COP22 pede 'compromisso pol�tico m�ximo' contra mudan�as clim�ticas
Fadel Senna/AFP | ||
Presidente da COP22, Salaheddine Mezouar, durante entrevista coletiva nesta quinta (17) |
A comunidade internacional pediu nesta quinta-feira um "compromisso pol�tico m�ximo" contra o aquecimento global, em um documento divulgado na v�spera do encerramento da Confer�ncia do Clima da ONU em Marrakech (COP22), marcada pela elei��o do c�tico das mudan�as clim�ticas Donald Trump para a Casa Branca.
"N�s, chefes de Estado, de governo, e delega��es reunidas em Marrakech [...] apelamos ao compromisso pol�tico m�ximo para lutar contra as mudan�as clim�ticas, uma prioridade urgente", declararam os 196 pa�ses presentes na reuni�o.
O impulso contra as mudan�as clim�ticas � "irrevers�vel" ap�s o Acordo de Paris de 2015, afirmaram os governantes e ministros que assinam o documento, intitulado "Proclama��o de Marrakech".
As mudan�as clim�ticas, um fen�meno de consequ�ncias imprevis�veis para a natureza e os humanos, s�o consideradas um "mito" por Trump, que durante a campanha � Presid�ncia dos Estados Unidos disse que estava disposto a retirar o pa�s do Acordo de Paris.
O Acordo entrou em vigor h� pouco mais de um m�s, ap�s a ratifica��o dos grandes emissores de gases de efeito estufa, entre eles os dois maiores respons�veis: Estados Unidos e China.
A amea�a de retirada dos Estados Unidos agitou as negocia��es em Marrakech. Se o pa�s optar por abandonar o pacto hist�rico, este processo levaria cerca de tr�s anos para ser conclu�do.
Os pa�ses compareceram � cidade marroquina decididos a dar in�cio � trabalhosa implementa��o do Acordo, que deve come�ar a ser aplicado a partir de 2020.
Os governos, os cientistas e as empresas precisam de um "manual de instru��es" do Acordo de Paris para planejar a urgente luta contra o aquecimento do planeta que, segundo os especialistas, n�o deve ultrapassar o limite de +2�C, caso contr�rio, as consequ�ncias seriam dram�ticas.
"Este ano presenciamos um impulso extraordin�rio contra as mudan�as clim�ticas no mundo todo. Esse impulso � irrevers�vel", insistiram os negociadores.
A COP22 terminar� na sexta-feira, ap�s cerca de duas semanas de negocia��es para come�ar a delinear o conte�do da ajuda financeira e da transfer�ncia de tecnologia aos pa�ses menos desenvolvidos, do controle m�tuo das emiss�es e das pol�ticas ambientais.
"Pedimos uma solidariedade clara com os pa�ses mais vulner�veis ao impacto das mudan�as clim�ticas", acrescentaram.
Os pa�ses ricos reafirmaram seu compromisso com a ajuda financeira de 100 bilh�es de d�lares anuais para os pa�ses pobres, em fundos p�blicos e privados, a partir de 2020.
TERREMOTO NAS NEGOCIA��ES
A sa�da dos Estados Unidos do Acordo de Paris provocaria um terremoto nas j� complicadas negocia��es sobre o clima. A comunidade internacional trabalhou durante mais de uma d�cada para chegar ao pacto hist�rico.
A medida n�o seria, por�m, sem precedentes. O Protocolo de Quioto de luta contra as mudan�as clim�ticas, que entrou em vigor em 2005, nunca foi ratificado por Washington, sob a presid�ncia de outro republicano, George W. Bush.
Os Estados Unidos tinham prometido, por outro lado, tr�s bilh�es de d�lares para o Fundo Verde para ajudar projetos ambientais em pa�ses em desenvolvimento ou pobres. At� o momento, s� repassou US$ 500 milh�es, e uma retirada tamb�m seria um duro golpe para esses investimentos.
O or�amento da pr�pria Conven��o da ONU sobre as mudan�as clim�ticas, que organiza as confer�ncias das partes signat�rias dos tratados (COP), depende parcialmente de Washington.
Trump n�o se expressou publicamente desde sua elei��o sobre a quest�o clim�tica.
Meios de comunica��o americanos e ativistas apontam, por�m, que Trump nomeou Myron Ebell, um conhecido c�tico do aquecimento global, para dirigir a Ag�ncia de Prote��o do Meio Ambiente (EPA).
Os c�ticos das mudan�as clim�ticas consideram que o aquecimento do planeta n�o � t�o grave como apontam os cientistas, que pode se tratar de uma fase como as que o planeta j� experimentou em �pocas passadas, e que, de qualquer forma, os avan�os tecnol�gicos poder�o resolver o desafio.
Os presentes na COP de Marrakesh consideram o impulso pol�tico imprescind�vel.
"Em termos da vontade de avan�ar dos pa�ses", as elei��es americanas "na realidade representaram um catalizador", avaliou o americano Alden Meyer, da Uni�o de cientistas preocupados.
"Os pa�ses, um ap�s o outro, disseram que t�m a inten��o de ficar no Acordo de Paris independente do que fa�am os Estados Unidos", acrescentou.
Os defensores da luta contra as mudan�as clim�ticas expressam tamb�m a esperan�a de que o novo governo republicano se d� conta das oportunidades de neg�cio do Acordo de Paris.
"N�o pode haver volta atr�s nos compromissos dos pa�ses desenvolvidos e n�o se pode tentar renegociar os termos do Acordo alcan�ado em Paris. Cada parte dever� assumir suas responsabilidades", advertiram em um comunicado conjunto Brasil, China, �ndia e �frica do Sul.
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