Especula-se que Joaquim Barbosa teria um projeto secreto de se tornar presidente, montado sua imagem positiva de ca�ador de corruptos --pesquisas eleitorais n�o desanimam esse sonho.

Imagina-se que um campe�o da moralidade salvaria o Brasil da ladroagem.

Olhando a hist�ria do Brasil, h� fartos motivos para eu desconfiar de campe�es da moralidade.

O PT � apenas o caso mais recente e estridente: o partido que se notabilizou pela defesa da �tica virou um laborat�rio de estudos da biodiversidade da corrup��o, tantas e t�o diferentes s�o as modalidades de desvio que o partido engendrou.

O PSDB foi criado, em S�o Paulo, em oposi��o aos esquemas corruptos do PMDB -e, agora, est� metido numa gigantesca rede de suspeitas devido aos cart�is durante v�rios governos paulistas. Sem contar que, nas origens do mensal�o vamos encontrar, em Minas, o PSDB.

Fernando Collor se elegeu com a bandeira da batalha contra a corrup��o. Sabemos o que ocorreu.

No mesmo estilo, J�nio Quadros se elegeu com o s�mbolo na vassoura. Se n�o me engano, foi o �nico brasileiro que teve divulgada sua conta na Su��a.

Todo aquele estardalha�o dos moralistas contra JK, Jango ou Get�lio se prestou para minar governos eleitos democraticamente e colocar no poder uma ditadura que, ao ampliar o poder do Estado, ampliou ainda mais a corrup��o. N�o que, naqueles governos, n�o houvesse desvios.

Evidentemente n�o sou contra o combate � corrup��o. E muito menos ao culto da honestidade.

O que estou dizendo � que, no Brasil, bandeiras da moralidade viraram empulha��o, nutrindo manchetes com paladinos e enganando os cidad�os.

Honestidade n�o � qualidade. E nem deveria ser tema de campanha. Deveria ser apenas um pr�-requisito elementar.

Entusiasma muito menos mudar os esquemas que favorecem a corrup��o (o que exige complexas reformas) do que punir os corruptos.