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    Pel� diz que houve erro m�dico em sua primeira cirurgia no quadril

    CAMILA MATTOSO
    DE S�O PAULO
    JUCA KFOURI
    COLUNISTA DA FOLHA
    NAIEF HADDAD
    EDITOR DE ESPORTE

    06/04/2016 18h28

    De acordo com Pel�, 75, m�dicos que o examinaram disseram que houve um erro em uma cirurgia ao qual foi ele submetido em 2012, para a implanta��o de uma pr�tese no quadril.

    Em entrevista � Folha nesta quarta-feira (6), Edson Arantes do Nascimento disse que uma suposta falha o levou a passar por nova opera��o, em dezembro do ano passado.

    O primeiro procedimento, no qual ele acredita ter havido erro, foi realizado em S�o Paulo, no hospital Albert Einstein. O segundo aconteceu no Hospital for Special Surgery, em Nova York.

    "Segundo os m�dicos que me analisaram, teve um erro m�dico. Um erro na t�cnica dos brasileiros", afirmou.

    Procurada pela reportagem, a assessoria do Einstein n�o respondeu ao coment�rio de Pel�.

    Quatro meses ap�s a opera��o, disse estar sem dor. Contudo, ainda se movimenta com certa dificuldade. Deixou de usar um andador dias atr�s e agora leva uma bengala � m�o esquerda.

    Descontra�do, o ex-jogador afirmou que lamenta o atual momento da gest�o do futebol brasileiro e que manteria Dunga como t�cnico da sele��o, embora tamb�m goste de Tite.

    Como espectador dos Jogos da Rio-16, ele dar� outra colabora��o: est� fazendo m�sica para o evento esportivo, que come�a em agosto.

    Folha - Prefere ser chamado de senhor, voc� ou majestade?

    Pel� - Pode me chamar de "meu bem". O pessoal me chama de senhor Pel�, de seu Pel�. E eu falo: 'Tem tantos adjetivos e vai me chamar de seu Pel�?' Me chama de Edson, me chama de Rei.

    Em 2002, voc� participou do Pacto da Bola, para lan�ar o calend�rio quadrienal do futebol. A gente divergiu e voc� disse que me falaria se se arrependesse. Voc� se arrependeu de ter feito parte daquilo que acabou mantendo o Ricardo Teixeira?

    Naquele momento, n�o tinha outra alternativa para fazer a mudan�a. Perguntar agora n�o � nem justo, n�? N�o vou dizer que estou feliz, que estou satisfeito. Infelizmente, temos tido experi�ncias que n�o d� para comparar com aquele tempo. Ainda mais eu, que sou mais jovem que voc�s [risos]. Eu estava em uma roda ontem [ter�a-feira (5)], conversando, falando da Copa de 1958. Todo mundo respeitava o Brasil. Tem muita diferen�a daquela �poca para c�. Mudou tudo, mudou o jeito de se administrar o futebol. Eu n�o me orgulho de falar dos dirigentes brasileiros hoje. Eu fico triste que tenha mudado.

    O que voc� acha da atual gest�o da CBF?

    A gente n�o tem par�metro. � pouco tempo, mas ocorreram algumas mudan�as, [embora] nenhuma definitiva. A gente tem de esperar gest�o definitiva. Em uma �poca, n�s batemos de frente com o Jo�o Havelange. Questionamos. Agora, n�o d� para falar nada ainda [Del Nero assumiu em abril de 2015; ap�s den�ncias, afastou-se formalmente do comando para se defender, dando lugar ao coronel Nunes].

    Quem voc� colocaria como presidente da CBF?

    Agora? Caramba. Tenho tantos amigos que mereceriam. Mas eles n�o querem. � dif�cil.

    Voc� sempre conta um epis�dio em que prometeu ao seu pai que ganharia uma Copa. O que doeu mais: o 2 a 1 contra o Uruguai, em 1950, ou o 7 a 1 para a Alemanha, em 2014 ?

    A gente est� rindo, mas � triste. Virou at� piada essa coisa. Em 1950, eu tinha 9 para 10 anos. Eu estava com meu pai [Jo�o Ramos do Nascimento, o Dondinho], que tinha convidado amigos para assistir ao jogo em casa. Eu estava com meus colegas brincando.

    De repente, um sil�ncio. Entrei na sala e eles falaram o que tinha acontecido, que o Brasil tinha perdido a Copa. Falei a ele: "Calma, pai, n�o chora, n�s vamos ganhar ainda uma Copa para voc�". N�o esque�o essa cena. Foi um desastre na �poca.

    Essa Copa de agora, com certa experi�ncia, me fez sofrer muito menos. Acho que Deus tinha me preparado. Foi t�o absurdo que a gente tomou de 7 e depois esqueceram que a gente tomou de 3 para a Holanda.

    Tite ou Dunga na sele��o?

    T�m caracter�sticas diferentes, mas gosto dos dois. Hoje, eu deixaria o Dunga mesmo. Mas os dois poderiam estar na sele��o.

    Por que ir aos EUA para cirurgia se j� tinha operado aqui?

    Segundo os m�dicos que me analisaram, teve um erro m�dico [refere-se � cirurgia no quadril ocorrida em 2012]. Ou um procedimento, uma t�cnica [inadequada].

    Eu tinha um problema na resist�ncia, e a dor n�o passava. Fiz fisioterapia por dois ou tr�s meses, mas n�o passava. Os m�dicos que, antes, tinham me orientado a fazer a cirurgia no Brasil acharam melhor me levar aos EUA.

    Para encurtar a conversa, o m�dico disse que a t�cnica deles era a seguinte: tem o f�mur, a cabe�a do f�mur e o chap�u, eles fixam com tr�s parafusos, at� calcificar. Aqui no Brasil, usaram um parafuso s� e n�o calcificou, ficou solto. Eles acharam melhor que eu fizesse o reparo l�.

    N�o tenho dor nenhuma. At� brinquei com meu m�dico que chegou minha oportunidade na Olimp�ada (risos). Eu j� soltei o andador, estou com uma bengala. Mais uns tr�s meses vou brigar por uma vaga [nos Jogos].

    H� um ponto que at� hoje faz com que o pa�s te critique, o caso da sua filha n�o reconhecida, que acabou sendo reconhecida. Por que nunca disse o motivo de n�o reconhec�-la?

    Eu n�o tinha certeza se era minha filha ou n�o naquela �poca. Essa menina de Santos, que faleceu, eu n�o tinha conhecimento. Ela apareceu na casa da minha irm�, dizendo que a m�e dela tinha dito que ela era minha filha.

    Era Sandra o nome dela. E, ent�o, pensei: com 22 anos ela aparece para dizer que � minha filha? Eu acho que quando ela nasceu, a m�e tinha que ter me falado. Por isso que exigi o DNA. Ela apareceu e a m�e n�o apareceu? Foi essa a discuss�o. Ent�o fiz o exame e deu positivo.

    Nunca soube do paradeiro da m�e. Deve ter sido coisa de crian�a, uma escapada, uma excurs�o do Santos (risos).

    Algum outro caso recente?

    N�o. Que eu saiba, n�o [risadas]. Vamos esperar mais 25 anos para ver se aparece alguma outra a� (risos).

    A situa��o do pa�s te preocupa?

    Qualquer um que ama esse pa�s fica preocupado. Quem vive aqui sofre. E quem sai para viajar e ouve os rep�rteres tamb�m sofre muito. Em todo lugar a que chego, a primeira coisa que me perguntam � sobre corrup��o no Brasil. Isso deixa a gente chateado.

    Qual vai ser sua participa��o na Olimp�ada?

    Ainda n�o tem nada certo sobre isso. A empresa que cuida dos meus direitos est� vendo como vamos fazer. Eu estou fazendo uma letra e m�sica da Olimp�ada.

    Pode cantar para gente?

    Ah, n�o posso. Porque vou estragar a surpresa.

    Voc� vai carregar a tocha?

    Quando recebemos a tocha, eu dei a volta com ela. Na abertura, fui consultado para ver se eu tinha interesse. Mas n�o tem nada acertado. A companhia que cuida da minha imagem � quem est� discutindo isso.

    Voc� poderia me explicar, eu at� agora n�o entendi a explica��o do Celso, por que voc� decidiu leiloar os seus trof�us?

    O Celso que o Juca est� falando � o meu s�cio, que est� aqui comigo. N�o � a primeira vez, j� v�rias vezes, apareceram pessoas querendo fazer isso. Muita gente termina a carreira e n�o sabe para onde foi o trof�u. Eu achei que dessa maneira, al�m de eu fazer um benef�cio para os meus futuros filhos, eu teria uma forma de garantir que as pe�as n�o seriam perdidas. Por isso, eu aceitei essa proposta.

    N�o � dificuldade financeira?

    Gra�as a Deus n�o. Isso n�o � problema.

    Excluindo voc�, usando Garrincha como exemplo. Ele jogaria t�o bem hoje como no tempo dele?

    Sem d�vida. O Beethoven n�o seria o Beethoven hoje?

    Seu projeto de completar 100 anos continua em p�?

    Eu sou mineiro, de Tr�s Cora��es. Come�a a se preparar, que com 100 anos eu vou bater uma bolinha no Maracan�. N�o sei onde vai ser, mas voc�s v�o estar comigo.

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