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    Regina Duarte retoma dire��o teatral com brutalidade de Harold Pinter

    MARIA LU�SA BARSANELLI
    DE S�O PAULO

    03/10/2017 02h10

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    P�gina do quadrinho 'Aqui' (2014), de Richard McGuire
    Jo�o Carlos (deitado), Alessandra Negrini e Igor Kowalewski em ensaio de "A Volta ao Lar"

    Regina Duarte viu na brutalidade de "A Volta ao Lar", espet�culo do brit�nico Harold Pinter (1930-2008), um reflexo do mundo hoje.

    "A pe�a tem muita contemporaneidade. O mundo est� depauperado, levando um soco no est�mago", diz ela. "� uma falta de afeto, estamos numa guerra n�o declarada."

    � Regina quem dirige uma montagem do texto, que estreia nesta ter�a-feira (3) em S�o Paulo. A brutalidade de Pinter � representada por uma fam�lia inglesa, filha de a�ougueiros e �rf� de m�e.

    O primog�nito Teddy (Mauricio Agrela) retorna ao lar ap�s oito anos e apresenta pela primeira vez aos familiares a sua mulher, Ruth (Alessandra Negrini).

    Aquela presen�a feminina, at� ent�o inexistente na casa, suscita rea��es violentas no cl� masculino: o patriarca (Igor Kowalewski), os filhos Lenny (Rodrigo de Castro), Joey (Jo�o Carlos) e o tio Sam (Ivan Bellangero).

    Tudo � acentuado pelo cen�rio de J. C. Serroni, uma caixa c�nica escura e despida de adornos, que ressalta a claustrofobia das personagens.

    Pinter cria um clima pr�ximo do absurdo, em que situa��es surreais s�o contrapostas a di�logos objetivos e secos. Como definia o diretor ingl�s Peter Hall (1930-2017), a obra do autor � "um mundo de segredos, onde a��es passadas s�o constantemente reconsideradas e reavaliadas".

    AMBIGUIDADE

    "S�o v�rias camadas", comenta Negrini, cuja personagem � uma das mais amb�guas pe�a: ao mesmo tempo que mostra independ�ncia, parece aceitar a autoridade do mundo masculino. Para isso, a atriz busca uma interpreta��o seca, pouco psicol�gica de Ruth. "� essa secura que revela as camadas do texto."

    "Pinter faz uma oscila��o entre o absurdo e o naturalismo e n�o explica tudo o que � colocado. E eu prefiro n�o mostrar, n�o entregar o jogo", afirma Regina, que fez alguns cortes no texto, agora com pouco mais de uma hora.

    "Tirei quase uma hora de 'gordura'. Essa pe�a [de 1964] � de quando as pessoas tinham um tempo para o teatro. Hoje as pessoas n�o t�m mais essa disponibilidade."

    Esta � a terceira dire��o teatral de Regina –que fez, em 2012, "Raimunda, Raimunda", baseada em textos do piauiense Francisco Pereira da Silva e, h� tr�s anos, montou "A Volta para a Casa", do romeno Mat�i Visniec.

    "Eu fiquei muito apaixonada por isso, � tudo o que eu quero agora, nesse momento da carreira. Estou me reconstruindo, vendo novos horizontes na dire��o teatral", conta ela, que tem "pelo menos uma meia d�zia de textos" que ainda quer encenar.

    "O cinema e a televis�o t�m especificidades e eu n�o me sinto preparada [para dirigir]. Como eu venho do teatro, acho que eu me autorizo a continuar dirigindo."

    *

    A VOLTA AO LAR
    QUANDO ter., �s 21h; at� 5/12
    ONDE Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional, av. Paulista, 2.073, tel. (11) 3170-4033
    QUANTO R$ 50
    CLASSIFICA��O 14 anos

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