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    F�sica e filha de pastor virou a "mam�e austera" da Uni�o Europeia

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

    24/09/2017 02h00

    THOMAS KIENZLE/AFP
    A chanceler alem�, Angela Merkel, fala em com�cio de seu partido, o CDU, em Ulm
    A chanceler alem�, Angela Merkel, fala em com�cio de seu partido, o CDU, em Ulm

    A chanceler alem�, Angela Merkel, 63, est� h� tanto tempo no poder que j� teve a oportunidade de mudar de imagem em mais de uma ocasi�o, como quem troca de figurino durante um show.

    Ela foi de "bad cop" a "good cop" –da policial durona �quela que afaga para conseguir o que quer- nos �ltimos 12 anos, e mesmo o curioso tique com as m�os (um losango com os polegares e indicadores, conhecido como "diamante de Merkel") passou de gesto inc�modo a familiar.

    Merkel nasceu em Hamburgo, mas foi criada na Alemanha Oriental, � �poca um territ�rio comunista. Casada duas vezes, n�o teve filhos.

    Com a queda do Muro de Berlim em 1989, ela se dedicou � pol�tica, tornando-se ministra de Mulheres e Jovens no governo do chanceler Helmut Kohl, que lhe chamava de "mein M�dchen", ou "minha garota".

    Em r�pida ascens�o, Merkel foi eleita em 2005 ao primeiro mandato como chanceler. Formada em f�sica, filha de um pastor protestante, era retratada �queles anos com a cara fechada e um qu� de provinciana.

    Quando a crise de 2008 empurrou a Europa para um abismo de d�vidas, ela foi uma esp�cie de m�e austera a obrigar a prole a tomar medidas dolorosas. Ganhou o apelido de "Mutti" (mam�e).

    Defendeu cortes nos gastos de vizinhos como Espanha, Gr�cia e It�lia. O epis�dio fez com que cidad�os desses pa�ses a culpassem pela austeridade. Respeitada no pa�s pela dureza com que lidou com a crise, Merkel foi reeleita em 2009 para um segundo mandato de quatro anos. Ela j� era vista, �quela altura, como uma esp�cie de defensora da Uni�o Europeia.

    Foi nessa �poca que o ent�o premi� italiano, Silvio Berlusconi, supostamente descreveu Merkel com uma frase machista: a alem� seria uma "bunduda incom�vel", express�o que nega at� hoje.

    Merkel conquistou o terceiro mandato em 2013, quando a crise financeira j� havia arrefecido. Mas n�o teve tanto sossego, e foi for�ada em 2015 a lidar com um dos maiores desafios de sua carreira pol�tica: a crise dos refugiados.

    A chanceler decidiu permitir a entrada de hordas de migrantes naquele ano, a estrat�gia de "portas abertas". Quase 1 milh�o de pessoas chegou � Alemanha.

    Ela cunhou seu pr�prio bord�o, "wir schaffen das" (n�s conseguimos isso). � seu equivalente ao "Yes we can" (sim, podemos) do ex-presidente americano Barack Obama, que ali�s disse que Merkel foi sua aliada mais pr�xima.

    H� d�vidas sobre se Merkel destrancou os port�es alem�es por convic��o –a cria��o crist� lhe d� a norte moral, afirmam analistas– ou por c�lculo pol�tico.

    � hist�rico o epis�dio em que Merkel, em um programa de televis�o, disse a uma refugiada palestina que nem todos os migrantes poderiam ficar, e a garota chorou. Desconcertada, Merkel foi at� ela e deu tapinhas no ombro.

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