Para negociador-chefe, Brasil foi importante para decis�es da COP22
Kyra Worth/ISSD (www.iisd.ca/climate/cop22/enb/18nov.html) | ||
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Encontro entre representantes de pa�ses durante a na sexta (18), na COP 22, em Marrakech, Marrocos |
Depois de duas semanas de negocia��es t�cnicas sobre os detalhes necess�rios para que o texto do Acordo de Paris possa ser obedecido pelos pa�ses, os l�deres reunidos na plen�ria da COP22, a Confer�ncia da ONU Sobre o Clima, chegaram a um documento simples e de apenas quatro p�ginas.
Ele fixa um calend�rio de tratamento de temas da regulamenta��o do acordo –transpar�ncia, fiscaliza��o e financiamento. O processo tem at� 2018 para ser conclu�do.
A miss�o que cabia � COP22, que aconteceu em Marrakech, no Marrocos, parecia tranquila ap�s o sucesso das negocia��es do Acordo de Paris. Mas, no �ltimo dia, os pa�ses encontraram dificuldades em concordar sobre o que entraria na agenda.
� A LEI
Uma quest�o levantada pelo Brasil criou suspense na plen�ria, j� na noite de sexta-feira (18): o pa�s defendeu a regula��o dos ciclos de revis�o das metas clim�ticas.
Em 2015, cada pa�s teve autonomia para colocar na mesa as suas metas de redu��o de emiss�es, as chamadas "contribui��es nacionalmente determinadas".
Al�m da diversidade de ambi��o e objetivos, elas tamb�m traziam diversos par�metros e diferentes prazos para revis�o das metas –alguns prometem revisar suas metas a cada cinco anos, outros a cada dez, outros usam ainda um sistema misto.
O Acordo de Paris previa que os diferentes prazos fossem ajustados j� na primeira reuni�o de regulamenta��o, de modo que os pa�ses pudessem monitorar seus progressos com par�metros comuns.
O Brasil fez quest�o de defender que o documento considerasse a regula��o dos ciclos de revis�o, conforme o previsto. Nos bastidores, a China se colocava contra e, em algumas comitivas, surgiram boatos de que o Brasil estaria travando o debate.
"N�s estamos propondo o avan�o", respondeu � reportagem o negociador-chefe do Brasil, Ant�nio Marcondes. Ele explica que encontrar ciclos de revis�o comuns, o que parece um mero detalhe t�cnico, tem import�ncia "legal, pol�tica e de ambi��o."
"� uma quest�o legal porque precisamos obedecer o que est� proposto; uma quest�o pol�tica, porque sem ciclos comuns n�o podemos monitorar e comparar o progresso entre os pa�ses; e, com ciclos mais curtos, os pa�ses precisam correr para fazer mais."
O pa�s ainda defendeu que fosse aberto o f�rum espec�fico para regulamenta��o do Acordo de Paris (CMA), onde s� participariam pa�ses que j� ratificaram o acordo.
Outros pa�ses em desenvolvimento queriam que a regulamenta��o continuasse sendo tratada na COP, onde todos podem opinar. No final, ficou decidido que as duas c�maras v�o trabalhar juntas at� 2018, quando todos que quiserem discutir o acordo precisar�o t�-lo ratificado em seus parlamentos nacionais.
Al�m da revis�o das metas, o documento de Marrakech coloca na agenda quest�es de educa��o e a regula��o de um fundo para financiar a��es de adapta��o ao clima.
URG�NCIA
O prazo � desafiador porque o Acordo de Paris entrou em vigor muito antes do esperado. Como o primeiro per�odo de compromissos s� come�a em 2020, os negociadores esperavam ter quatro anos para a regulamenta��o.
Mas o mundo viu urg�ncia na quest�o e, no �ltimo m�s, mais de 55 pa�ses, representando mais de 55% das emiss�es mundiais, j� tinham ratificado o documento, condi��o para que ele entrasse em vigor como lei internacional.
Agora, os pa�ses encaram apenas dois anos de prazo para detalhar as regras que v�o botar o acordo em funcionamento. � metade do tempo que levou a regulamenta��o do Protocolo de Kyoto –o primeiro acordo clim�tico era bem mais simples, com um escopo menor e menos da metade de pa�ses signat�rios.
COALIZ�O
Ao final da plen�ria, que adentrou a madruga deste s�bado (19), foi a primeira vez em que Brasil, Uruguai e Argentina fizeram uma manifesta��o conjunta sobre a import�ncia da adapta��o aos efeitos da mudan�a clim�tica. Os pa�ses defenderam respostas comuns �s quest�es h�dricas, agr�colas, florestais e ainda aos eventos extremos.
Tamb�m fora do jogo das negocia��es, outra coaliz�o causou surpresa: o f�rum dos pa�ses vulner�veis ao clima, com 48 na��es, anunciou uma meta conjunta de chegar a 100% de energias renov�veis nas pr�ximas d�cadas.
Embora n�o haja um prazo estrito, o an�ncio surpreendeu a COP pela invers�o de protagonismo: pela primeira vez os pa�ses em desenvolvimento puxam a lideran�a da transi��o energ�tica, historicamente vista como responsabilidade dos mais desenvolvidos.
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O QUE TEVE NA COP22
MISS�O
A Confer�ncia da ONU Sobre o Clima, que aconteceu em Marrakech, no Marrocos, tinha como miss�o estabelecer uma agenda de implementa��o de medidas de fiscaliza��o, transpar�ncia e de adapta��o at� o ano de 2018 sobre o que havia sido acordado no Acordo de Paris, que tem como meta limitar o aquecimento global
Fadel Senna/AFP | ||
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Membros das delega��es brincam do lado de fora da COP22 |
DE VENTO EM POPA
Por causa da implementa��o em tempo recorde do acordo de Paris –um ano–, o clima era de otimismo do �ncio da COP, mas, no fim das contas, essa euforia n�o foi at� o final
Hannah McKay/Reuters | ||
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Homem com m�scara de Donald Trump protesta em frente � embaixada americana em Londres |
EFEITO TRUMP
Tr�s dias ap�s o in�cio da confer�ncia, no dia 7, acontecia a elei��o nos EUA. A vit�ria fora do script do republicano Donald Trump pegou as delega��es e observadores de surpresa
CETICISMO
Trump defende uma posi��o c�tica em rela��o �s mudan�as clim�ticas, e � favor�vel ao uso de energia proveniente de combust�veis f�sseis e do carv�o
DESESPERO
A COP22 est� terminando sem tantos resultados not�rios. Existe uma cobran�a de "comrpomisso pol�tico" dos pa�ses contra as mudan�as clim�ticas, o que, teoricamente, ja teria sido acordo em Paris
DINHEIRO
Com EUA menos interessados na quest�o clim�tica, ser� mais dif�cil atingir os R$ 100 bilh�es de 2009 pra o Fundo Verde do Clima, o que preocupa os ambientalistas
ADAPTA��O
O tema de adapta��o �s mudan�as clim�ticas, como obras para conter os efeitos do aumento do n�vel do mar, perderem espa�os e ficaram de fora das conversas
CARV�O
A ind�stria do carv�o fez movimentos para tentar emplacar uma modalidade menos agressiva ao ambiente da produ��o de combust�vel, com grande resist�ncia por parte das ONGs
NEG�CIOS
Com poucos assuntos que interessem � maioria das pessoas, empresas e executivos aproveitam para fechar neg�cios e trocar cart�es de visitas
Juan Domingues | ||
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Blairo Maggi, ministro da Agricultura, recebe colar pelas p�rolas que proferiu na COP22 |
PRESS�O
Por sua vez, ONGs e ambientalistas aproveitam para pressionar os representantes do governo, como aconteceu ap�s as frases pol�micas de Blairo Maggi (ministro da Agricultura) sobre conflitos e mortes no campo
Livraria da Folha
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