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    Luiz Felipe Pond�: As redes sociais s�o o para�so das almas irrelevantes

    19/02/2015 02h00

    Resposta � pergunta As redes sociais tornam as pessoas mais ego�stas?

    SIM

    Somos banais. Quase sempre. O umbigo do mundo sou eu. Num mundo veloz e l�quido, o narcisismo parece ser um destino.

    Alguns psic�logos, oportunistas ou desesperados, come�am a suspeitar que o narcisista seria uma forma de evolu��o condicionada pela sobreviv�ncia na solid�o.

    E, na democracia, todo mundo tem opini�o sobre tudo. Enquanto isso ficava contido entre as paredes de nossa solid�o, n�o pass�vamos vexame. Agora tudo mudou.

    O ru�do das redes sociais revela nossa banalidade solit�ria aos quatro cantos do mundo. Perdemos a vergonha.

    A democracia � tagarela. A ideia parece n�o ter pedigree, mas tem. Ela � de Alexis de Tocqueville, grande intelectual franc�s que visitou os Estados Unidos em 1831 e escreveu seu colossal "Democracia na Am�rica" a partir dessa visita.

    Ilustra��o/Bel Falleiros

    A tagarelice na democracia nasce do chamado � soberania do povo. Se votamos, achamos que por isso somos capazes de emitir opini�o sobre tudo. Triste engano.

    Para al�m da tagarelice, hoje, o sentimento de invisibilidade � avassalador. As redes sociais s�o o para�so das almas irrelevantes.

    Isso n�o quer dizer que as redes n�o tenham utilidade no mundo. Seu rid�culo n�o nasce da sua inutilidade, mas sim do fetiche de ach�-las um avan�o para a "felicidade".

    O fetiche aparece quando pessoas t�m orgasmos achando que as redes tornam manifesta��es na Paulista e na S�ria marcos do avan�o democr�tico. Causas do Face s�o a marca da irrelev�ncia do ativismo no in�cio do s�culo 21.

    Ou quando fetichistas das redes sociais imaginam que elas preencham o vazio do mundo. De certa forma sim, quando a realidade nos � insuport�vel.

    De qualquer modo, numa vida em que os v�nculos s�o cada vez mais dif�ceis porque as pessoas s�o cada vez mais chatas, afogadas em seus pequenos direitos, as redes sociais podem ser a �nica amiga dispon�vel no mercado dos ego�stas.

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