• Ilustrada

    Friday, 02-Aug-2024 17:03:02 -03

    Flip

    Em mesa da Flip, rapper e freira debatem ditaduras e resist�ncia

    PATR�CIA CAMPOS MELLO
    ENVIADA ESPECIAL A PARATY

    29/07/2017 20h27

    Bruno Santos/Folhapress
    PARATY,RJ, BRASIL, 29-07-2017: Mesa Kanguei no Maiki, no quarto dia da 15� FLIP (Festa Liter�ria Internacional de Paraty). Na foto, Maria Valeria Rezende. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-ILUSTRADA *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Maria Valeria Rezende em mesa da Flip

    O rapper e escritor angolano Luaty Beir�o se uniu � escritora e freira Maria Val�ria Rezende para discutir ditaduras, a atual em Angola e a militar no Brasil. Em mesa na tarde deste s�bado (29), Luaty falou sobre seu ativismo contra o governo do presidente Jos� Eduardo dos Santos, que est� h� 38 anos no poder em Angola.

    Seu ativismo pela redemocratiza��o do pa�s lhe rendeu uma temporada na pris�o, onde ele fez greve de fome por 36 dias. No ano passado, publicou um di�rio sobre sua vida na pris�o "Sou Eu Mais Livre, Ent�o" (Tinta-da-China, 2016).

    A escritora Maria Val�ria Rezende, freira que atuou na resist�ncia � ditadura militar, leu um trecho de seu �ltimo livro e contou como ela contrabandeou para fora da pris�o as cartas escritas por frei Betto, em 1971. Eles trocavam cintos de couro com as cartas costuradas por dentro, escritas com letras min�sculas.

    Na �poca, segundo ela, o regime militar estava conseguindo convencer v�rios bispos de que os dominicanos n�o eram crist�os nem frades, eram comunistas infiltrados na igreja para fazer subvers�o. Ela mimeografou as cartas de Frei Betto para distribuir na assembleia dos bispos, e as missivas foram posteriormente transformadas em livro.

    Quarenta Dias
    Maria Val�ria Rezende
    l
    Comprar

    Rezende, que ganhou o pr�mio Jabuti em 2014 pela obra "40 Dias", conquistou a plateia com seu jeito despachado.

    Quando ela conquistou o Jabuti, jornalistas anunciaram o pr�mio como "veterana desbanca Chico Buarque", ao que ela disse "eu e o Chico temos a mesma idade, por que � que eu sou veterana?" Quando era apresentada como freira escritora surpreende."Pensam sempre que freira � uma velhinha boboca que foi pro convento porque n�o arrumou marido."

    Na mesa, ela disse ter percebido que passou a vida entrando e saindo da pris�o, mas que nunca foi presa. "A� estava acabando um livro, estava dif�cil, lembrei que o meu �ltimo tem um selo da Petrobras e pensei: 'Deus queira eu seja presa', pois a� conseguiria se concentrar no livro."

    Bem humorada, ela se definiu como "meio mouca, meio cega e meio fraca do ju�zo".

    Rezende formou leitores em pres�dios e criou cartilhas para alfabetiza��o de jovens e adultos. Na discuss�o, com media��o competente da jornalista Mariana Filgueiras, a freira relatou tamb�m como usou sua experi�ncia de anos vivendo em vilarejos no sert�o nordestino para escrever seus romances.

    Luaty descreveu como foi preso com um grupo de pessoas que discutiam a obra do escritor Gene Sharpe, "Da ditadura � democracia", e foram acusados do crime de "associa��o de malfeitores" e, posteriormente, de "atos preparat�rios para rebeli�o e atentado a chefe de Estado".

    Honrando o nome da mesa —"Kanguei no maiki", express�o angolana que significa peguei no microfone—, Luaty encerrou cantando um rap de cr�tica � situa��o pol�tica e social de seu pa�s.

    Flip

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024