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    Document�rio 'Uma Noite em 67' impressiona pelo tom confessional

    RAFAEL GREGORIO
    DE S�O PAULO

    21/10/2017 03h37

    Gilberto Gil se emociona ao confessar o medo da morte; Caetano Veloso se emociona ao confessar o protagonismo do amigo baiano sobre a inova��o da tropic�lia; Chico Buarque se emociona ao confessar que n�o se lembra das reuni�es que formaram o movimento, pois estava b�bado.

    O clima emotivo e confessional d� o tom das entrevistas com os personagens do 3� Festival da M�sica Popular Brasileira, e cri�-lo foi uma das maiores dificuldades para fazer o document�rio "Uma Noite em 67" (2010).

    � o que lembra Ricardo Calil, que dirigiu o filme ao lado de Renato Terra. "O que a gente fez foi se preparar muito e desenvolver uma pauta extensa sobre cada entrevistado, para depois poder abandonar essa pauta e ter uma conversa."

    E qual foi o maior obst�culo? "Dois cineastas iniciantes desenvolverem a paci�ncia e a sabedoria para entender que o cinema leva tempo", diz Calil, tamb�m jornalista.

    Tampouco foi f�cil definir o recorte do trabalho, que come�ou como uma retrospectiva de 1965 a 1968, depois almejou retratar o ano de 1967, transmutou-se em um registro do festival, passou a focar apenas a final do evento e, por fim, "virou o que �: um filme sobre seis m�sicas".

    Apesar da abund�ncia de detalhes e depoimentos, ficaram de fora entrevistas com Elis Regina (1945-1982) e Johnny Alf (1929-2010), por exemplo —s� com artistas, foram mais de 30 conversas.

    "Nenhum corte foi f�cil", diz Calil. "A edi��o � um processo de sofrimento."

    VIVA VAIA

    Outro destaque de "Uma Noite em 67" � o retrospecto da vaia, uma das marcas daquela edi��o do evento dedicado a revelar talentos na m�sica popular brasileira.

    Inflamado tal qual torcida organizada, o p�blico recepcionou v�rios artistas de forma pouco amistosa. Caetano Veloso dobrou-o com sorrisos e, ao final, verteu em aplausos os gritos col�ricos.

    S�rgio Ricardo, n�o. Irritado com a rea��o do p�blico antes de se apresentar, o m�sico destruiu seu viol�o e jogou os restos dele na plateia.

    Embora o momento atual tamb�m seja de polariza��o, Calil n�o acha poss�vel tra�ar paralelo entre aquele instante e atuais rea��es contra as artes, como em recentes campanhas contra exposi��es.

    Por outro lado, o cineasta se impressiona com o que v� como uma enorme demanda por um produto que retratasse aquele momento hist�rico.

    "A gente fez um filme motivado pela paix�o pelo acontecimento e pelos artistas, mas n�o tinha no��o" do tamanho da recep��o, afirma.

    Ele completa: "At� hoje nos surpreende como o filme continua um assunto; existe um desejo de reencontrar aquele momento".

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