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    Para rebater deputada, Bolsonaro diz que n�o a 'estupraria'

    M�RCIO FALC�O
    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRAS�LIA

    09/12/2014 16h29

    Em discurso no plen�rio da C�mara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta ter�a (9) que s� n�o "estupraria" a colega Maria do Ros�rio (PT-RS), ex-ministra de Direitos Humanos, porque ela "n�o merecia".

    Conhecido por suas posi��es pol�micas, contr�rias aos direitos humanos, Bolsonaro atacou a ministra ao rebater um discurso feito por Maria do Ros�rio minutos antes no plen�rio da C�mara, no qual a ex-ministra defendeu a Comiss�o da Verdade e as investiga��es dos crimes da ditadura militar.

    O PT discute apresentar uma representa��o contra o parlamentar por quebra de decoro parlamentar.

    "N�o saia, n�o, Maria do Ros�rio, fique a�. Fique a�, Maria do Ros�rio. H� poucos dias [na verdade a discuss�o ocorreu h� alguns anos] voc� me chamou de estuprador no Sal�o Verde e eu falei que eu n�o estuprava voc� porque voc� n�o merece. Fique aqui para ouvir", afirmou Bolsonaro.

    Irritado, o deputado tamb�m mandou a deputada "catar coquinho" e fez sucessivos ataques ao governo Dilma Rousseff.

    "Maria do Ros�rio, por que n�o falou sobre sequestro, tortura, execu��o do Prefeito Celso Daniel, do PT? Nunca ningu�m falou nada sobre isso aqui, e est�o t�o preocupados com os direitos humanos. V� catar coquinho", disse o deputado. "Mentirosa, deslavada e covarde", completou.

    Em seu discurso, Maria do Ros�rio criticou as manifesta��es pelo pa�s que defendem o retorno da ditadura militar, o que irritou Bolsonaro.

    A petista tamb�m fez uma defesa da democracia e das For�as Armadas que n�o s�o "avessas ao Estado democr�tico de direito".

    "S�o poucos na verdade, mas deveriam ter consci�ncia do esc�rnio que promovem indo �s ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da hist�ria", disse a deputada.

    Em resposta, Bolsonaro afirmou que o Dia Internacional dos Direitos Humanos � o "dia internacional da vagabundagem", uma vez que se aplica apenas a "bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e corruptos".

    Bolsonaro tamb�m fez ataques � presidente Dilma, ao afirmar que o ex-marido da petista participou de uma "execu��o" durante a luta armada na ditadura. Bolsonaro disse que o governo Dilma � o "mais corrupto da hist�ria do Brasil" com as den�ncias envolvendo a Petrobras.

    "Vamos partir para onde? Para a cubaniza��o como uma forma de salvar o Pa�s? Volta � CPMF, a nova al�quota do imposto de renda, a taxa��o de grandes fortunas. Governo canalha, corrupto, imoral, ditatorial", atacou.

    A deputada Manuela D��vila (PC do B-RS) reagiu aos ataques de Bolsonaro contra Maria do Ros�rio em sua conta no Twitter. A deputada disse que o PC do B vai ingressar com representa��o contra o parlamentar no Conselho de �tica da C�mara.

    "Quando ele diz que ela n�o merece ser estuprada diz subliminarmente que algumas mulheres merecem e que ele � potencial estuprador. No Congresso, o barco segue como se nada fosse. Um dia sou eu, noutro @Alice_Portugal, noutro @vanessasenadora, hoje @_mariadorosario", disse em refer�ncia a outras parlamentares que j� receberam cr�ticas de Bolsonaro.

    REINCIDENTE

    Esta � a segunda vez em que Bolsonaro, na condi��o de deputado, diz que n�o estuprar� Maria do Ros�rio porque ela n�o merece. Em novembro de 2003, ele discutiu com ela, que era deputada, diante das c�meras da RedeTV! no Congresso Nacional.

    A ent�o deputada acusou Bolsonaro de promover viol�ncia, inclusive viol�ncia sexual: "O senhor promove sim", dizia a deputada. "Grava a� que agora eu sou estuprador", retrucou o pepista. "Jamais iria estuprar voc�, porque voc� n�o merece", acrescentou.

    Diante da fala, Maria do Ros�rio disse que daria uma bofetada em Bolsonaro se este tentasse algo. Passou a receber empurr�es do deputado, que a respondia "d� que eu te dou outra", antes de come�ar a chama-la de "vagabunda" e ser contido pelos seguran�as da C�mara.

    Alterada, a petista o criticou por chamar qualquer mulher de "vagabunda".

    Em entrevista, Bolsonaro disse a briga come�ou com um coment�rio sobre a redu��o da maioridade penal. Ao ouvir que Maria do Ros�rio era contr�ria � medida, sugeriu que a deputada contratasse o Champinha (Roberto Alves da Silva), que participou do estupro e assassinato de Liana Friedenbach, para ser motorista de sua filha.

    RESPOSTA

    Ap�s a confus�o, Maria do Ros�rio afirmou que deseja "dist�ncia" de Bolsonaro e vai pedir para que o comando da Casa o impe�a de mencion�-lo. A petista afirmou ainda que considera a atitude dele t�pica de um torturador.

    A deputada Jandira Feghali (PC do B) disse que o PC do B avalia se vai apresentar uma representa��o no Conselho de �tica por quebra de decoro parlamentar e tamb�m uma queixa crime no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Segundo ela, al�m de ter assumido que foi torturador durante o regime militar, agora, Bolsonaro "assume que � estuprador".

    O presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que Maria do Ros�rio tem inst�ncias dentro da institui��o para pedir a avalia��o do caso.

    "A deputada tem todo o instrumental da C�mara para recorrer, para contestar e a C�mara se pronunciar no caso de excesso e abuso punir o deputado, se assim entender. Na C�mara, n�o pode ter esse tipo de comportamento. Temos que dar o exemplo aqui nas rela��es pol�ticas e pessoais", disse.

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