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    CR�NICA

    Em tempos de autofic��o, h� quem se subtraia do escrut�nio do leitor

    LUCAS NEVES
    ENVIADO ESPECIAL A PARATY

    30/07/2017 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    O escritor island�s Sj�n ajusta os �culos na Flip neste s�bado (29)
    O escritor island�s Sj�n ajusta os �culos na Flip neste s�bado (29)

    As narrativas em que autores se inserem mais ou menos explicitamente como personagens (autobiografia, autofic��o, p�s-fic��o ou como mais se quiser defini-las) constituem uma das vertentes mais v�vidas da literatura contempor�nea. N�o espanta, portanto, que seus meandros sejam t�o esquadrinhados nas mesas da Flip.

    Mas h� quem ainda prefira se subtrair do escrut�nio do leitor, ou talvez deixar-se ver s� veladamente, escamoteando-se (sem nunca se apagar) em outros contextos hist�ricos -ou folcl�ricos, fantasiosos.

    O escritor island�s Sj�n, que escreve romances banhados de acenos �s mitologias celta e n�rdica, � um deles. Diz que nunca achou sua vida interessante o suficiente para inspirar um livro. Pondera, no entanto, que, ao n�o falar (supostamente) nada de si em suas obras, exp�e-se a an�lises psicol�gicas t�o ou mais profundas do que os colegas de of�cio mais indiscretos.

    "A m�scara conta muito mais sobre uma pessoa do que o rosto. Muitos livros autobiogr�ficos n�o d�o uma ideia real do nosso subconsciente", afirmou no s�bado (29), na mesa que dividiu com o brasileiro Alberto Mussa.

    Este, grande entusiasta das mitologias afro-brasileiras e ind�genas, defendeu a pot�ncia desses relatos, que para ele "s�o a literatura quase que propriamente dita, tratam h� mil�nios de todos os principais temas da humanidade: a cria��o, a morte, o amor, a viol�ncia, a moral e a sexualidade".

    Segundo Mussa, o fato de muitas dessas narrativas estarem presentes em culturas completamente distintas explicita nossa origem comum, "prova que somos um povo s� e que as l�nguas � que nos dividiram".

    Sj�n ainda destacou o car�ter pedag�gico do mito, que lembra periodicamente o homem de sua estatura m�dica na grande ciranda universal e o confronta � pr�pria soberba, fazendo pairar sobre ele o espectro da trag�dia. "Nesses tempos de destrui��o do mundo dos deuses, precisamos muito mais dos mitos", concluiu.

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