez vencer a campanha, o "Jo�o trabalhador" amanheceu o primeiro dia de sua administra��o em uma avenida, vestido de gari, catando sacos pl�sticos.
Travou uma cruzada contra pichadores, saiu pintando muros, pedalando, tapando buracos, lacrando posto de gasolina... Forjado na m�dia, Doria fez de si mesmo seu principal garoto-propaganda.
Onipresente na imprensa, em mar�o, tr�s meses ap�s assumir a prefeitura, passou a ser visto dentro de um PSDB em crise, com alguns de seus principais l�deres submersos em esc�ndalos de corrup��o, como uma op��o para a elei��o presidencial.
Doria tomou gosto pela especula��o. Foi seu erro. Para ser presidenci�vel, precisaria furar a fila encabe�ada por Alckmin. Nascia, ent�o, outro mito tucano: o da criatura que queria engolir seu criador.
O prefeito que j� tinha pressa, tentou voar. Quis equilibrar uma agenda recheada de projetos audaciosos, como o fim da cracol�ndia ele chegou a decretar, mas est� l�, firme, forte, suja e abarrotada de gente –com apari��es em outros Estados.
Viajou por meses, em seu pr�prio jato, como gostava de salientar. O paulistano, que parece cansado de ver seus prefeitos usarem o cargo como trampolim, acusou o golpe r�pido.
Arte Folha |
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A aprova��o da gest�o do tucano, principal trunfo de Doria para lan�ar-se nacionalmente, come�ou a despencar. No �ltimo Datafolha, amargou 39% de rejei��o, mesma marca alcan�ada pelo antecessor, Fernando Haddad (PT), ap�s a enorme onda de protestos que nasceu em S�o Paulo e tomou o pa�s em junho de 2013.
Doria foi obrigado a colocar os p�s no ch�o. Reconheceu a prioridade de Alckmin na corrida presidencial, disse que seu eleitor precisava ser ouvido e que seu foco � a cidade. Flerta, agora muito discretamente, com a elei��o para o governo do Estado, em 2018.
Mais moderado, sabe que precisa regar seu quintal se quiser mudar de casa. O prefeito luta para n�o se tornar o caso mais c�lebre de estrela cadente desta nova gera��o de pol�ticos, que diz ser diferente de tudo o que j� se viu por aqui, mas teima em repetir os erros do passado.