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    Obama � o primeiro candidato negro � Presid�ncia por um grande partido

    Colabora��o para a Folha Online

    13/06/2008 20h26

    No come�o da campanha eleitoral, ainda em 2007, poucos apostavam na candidatura de Barack Hussein Obama. Senador por Illinois em seu primeiro mandato, ele era um desconhecido diante da ex-primeira-dama Hillary Clinton.

    Mas com uma estrat�gia bem definida --ganhar as pequenas vota��es e "caucus" (assembl�ias de eleitores)-- e a percep��o de que os eleitores buscam uma mudan�a na administra��o do pa�s --principal lema de sua campanha--, Obama conquistou a nomea��o democrata com o apoio em massa dos superdelegados ap�s as �ltimas prim�rias democratas.

    Na noite de 3 de junho, ap�s a contagem dos votos de Montana e Dakota do Sul, a equipe de campanha de Obama celebrou a conquista in�dita. Obama � o primeiro negro a se tornar candidato � Presid�ncia dos EUA por um grande partido.

    E a quest�o racial, mesmo que de forma velada, pontuou a campanha do senador. Ap�s a descoberta dos serm�es controversos de Jeremiah Wright, seu ex-pastor por 20 anos com quem teve que romper, Obama fez um discurso sobre a tem�tica que ficou marcado como exemplo do poder de sua ret�rica que atrai milhares aos seus com�cios.

    "Escolhi disputar a Presid�ncia neste momento hist�rico porque acredito profundamente que n�o podemos resolver os desafios de nossa era a n�o ser que o fa�amos juntos, a n�o ser que aperfei�oemos nossa uni�o ao compreender que, embora nossas hist�rias pessoais possam diferir, temos esperan�as comuns", disse Obama, na �poca.

    Mesmo sem anunciar constantemente o fato de poder ser o primeiro presidente negro dos EUA, � entre os eleitores negros que Obama tem os maiores �ndices de vota��o. Uma pesquisa recente do instituto Gallup mostrou que Obama tem 93% das inten��es de votos entre este eleitorado.

    Contudo, outra pesquisa do mesmo instituto avaliou o impacto da quest�o racial e mostrou que uma grande maioria dos eleitores negros, 78%, e uma maioria ainda maior dos eleitores brancos, 88%, negam a influ�ncia da quest�o racial em seu voto. O mesmo cen�rio aparece entre os eleitores hisp�nicos; 60% deles afirmam que n�o votam por quest�es raciais.

    Outro grande eleitorado de Obama est� na camada mais jovem da popula��o, os estudantes de classe m�dia e alta que vivem em meio � diversidade das universidades, influenciados pelo rap e pela m�sica negra em geral.

    Michael Nagle-05.fev.08 /Efe
    CHA31 NUEVA YORK (ESTADOS UNIDOS), 05.02.08.- Un hombre hace campa�a por Barack Obama en el cruce de 125th Street y Lenox Avenue en Harlem, Nueva York, Estados Unidos, hoy martes 5 de febrero, conocido como "super martes" en el que se elige a los candidatos a la presidencia del pa�s en 22 estados. EFE/Michael Nagle
    Homem faz campanha por Obama; senador � muito popular entre os jovens e os negros

    "A verdadeira ess�ncia do apelo de Obama � a id�ia de que ele representa o idealismo racial --a id�ia de que ra�a � algo que os EUA podem transcender", disse Shelby Steele, pesquisadora da Institui��o Hoover da Universidade Stanford, ao "Wall Street Journal".

    "� uma id�ia muito atraente. Muitos americanos realmente gostariam de encontrar um candidato negro em quem poderiam votar tranq�ilamente para presidente dos EUA", completa.

    Em seu discurso sobre o tema, Obama falou que espera transcender as diferen�as entre os povos para que juntos possam conquistar um futuro melhor para seus filhos e netos. "Essa cren�a deriva de minha f� inabal�vel na dec�ncia e na generosidade do povo dos Estados Unidos. Mas tamb�m deriva de minha hist�ria pessoal como americano".

    Origens

    Filho de Barack Hussein Obama, um homem negro do Qu�nia educado em Harvard e de Ann Dunham, uma mulher branca de Wichita, no Estado do Kansas, Obama fala de suas origens como as de um candidato "n�o convencional".

    Ele nasceu em Honolulu, no Hava�, em 4 de agosto de 1961, e seus pais se separaram quando ele tinha dois anos. O democrata morou na Indon�sia enquanto crian�a, ap�s sua m�e se casar com um indon�sio, e depois viveu no Hava�, com seus av�s brancos.

    As idas e vindas deram, segundo sua pr�pria opini�o, as ferramentas necess�rias para que pudesse se tornar um pol�tico h�bil na hora de fazer coliga��es e tra�ar alian�as.

    "Ele se movimenta entre v�rios mundos", afirma sua meia irm�, Maya Soetoro-Ng. "� o que fez em toda a sua vida".

    "Sou filho de um homem negro do Qu�nia e de uma mulher branca do Kansas. Fui criado com a ajuda de um av� negro que sobreviveu � Depress�o e combateu no ex�rcito de Patton durante a Segunda Guerra Mundial, e de uma av� branca que trabalhou em uma linha de montagem de bombardeiros, em Fort Leavenworth, enquanto seu marido servia no exterior", descreve-se Obama.

    Ibrahim Elmi /Efe
    NBI003.WAJIR (KENIA).25/2/2008.- Fotograf�a distribuida hoy lunes 25 de febrero de 2008 que muestra al senador y aspirante dem�crata a candidato presidencial Barack Obama (d), quien recibe el traje tradicional somal� de Sheikh Mahmed Hassan en Wajir, Kenia el 27 de agosto de 2008. Obama recibi� un camello de regalo en se�al de aprecio pero opt� por donarlo a la poblaci�n local tras una visita a las viviendas de la zona que sufri� una grave sequia a principio de este a�o.EFE/IBRAHIM ELMI
    Fotografia distribu�da em fevereiro que incitou boatos sobre a religi�o de Barack Obama

    Por sua fam�lia mu�ulmana, Obama enfrentou boatos de que seria tamb�m um mu�ulmano, religi�o que muitos americanos associam negativamente ao extremismo. Os boatos foram refor�ados com a divulga��o de uma foto na qual Obama aparece com trajes t�picos em visita ao Qu�nia, onde sua fam�lia paterna mora.

    Obama converteu-se, j� adulto, ao cristianismo e � membro da Igreja Batista da Trindade Unida em Cristo, em Chicago. Sua equipe acusou a campanha de Hillary, sua rival � �poca, pela divulga��o da foto.

    "Tenho irm�os, irm�s, sobrinhas, sobrinhos, primos e tios de todas as ra�as e matizes, espalhados por tr�s continentes e, por mais que eu viva, jamais me esquecerei de que em nenhum outro pa�s do planeta minha hist�ria seria poss�vel", afirma Obama, sobre sua hist�ria familiar.

    Sua av�, Sara, tornou-se uma celebridade no Qu�nia ap�s a conquista da nomea��o. Ela recebe diariamente dezenas de jornalistas para quem declara o orgulho que sente do neto.

    Em uma medida muito bem planejada de sua campanha, Obama prefere n�o utilizar o r�tulo de presidente negro, t�o citado por seus eleitores e pela m�dia. Cauteloso, ele n�o quer ficar estereotipado como candidato de um �nico eleitorado e arriscar perder importantes grupos demogr�ficos do pa�s.

    Sua adolesc�ncia no Hava� foi marcada n�o s� por uma destacada trajet�ria escolar, mas tamb�m por anos de contraven��o. Na �poca, Obama experimentou maconha e coca�na, conforme afirma em sua biografia "Dreams from my Father: A Story of Race and Inheritance" (Sonhos de meu pai: Uma hist�ria de Ra�a e Heran�a).

    Como previa, a hist�ria veio � tona quando Robert Johnson, fundador da Black Entertainment Television e fiel apoiador de Hillary lembrou do epis�dio dias antes das prim�rias da Carolina do Sul.

    Na �poca, ele se defendeu dizendo acreditar "que o americano m�dio sabe que o que algu�m faz quando � adolescente, h� 30 anos, provavelmente n�o � relevante em como vai desempenhar seu papel de presidente dos Estados Unidos".

    Forma��o

    Com um bom hist�rico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional e renomada Universidade Harvard e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago antes de ser eleito senador por Illinois, em 2004.

    Foi em Harvard que Obama conheceu sua mulher, Michelle, com quem se casou em 1992. Em uma campanha que prega o novo, Michelle � um dos triunfos de Obama. Negra e com forma��o universit�ria, Michelle � um cabo eleitoral importante de Obama entre as mulheres.

    O professor de ci�ncia pol�tica Bruce Newmann, da Universidade De Paul, aponta a participa��o de Michelle como fundamental para mostrar que Obama � um democrata dos novos tempos, que coloca sua mulher ao seu lado no palco dos eventos, e n�o apenas nos bastidores.

    Obama e Michelle tem duas filhas. Malia, 9 e Sasha, 6 que aparecem na m�dia apenas nos momentos de grandes conquistas, quando Obama garantiu a nomea��o democrata.

    Ajudado por seu carisma e ret�rica refinada, Obama ganhou popularidade ao longo da campanha e foi o candidato que melhor soube utilizar as ferramentas da internet.

    Inexperi�ncia

    Se h� um ano poucos sabiam soletrar seu nome, hoje Obama est� na lideran�a da disputa pela Presid�ncia dos EUA. A pesquisa mais recente do canal NBC News e do jornal "Wall Street Journal" aponta que Obama tem 47% das inten��es de voto contra 41% do republicano John McCain.

    No come�o de sua campanha, Obama brincava freq�entemente que o povo n�o se lembrava de seu nome. A pr�pria rede de TV norte-americana CNN teve de fazer uma corre��o ap�s confundir o nome do senador com o do terrorista de origem saudita Osama bin Laden, l�der da rede Al Qaeda.

    Cham�-lo de "Barack Osama", no entanto, n�o foi um engano cometido exclusivamente pela rede de TV. Outros pol�ticos, principalmente da oposi��o, j� erraram seu sobrenome algumas vezes.

    Sua ascens�o na corrida democrata deve-se muito �s suas promessas de mudan�as e o fato de n�o estar associado --como Hillary Clinton-- ao que chama de "velha pol�tica" de Washington.

    Mas o argumento da inexperi�ncia ser�, como apontam os analistas, o maior argumento da campanha republicana para atacar sua candidatura. McCain, ali�s, j� declarou in�meras vezes que Obama n�o est� preparado para governar os EUA e que fala de pol�tica externa sem ter experi�ncia no assunto.

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