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Ajuda do Brasil ao Haiti equivale a gastos com manuten��o das tropas
da BBC Brasil
A ajuda financeira do governo brasileiro ao Haiti, devastado por um terremoto no dia 12 de janeiro, h� exatamente seis meses nesta segunda-feira, chegou a US$ 222 milh�es neste per�odo.
De acordo com o Itamaraty, outros US$ 117 milh�es est�o "prometidos" e dever�o ser transferidos por meio de projetos de coopera��o, elevando o total da ajuda para US$ 339 milh�es, cerca de R$ 645 milh�es.
O valor se aproxima da quantia gasta, em seis anos, na manuten��o das tropas brasileiras no Haiti, que segundo a ONG Contas Abertas somou R$ 700 milh�es no per�odo.
A maior parte do dinheiro brasileiro destinado ao Haiti (US$ 172 milh�es) dever� integrar o fundo de reconstru��o do pa�s caribenho, criado por um grupo de 26 pa�ses, em mar�o. Desse total, US$ 55 milh�es da parte brasileira j� foram depositados.
Apesar de ter se comprometido com uma quantia inferior a das grandes pot�ncias, o Brasil est� entre os poucos que efetivamente realizaram a transfer�ncia do dinheiro.
O governo americano, por exemplo, prometeu US$ 1,15 bilh�o durante o encontro, mas ainda aguarda a aprova��o do Congresso para que a verba seja liberada.
Na avalia��o de um interlocutor do Pal�cio do Planalto, a "rapidez" com que o pa�s se prop�s a depositar sua parcela serviu como uma "sinaliza��o" do peso que o Haiti tem entre as prioridades da pol�tica externa brasileira.
"E tamb�m n�o deixa de ser uma forma de pressionar para que os outros pa�ses tamb�m apressem suas doa��es ao fundo", diz a fonte.
Reconstru��o
Segundo o chefe do departamento de Am�rica Central e Caribe do Itamaraty, ministro Rubens Gama Filho, a posi��o do governo brasileiro � de que a reconstru��o seja liderada pelo governo haitiano e suas institui��es.
Logo ap�s o terremoto, representantes do governo brasileiro demonstraram receio de que outros pa�ses assumissem a reconstru��o, deixando o governo do Haiti � margem do processo.
"Somos um dos doadores, mas o grande vetor da reconstru��o, agora, � a Comiss�o Interina de Reconstru��o, presidida pelo primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive", diz Gama Filho.
O diplomata reconhece que h� um clima de "ansiedade" entre os haitianos, de que "as coisas n�o est�o acontecendo", mas segundo ele � preciso considerar a "complexidade" da reconstru��o de um pa�s.
"O dinheiro n�o � tudo. � preciso ainda respeitar prazos para a cria��o de projetos, para as licita��es. � um trabalho de formiguinha", diz o ministro.
Segundo Gama Filho, o terremoto causou um preju�zo equivalente a 120% do Produto Interno Bruto do Haiti, al�m de ter aumentado o desemprego para 95%. "Estamos falando de um cen�rio muito complexo", diz.
Uma das preocupa��es do governo brasileiro � evitar que os haitianos continuem dependentes da importa��o de alimentos, mesmo com 80% da popula��o trabalhando de alguma forma na agricultura.
Na �ltima visita que fez ao pa�s caribenho, em fevereiro, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse que era preciso incentivar a "produ��o local" e, assim, permitir que os haitianos andassem "com as pr�prias pernas".
Tropas
Presentes no Haiti desde junho de 2004 - onde lideram a miss�o de paz das Na��es Unidas, a Minustah -, as tropas brasileiras tamb�m s�o consideradas pelo governo brasileiro como um bra�o "auxiliar" na reconstru��o do pa�s.
Segundo o comandante da miss�o, general Paul Cruz, o Conselho de Seguran�a fez um "ajuste" no mandato da miss�o, em fun��o do terremoto.
"Nosso foco ainda � a manuten��o da seguran�a, mas tivemos um ajuste e estamos colaborando muito com a quest�o dos entulhos, manuten��o de estradas etc", diz o comandante.
Logo depois do desastre, o Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas aprovou o envio de mais 2.000 militares, que se somaram aos 7.000 que j� se encontravam no Haiti.
A maior contribui��o entre o novo contingente foi brasileira, com o envio de 900 militares. Al�m disso, o Ex�rcito enviou duas unidades extras de engenheiros para ajudar na reconstru��o do pa�s.
Dias ap�s o terremoto, o ent�o comandante da Minustah, general Floriano Peixoto lamentou a trag�dia, mas acrescentou que o Brasil n�o poderia perder a "oportunidade de mostrar sua import�ncia" com o epis�dio.
O coment�rio do general Peixoto foi feito em meio a rumores de que o Brasil estaria preocupado com a forte presen�a das tropas americanas no Haiti no p�s-terremoto.
Em Porto Pr�ncipe desde o m�s de abril, o general Paul Cruz nega que tenha havido disputas entre os dois pa�ses. "As duas tropas, inclusive, se coordenaram numa a��o bilateral: o Brasil com a quest�o da seguran�a e os americanos mais voltados para a ajuda humanit�ria", diz.
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