R�u confesso, J.Hawilla ter� que devolver US$ 151 milh�es
Alexandre Rezende - 22.nov.2011/Folhapress | ||
![]() |
||
Jos� Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior ag�ncia de marketing esportivo da Am�rica Latina |
Al�m do ex-presidente da CBF Jos� Maria Marin, 83, outros dois brasileiros s�o citados pela Justi�a americana no esc�ndalo de corrup��o entre a Fifa e empresas de marketing e transmiss�o esportiva.
O mais conhecido deles � o r�u confesso Jos� Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior ag�ncia de marketing esportivo da Am�rica Latina, que tem os direitos de transmiss�o, patroc�nio e promo��o de campeonatos de futebol e jogadores, al�m de empresas de comunica��o no Brasil.
O departamento de Justi�a revelou que J. Hawilla, como prefere ser chamado, teria confessado culpa, em dezembro do ano passado, por acusa��es de extors�o, fraude eletr�nica, lavagem de dinheiro e obstru��o da justi�a –ele � o �nico brasileiro entre os r�us confessos declarados culpados pela Justi�a dos Estados Unidos.
O caso envolvendo Hawilla, uma das figuras mais proeminentes do futebol nacional, s� veio a p�blico na manh� desta quarta-feira (27), com a divulga��o da nota do departamento de Justi�a, onde aparece com destaque.
Segundo a nota do governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milh�es (R$ 473 milh�es na cota��o atual) de seu patrim�nio –US$ 25 milh�es (R$ 78 milh�es) deste total j� teriam sido pagos no momento da confiss�o. O mandat�rio da Traffic j� foi classificado diversas vezes pela imprensa nacional como "dono do futebol brasileiro".
De acordo com reportagens publicadas pela imprensa brasileira nos �ltimos dez anos, estima-se que o faturamento anual da empresa de J. Hawilla, que come�ou a carreira profissional como vendedor de cachorros-quentes, gire em torno de US$ 500 milh�es (R$ 1,5 bilh�o).
NEG�CIOS LUCRATIVOS
O Departamento de Justi�a americano indiciou 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e forma��o de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol.
O grupo � acusado de armar um esquema de corrup��o com propinas de pelo menos US$ 150 milh�es, que existe h� pelo menos 24 anos.
"O indiciamento sugere que a corrup��o � desenfreada, sist�mica e tem ra�zes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos", disse Loretta Lynch, secret�ria de Justi�a do pa�s. "Essa corrup��o come�ou h� pelo menos duas gera��es de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posi��es de confian�a para obter milh�es de d�lares em subornos e propina".
A nota divulgada pela Justi�a americana afirma ainda que investiga suposto pagamento e recebimento de suborno e propina em um acordo de patroc�nio "da CBF com uma grande fabricante de roupas esportivas dos EUA", na sele��o do pa�s anfitri�o da Copa do Mundo de 2010 e nas elei��es presidenciais da FIFA em 2011.
"Que fique claro: este n�o � o �ltimo cap�tulo na nossa investiga��o", disse o procurador americano Kelly T. Currie, durante o an�ncio dos envolvidos no esquema de corrup��o.
A empresa de J. Hawilla � a atual respons�vel pelos direitos de torneios como a Libertadores, passes de jogadores como o argentino Conca e o brasileiro Hernanes, dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, est�dio do Palmeiras, em S�o Paulo.
A Traffic teve exclusividade na comercializa��o de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. O empres�rio brasileiro tamb�m foi o respons�vel pelo contrato celebrado em 1996 entre a Nike e a sele��o brasileira –alvo de uma CPI, encerrada em junho de 2001, sem desdobramentos pr�ticos.
Em 2008, J. Hawilla foi eleito o 56� homem mais influente do futebol mundial pela revista brit�nica World Soccer.
MARIN E MARGULIES
Jos� Maria Marin, presidente da CBF at� o m�s passado, � outro brasileiro entre os detidos pela pol�cia americana. Aos 83 anos, tem fama de ter subido na carreira por ser "o homem certo no lugar certo".
Marin j� foi governador bi�nico de S�o Paulo durante a Ditadura Militar, deputado estadual paulista e vereador paulistano. Atualmente, ele � filiado ao PTB.
Assumiu o governo de S�o Paulo em 1982, quando o ent�o governador Paulo Maluf foi disputar o cargo de deputado federal.
Tamb�m chegou � presid�ncia da CBF com uma ren�ncia, quando Ricardo Teixeira deixou o cargo por problemas de sa�de e pressionado por den�ncias de irregularidades � frente da entidade. Conforme estatuto da CBF, como Marin era o vice mais velho, ele assumiu a presid�ncia da federa��o, integrando tamb�m a chefia do Comit� Organizador da Copa do Mundo de 2014.
Logo que assumiu o cargo, Marin j� foi reconhecido por gafes: j� confundiu Ronaldo com Rom�rio e, em 2012, foi flagrado colocando no bolso uma das medalhas da Copa S�o Paulo de Futebol J�nior durante a premia��o aos jogadores vencedores do torneio.
O terceiro brasileiro investigado pelo FBI � Jos� Margulies, 75, propriet�rio das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmiss�es esportivas.
Segundo o departamento de Justi�a, Margulies supostamente atuou como intermedi�rio para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.
Margulies aparece na lista dos acusados pela Justi�a americana –que inclui outras nove pessoas, mas n�o traz mais informa��es sobre os desdobramentos pr�ticos das acusa��es.
Uma representante da Traffic Sports disse � BBC Brasil que n�o havia ningu�m dispon�vel para comentar o teor da nota at� a publica��o desta reportagem.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade