Os e-mails apresentados pelo juiz Sergio Moro para justificar a pris�o do empres�rio Marcelo Odebrecht s�o muito mais reveladores do que sugerem a an�lise superficial dos investigadores da Opera��o Lava Jato e a vers�o adocicada que a Odebrecht defende.
As mensagens s�o de mar�o de 2011 e foram encontradas pela Pol�cia Federal em buscas realizadas nos computadores da empresa no ano passado. Elas mostram Marcelo Odebrecht discutindo com quatro executivos do grupo uma estrat�gia para conquistar um contrato bilion�rio para construir e operar sondas destinadas � explora��o do pr�-sal.
Um dos e-mails fala em "sobrepre�o" ao debater o plano sugerido pela Odebrecht � Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para contratar as sondas. A ideia era oferecer um pre�o camarada para construir os navios e compensar a diferen�a depois, cobrando mais caro pelos servi�os de opera��o das sondas. Tudo perfeitamente legal, diz a Odebrecht.
Como a Folha mostrou no domingo, as mensagens revelam um personagem at� ent�o fora do radar das autoridades, o consultor Andr� Luiz de Souza, que tem liga��es antigas com o PT e prometia ajuda para financiar as sondas com dinheiro do FGTS. Ao analisar os e-mails, a pol�cia achou que se tratava de outra pessoa, um executivo da Odebrecht.
Os e-mails tamb�m mostram a import�ncia que a empresa d� para suas rela��es com o mundo pol�tico. Numa das mensagens, Marcelo Odebrecht se mostra preocupado em n�o contrariar o ent�o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e indica que planejava procurar a presidente Dilma Rousseff para discutir seu plano para as sondas do pr�-sal.
Caber� � Justi�a dizer se o conte�do dos e-mails serve para condenar Marcelo Odebrecht por algum crime. Mesmo que n�o provem nada, eles oferecem uma li��o esclarecedora sobre um jeito particular de fazer neg�cios, que pode ter sido colocado em xeque pela Opera��o Lava Jato.
� rep�rter especial. Foi editor de 'Mercado' e de 'Poder'.