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    Di�rio de Paris - Le Corbusier, o amb�guo

    LUCAS NEVES

    24/05/2015 02h04

    O cinquenten�rio de morte de Le Corbusier (1887-1965) inspira programas de TV e exposi��es laudat�rias em torno do arquiteto, como a que o Centro Pompidou lhe dedica at� 3/8.

    Mais afastados do paneg�rico est�o tr�s livros cujo lan�amento coincide com a efem�ride. "Une Froide Vision du Monde" (Uma vis�o fria do mundo), de Marc Perelman, "Un Fascisme Fran�ais" (Um fascismo franc�s), de Xavier de Jarcy, e "Un Corbusier", de Fran�ois Chaslin, questionam os servi�os prestados pelo arquiteto a regimes autorit�rios, de Moscou (sob St�lin) a Vichy (governo colaboracionista franc�s), passando pela Roma mussoliniana.

    Benoit Tessier/Reuters
    Cria��es do arquiteto na exposi��o "Le Corbusier: As Medidas do Homem" no Centre Pompidou, em Paris
    Cria��es do arquiteto na exposi��o "Le Corbusier: As Medidas do Homem" no Centre Pompidou

    Chaslin, comedido, sugere que a "miopia" do personagem seria produto mais de gan�ncia do que de alinhamento ideol�gico –mesmo que, grande entusiasta da ordem e da padroniza��o, ele n�o estivesse muito distante do programa fascista.

    Perelman � mais virulento: ao "Le Monde" diz que, al�m de escrever para publica��es de extrema direita, "na maioria antissemitas", Le Corbusier fez de sua arquitetura uma encarna��o do "diktat" nazifascista da banaliza��o do corpo. De sua prancheta teriam sa�do c�rceres de concreto e vidro, onde os homens virariam "um corpo �nico controlado pela tecnologia do edif�cio moderno, uma massa de modelar nas m�os do arquiteto demiurgo e fascista".

    PROFISS�O: CINEASTA

    A Cinemateca Francesa abriga at� 19/7 a exposi��o "Antonioni, nas Origens do Pop".

    O recorte sugerido pelo t�tulo n�o vai muito al�m, entretanto, de men��es ao retrato amb�guo (glamour/vacuidade) da moda e da publicidade em "Blow-up - Depois daquele Beijo" (1966) –em di�logo estrito com temas-fetiche da arte pop– e ao uso do rock psicod�lico nas trilhas deste e de "Zabriskie Point" (1970).

    O que a curadoria prop�e de fato � um percurso cronol�gico da carreira do italiano. Ali, mais interessante do que tentar esgotar o copioso conjunto de fotos, cartazes, cr�ticas, excertos de roteiros e cartas, � se concentrar na dezena de quadros selecionada para explicitar a ascend�ncia pict�rica sobre a filmografia dele.

    O tempo em suspens�o em De Chirico, a cr�tica ao solapamento da escala humana pela industrial em Burri e a virtual indistin��o das massas de cor em Rothko como tradu��o da dissolu��o de par�metros morais: s�o todos motivos que o cineasta morto em 2007 incorporaria � sua paleta.

    'VAQUINHA' OL�MPICA

    Pr�-candidata a sede da Olimp�ada de 2024, a capital francesa aposta no "crowdfunding" para cobrir parte dos gastos de campanha, estimados entre 60 e 80 milh�es de euros (R$ 205 milh�es e R$ 273 milh�es).

    A largada da "vaquinha" virtual deve acontecer em setembro. Conforme o valor doado, o mecenas ganhar� desde um reles bracelete nas cores da bandeira nacional at� uma vaga no revezamento dos portadores da tocha ol�mpica –se a cidade se sagrar vencedora.

    Sede dos Jogos de 1900 e 1924, Paris foi preterida para as edi��es de 1992, 2008 e 2012. Roma, Hamburgo e Boston s�o algumas das advers�rias da vez. Em caso de vit�ria, os franceses preveem gastar 6,2 bilh�es de euros (R$ 21 bilh�es) –cifra que inspira ceticismo, dado o hist�rico de Londres (cerca de R$ 41 bilh�es) e Pequim (entre R$ 109 e R$ 130 bilh�es, segundo a fonte).

    TODOS (N�O) EST�O SURDOS

    A temporada da pe�a "Filhos do Sil�ncio" na Com�die Fran�aise, encerrada na semana passada, foi marcada por um protesto "sui generis". Na estreia, 50 surdos se reuniram � entrada do teatro para brandir cartazes e distribuir panfletos com as inscri��es "segrega��o no trabalho" e "o pior surdo � o que n�o quer ouvir".

    Isso porque o espet�culo, apesar de ambientado em uma escola para surdos, n�o emprega nem sequer um ator com defici�ncia auditiva –� aparentemente a primeira vez que isso acontece desde a premi�re do texto do americano Mark Medoff, em 1980. O autor abriu exce��o para a prestigiosa companhia estatal francesa, que s� escala int�rpretes de seu elenco fixo.

    Em resposta ao queixume, a Com�die informou que os atores tiveram aulas de linguagem de sinais durante quase um ano e que a montagem ajuda a aproximar do p�blico o cotidiano dos surdos.

    LUCAS NEVES, 31, � jornalista.

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