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    o impeachment

    No RS, advogado � agredido por PM e seu filho chuta soldado na cabe�a

    PAULA SPERB
    COLABORA��O PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE (RS)

    01/09/2016 20h34

    Em Caxias do Sul, na serra ga�cha, o protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) na noite da �ltima quarta-feira (31) acabou em agress�o. Um v�deo mostra um homem apanhando de policiais militares. Na sequ�ncia, um rapaz, filho do agredido, chuta a cabe�a de um dos policiais, que desmaiou e chegou a ter convuls�es.

    O v�deo foi divulgado pela M�dia Ninja, grupo de jornalistas independentes, mas � de autoria desconhecida. Ao menos tr�s policiais aparecem na cena. As imagens mostram o advogado Mauro Rog�rio Silva dos Santos, 51, sendo atingido com cassetete na cabe�a, barriga e pernas por um policial, enquanto outro PM o segura.

    Em outro momento, Santos est� no ch�o e dois policiais o agridem. O registro mostra na sequ�ncia um rapaz correndo e chutando a cabe�a de um dos policiais, que estava abaixado.

    O jovem foi identificado como Vinicius Zabot dos Santos, 21, filho do advogado. "Quem n�o faria aquilo [ao ver o pai no ch�o]?", disse o advogado � Folha.

    O advogado contou que costuma buscar o filho na sa�da da faculdade, por volta das 22h, mas por causa do protesto encontrou o filho um pouco mais tarde.

    O protesto j� havia acabado quando Santos chegou ao centro da cidade a pedido do filho, que junto com um grupo de jovens, assistia a abordagem policial a uma mulher e a um adolescente, apontados como autores de picha��es contra o atual presidente, Michel Temer (PMDB). As picha��es chamavam Temer de "golpista".

    "Peguei minha carteira da OAB e me dirigi aos policias com cautela. 'Sou advogado', eu disse. 'O senhor se retire', um deles falou, j� muito perto de mim. Logo um deles me empurrou e n�o consegui nem falar mais, me deram voz de pris�o", disse o advogado.

    Depois de agredir o PM, Vin�cius levou dois tiros da pol�cia de arma n�o-letal, na perna e nas costas –as marcas se assemelham a tiros de sal, segundo o advogado.

    MOTIVA��O

    O filho de Santos, estudante universit�rio e ex-atleta de canoagem, agora � investigado pela Pol�cia Civil por tentativa de homic�dio. Ele passou a noite na Penitenci�ria Industrial de Caxias do Sul e obteve liberdade provis�ria na manh� desta quinta (1�).

    O policial atingido com o chute na cabe�a foi o soldado Cristian Luiz Preto, 32, que desmaiou e chegou a ter convuls�es, segundo a Brigada Militar (a PM ga�cha). Preto ficou internado no Hospital Pomp�ia e recebeu alta no final da manh�. Segundo a corpora��o, ele sofreu uma concuss�o.

    O motivo que provocou a cena filmada tem vers�es diferentes. Pela justificativa da pol�cia, Santos teria interferido na abordagem dos supostos pichadores e atrapalhou o trabalho da pol�cia.

    Segundo o delegado Duarte, os policias teriam reagido depois que o advogado deu uma cabe�ada em um dos soldados, quebrando seus dentes. De acordo com o delegado, o v�deo divulgado nas redes sociais n�o mostra a agress�o feita pelo advogado.

    "Se eles acham que eu sou culpado, que divulguem as imagens das c�meras de seguran�a, ent�o", disse o advogado.

    Para Santos, os policiais n�o entenderam que ele era advogado. "Ou � preto ou � advogado, as duas coisas n�o".

    Na opini�o do advogado, houve abuso policial. "Na rua falavam baixinho que iam fazer um 'pacotinho', mas n�o entendi e disseram que tinha muita gente ali. Na delegacia, os policiais militares fizeram o tal 'pacotinho': algemaram com for�a meus bra�os nas costas, dobraram minhas pernas para tr�s por dentro das algemas e um policial sentou em cima".

    O advogado conta ainda que os policiais usaram t�cnicas de sufocamento. "� quase inimagin�vel que o ser humano fa�a isso com outro. Na delegacia me diziam: 'Doutor, o senhor vai ter que escrever com os dentes amanh�' por causa da minha m�o machucada'", disse.

    Segundo o delegado Rodrigo Duarte, o inqu�rito deve levar at� 30 dias para ser conclu�do. Pai e filho foram autuados em flagrante, o rapaz por tentativa e homic�dio e o pai, por les�o corporal grave e desacato. Os policiais envolvidos na cena n�o receberam puni��o —a Brigada Militar abriu inqu�rito policial militar para apurar a conduta dos policiais.

    O comandante respons�vel pelo policiamento em Caxias, coronel Ant�nio Osmar da Silva, n�o atendeu a reportagem. Segundo sua assessoria, o assunto � de responsabilidade do 12� Batalh�o da cidade, onde trabalham os policiais.

    Os servidores do 12� Batalh�o informaram � Folha que o respons�vel da unidade, o tenente-coronel Ronaldo Buss, n�o comentaria o caso. Procurado, no 12� Batalh�o, o capit�o Amilton Turra, que comandou a opera��o de quarta-feira, n�o atendeu as liga��es.

    EM PORTO ALEGRE

    Em Porto Alegre, uma manifesta��o contra Michel Temer percorreu diversas ruas da cidade a partir da Esquina Democr�tica, ponto tradicional de protestos dos movimentos sociais desde a ditadura militar. Um pequeno grupo atacou a sede do partido de Temer, o PMDB, quebrando janelas e a fachada do pr�dio, na Avenida Jo�o Pessoa. A tropa de choque da Brigada Militar usou bombas de g�s lacrimog�neo.

    Outro protesto, no Parque Moinhos de Vento, conhecido como Parc�o, celebrou o impeachment de Dilma vendendo chope "sem infla��o". "Dois copos por apenas cinco Temers", dizia o cartaz de divulga��o da festa.

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