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    Oposi��o no MA, Dino vence e encerra ciclo de poder dos Sarney

    DI�GENES CAMPANHA
    ENVIADO ESPECIAL AO MARANH�O

    05/10/2014 19h41

    Candidato da oposi��o, o ex-juiz federal Fl�vio Dino (PC do B) foi eleito governador do Maranh�o neste domingo (5), numa elei��o que encerra um ciclo de quase 50 anos de poder no Estado do grupo pol�tico do senador Jos� Sarney (PMDB-AP).

    O vencedor no pleito ficou 63,52% dos votos. Edison Lob�o Filho (PMDB), apoiado pela fam�lia Sarney, teve 33,69% e ficou em segundo lugar.

    Advogado e ex-presidente da Embratur, Dino liderou as pesquisas com folga durante toda a campanha.

    Na manh�, ao votar em S�o Lu�s, Dino comparou sua prov�vel vit�ria � campanha das Diretas J�, em 1984, quando iniciou sua milit�ncia pol�tica.

    � noite, ap�s a confirma��o da vit�ria, disse: "Hoje viramos a p�gina do passado. Nosso Estado finalmente entra no s�culo 21. Vamos viver a partir de agora ares verdadeiramente democr�ticos e republicanos".

    Ele homenageou o pai, S�lvio Dino, 84, que teve o mandato de deputado estadual cassado em 1964 "sob a acusa��o de ser comunista". "N�s vencemos, pai, os comunistas venceram."

    "Quero mandar um recado para todos os fascistas do Brasil: um partido comunista vai governar um Estado brasileiro. Ser� interessante ver ser aplicada pela primeira vez uma experi�ncia de governo democr�tico e popular baseado na soberania dos pobres."

    Dino chorou ao se lembrar do filho Marcelo, morto em 2012, aos 13 anos, ap�s se internar em um hospital privado de Bras�lia com uma crise de asma.

    "Superei o mais duro golpe que um pai pode receber. Claro que estou feliz de receber milhares de abra�os, mas falta um abra�o. Cada crian�a que abracei era a vida do meu filho que estava em jogo."

    Ele prometeu anunciar ap�s a posse um pacote de medidas de probidade e transpar�ncia e outro com "provid�ncias especiais" para as 20 cidades com os menores IDH (�ndice de Desenvolvimento Humano do Estado).

    "Vamos romper com o patrimonialismo que canibaliza os recursos p�blicos, tirar nosso Estado das p�ginas policiais e melhorar os indicadores sociais", completou.

    Derrotado no primeiro turno pela governadora Roseana Sarney em 2010, Dino fez neste ano uma alian�a pragm�tica para evitar nova derrota. Reuniu os principais partidos da oposi��o e antigos aliados da chamada "oligarquia", como o ex-governador Jos� Reinaldo Tavares (PSB), que rompeu com Sarney em 2004.

    O deputado estadual Marcelo Tavares (PSB), sobrinho de Jos� Reinaldo, foi um dos coordenadores de sua campanha e deve ter destaque no novo governo.

    A alian�a de nove partidos contou ainda com o PSDB, em acordo articulado com o aval do presidenci�vel A�cio Neves, que visitou o Estado e esteve com Dino em agosto.

    Mesmo com essa coliga��o, o comunista teve menos tempo de TV durante a propaganda eleitoral gratuita: 5min59s contra 9min31s de Lob�o Filho.

    A diferen�a se explica pela coliga��o do peemedebista, com 18 partidos. Dino, contudo, havia investido mais. Sua campanha declarou R$ 5,6 milh�es em despesas contra R$ 3,3 milh�es de Lob�o Filho, segundo a presta��o parcial de contas mais recente.

    PALANQUE TRIPLO

    Apesar da marca forte como "candidato da oposi��o", Dino teve uma particularidade no Estado. Ele dizia ter apoio dos tr�s principais postulantes ao Planalto, j� que o PC do B � aliado dos petistas nacionalmente, o seu vice � do PSDB de A�cio Neves e o candidato ao Senado � do PSB de Marina Silva.

    Nesse cen�rio, o candidato do PC do B n�o declarou em quem votou para presidente. O PT apoiou Lob�o Filho por imposi��o do comando nacional da sigla, mas uma ala do partido fazia campanha para Dino.

    Na reta final, a presidente Dilma Rousseff autorizou a distribui��o de material com sua foto ao lado do comunista, que presidiu a Embratur em seu mandato. Ela n�o gravou para Lob�o Filho, que exibiu em seu programa de TV apenas o depoimento do ex-presidente Lula.

    Al�m de pregar o fim da "oligarquia", Dino apresentou como principais promessas de campanha vers�es locais de programas do governo federal, como o Mais M�dicos estadual, o "Minha Casa Meu Maranh�o" e uma complementa��o do Bolsa Fam�lia, que ele comparava a um 13� sal�rio, para a compra de material escolar.

    RIVAL SEM ROSTO

    Aliados e at� advers�rios afirmam que Dino se beneficiou de um sentimento por "mudan�a" que dominou a campanha eleitoral no Estado.

    "Nosso advers�rio n�o tinha um rosto. Havia um sentimento da popula��o, e o Fl�vio conseguiu se apresentar como condutor dessa mudan�a", disse o ex-ministro Gast�o Vieira (PMDB), que disputou o Senado na chapa de Lob�o Filho.

    O pr�prio candidato do PMDB, embora defendesse o legado de Roseana e da fam�lia Sarney, tamb�m evitou se apresentar como representante da continuidade.

    Ao votar, no in�cio da manh�, no centro de S�o Lu�s, Lob�o Filho disse que o "ciclo da fam�lia Sarney" estava se encerrando pela decis�o de seus dois principais representantes –Roseana e Sarney– de n�o se candidatarem mais a cargos eletivos.

    O ex-presidente abriu m�o de concorrer a um novo mandato de senador pelo Amap�, e Roseana preferiu concluir o mandato, desistindo de disputar a vaga para o Senado.

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