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    Petr�leo venezuelano cria dilema para Trump e mant�m EUA atados

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    06/08/2017 02h00

    Andres Martinez Casares - 25.jul.2017/Reuters
    Ve�culos abastecem em posto de combust�vel da petroleira estatal PDVSA em Caracas
    Ve�culos abastecem em posto de combust�vel da petroleira estatal PDVSA em Caracas

    Mais impopular para o presidente Donald Trump do que n�o punir a ditadura de Nicol�s Maduro da forma mais dura poss�vel seria deixar que o pre�o da gasolina disparasse nos Estados Unidos.

    Esse � um dos principais motivos pelos quais o americano ainda n�o avan�ou com as san��es sobre o setor de petr�leo da Venezuela. Os impactos n�o seriam apenas para a j� castigada popula��o do pa�s, cujo petr�leo representa 95% de todas as suas exporta��es.

    Os EUA importam 777 mil barris de petr�leo por dia da Venezuela, que � o terceiro maior exportador para o pa�s (7,5% do total importado), atr�s apenas do Canad� e da Ar�bia Saudita.

    Marco Bello - 12.jan.2017/Reuters
    Posto de combust�vel da PDVSA, estatal de petr�leo da Venezuela, em Caracas
    Posto de combust�vel da PDVSA, estatal de petr�leo da Venezuela, em Caracas

    O impacto de bloquear o petr�leo venezuelano seria sentido na bomba de combust�vel. Um c�lculo feito pela consultoria PKVerleger LLC estima um aumento de US$ 0,25 a US$ 0,30 por gal�o (3,79 litros) em duas semanas, se os EUA suspendessem a importa��o da Venezuela.

    Hoje, o pre�o m�dio do gal�o de gasolina no pa�s � US$ 2,35 (o equivalente a cerca de R$ 1,94 por litro).

    "O impacto poderia ser significativo, com aumento do pre�o da gasolina, falta de estoque de petr�leo bruto para as refinarias nos EUA e uma potencial perda de empregos", afirma David Mortlock, ex-diretor de Assuntos Econ�micos Internacionais do Conselho de Seguran�a Nacional da Casa Branca.

    S� a Citgo, subsidi�ria da petroleira venezuelana PDVSA nos EUA, que importa cerca de 200 mil barris por dia da Venezuela, tem tr�s refinarias no pa�s (Texas, Louisiana e Illinois), 48 terminais de abastecimento e 6.000 postos pelos EUA, onde trabalham 46 mil pessoas.

    Mortlock, que assessorou o ent�o presidente Barack Obama sobre san��es contra R�ssia, Ir�, Cuba e S�ria, est� preparando, com o especialista em energia na Am�rica Latina Francisco Monaldi, da Universidade Rice, um levantamento para o "think tank" Atlantic Council sobre as possibilidades que o governo Trump tem agora.

    Importa��o de petr�leo bruto ou produtos de petr�leo da Venezuela - Em milhares de barris

    Para Mortlock, ainda n�o � hora de o presidente suspender as exporta��es da Venezuela. "A meta � mostrar a Maduro e seus apoiadores que os custos ser�o maiores � medida que eles tomarem passos se distanciando da democracia", diz. "Se ele for direto para esse tipo de san��o, n�o ter� muito mais o que fazer."

    Na lista de a��es graduais para pressionar o regime venezuelano, est�o aplicar san��es �s institui��es e �s empresas ligadas �s autoridades do alto escal�o do governo da Venezuela que j� s�o alvo de restri��es e proibir qualquer institui��o financeira dos EUA de dar novos cr�ditos � PDVSA, o que pressionaria mais a liquidez da petroleira.

    Uma �ltima op��o antes de suspender as importa��es da Venezuela seria parar de exportar os 100 mil barris de petr�leo leve americano di�rios que a Venezuela mistura com o petr�leo bruto que produz antes de vend�-lo.

    "Acho at� que os venezuelanos v�o ser capazes de substituir [o petr�leo leve americano], mas as margens de lucro v�o ser menores", diz Monaldi, destacando que a melhor op��o para Caracas, neste caso, � bater � porta da R�ssia, que j� negocia esse tipo de combust�vel com o pa�s. "A quest�o � quanto os russos estar�o dispostos a colaborar."

    A op��o parece mais adequada para os EUA, por n�o afetar diretamente o seu mercado interno, mas ter impacto na capacidade da Venezuela de produzir gasolina.

    O caso mais extremo, a suspens�o das importa��es da Venezuela, teria efeito "devastador" segundo Alejandro Grisanti, diretor da consultoria Ecoanalitica. "A posi��o dos EUA � que as san��es ponham press�o sobre o governo e ao mesmo tempo n�o causem mais dor � popula��o venezuelana, que j� enfrenta uma forte crise."

    Grisanti diz que, nos EUA, os impactos poderiam ser mitigados usando reservas de petr�leo bruto do pa�s -que, segundo seus c�lculos, poderiam abastecer por mais de quatro meses as refinarias hoje importadoras da Venezuela.

    Outra alternativa � que os EUA comprem mais de pa�ses como Canad� e Col�mbia. "A log�stica � que pode se tornar complicada", pondera Mortlock. "Levar o petr�leo do Canad� para as refinarias do golfo do M�xico pode se tornar um desafio, mas tenho certeza de que o governo est� discutindo esses planos de conting�ncia."

    Origem das importa��es de petr�leo dos EUA - Em 2017

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