• Ilustrada

    Friday, 02-Aug-2024 08:25:54 -03

    Flip

    'Posso sofrer desencanto com muita coisa, mas n�o com pol�tica', diz Pond�

    AMANDA RIBEIRO
    ENVIADA ESPECIAL A PARATY

    29/07/2017 17h32 - Atualizado �s 14h45

    Convidado a relacionar a pol�tica � sua teoria do marketing existencial, o fil�sofo, professor e colunista da Folha Luiz Felipe Pond� argumentou que a falta de no��o clara de como a sociedade se organiza e a expectativa pol�tica que acaba decorrendo disso pode produzir uma sensa��o de vazio. "Isso aconteceu com quem tinha expectativa de que o PT ia salvar o Brasil. Muitas pessoas entraram em crise com isso."

    Afirmou, no entanto, n�o padecer desse mal-estar. "Posso sofrer desencanto com muita coisa na vida, mas com pol�tica � muito dif�cil. Com pol�tica eu n�o tenho muita esperan�a."

    Para ele, a escolha da curadoria desta edi��o da Flip, de trazer mais negros e mulheres como convidados, � um exemplo claro de como a sociedade de mercado rompe conceitos, afirmou o fil�sofo, em debate na Casa Folha neste s�bado (29).

    A mesa Filosofia do Marketing Existencial, mediada pelo jornalista Lucas Neves, editor-adjunto da "Ilustr�ssima", discutiu como o marketing se apropria da sensa��o de vazio intr�nseca ao homem para vender bens de sentido que gerem bem-estar.

    Questionado sobre como se sentia com rela��o a esta edi��o inclusiva e representativa da Flip, j� que � conhecido por adotar em suas colunas um discurso contra o politicamente correto, Pond� citou seu livro mais recente, "Marketing Existencial - A Produ��o de Bens de Significado no Mundo Contempor�neo". Afirmou que a escolha da curadoria se enquadrava no conceito de marketing de causa.

    Impelida pelas cr�ticas � edi��o passada, que n�o convidou autores negros, a curadoria da festa decidiu vender a ideia de inclus�o e representatividade. Ao mesmo tempo em que a Flip � uma feira liter�ria, disse, � tamb�m uma feira de marketing, onde se vendem ideias.

    Marketing Existencial
    Luiz Felipe Pond�
    l
    Comprar

    "Em meio a esse com�rcio de ideias, n�o existe motivo para n�o trazer pessoas que t�m ideias para vender, mas n�o t�m oportunidade para isso. N�o faz sentido se existir quem queira comprar."

    Durante a palestra, o fil�sofo tamb�m destrinchou os principais aspectos de seu livro, lan�ado pela Tr�s Estrelas, selo editorial do Grupo Folha. Ele afirma que, em uma sociedade que sofreu desencaixes por causa do capitalismo, existe uma desconstru��o dos bens sociais que leva a um vazio existencial.

    O marketing atua para preencher esse vazio, mas acaba criando um ciclo vicioso que s� causa mais mal-estar. "A partir desse momento, o marketing come�a a vender o mal-estar como produto".

    Dentro desse ciclo, acaba se formando o fen�meno da "marketiza��o da vida", defende. Os principais bens existenciais vendidos, de acordo com Pond�, s�o as sensa��es, a �tica –um estilo de vida em que a pessoa se sinta bem– e o aspecto religioso.

    A sensa��o de bem-estar vendida, no entanto, tem obsolesc�ncia programada e acaba levando a pessoa a ir cada vez mais longe. "Chega a um ponto em que voc� tem que ir para a Lua. Se voc� j� se hospedou em uma tenda na Mong�lia em busca de si mesmo, se j� conheceu o mundo e n�o tem mais para onde ir, pode-se dizer que esse bem-estar tem hora para acabar."

    Flip

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024