Comentei aqui ontem que o rei do camarote n�o mereceria um coment�rio desta coluna. Mas a inesperada rea��o nas redes sociais ao esbanjador revelava um movimento que merecia reflex�o.
De verdade, o insulto da ostenta��o teve um saldo positivo - e, nesse caso, o rei do camarote prestou um servi�o involunt�rio. Positivo porque pedag�gico.
A rea��o ontem pelas redes sociais --at� se especulava intensamente se o tal sujeito n�o seria uma fic��o-- deu uma li��o nesse tipo de gente que revela o pior da desigualdade. � quando a desigualdade se transforma em esculhamba��o expl�cita e total falta de percep��o dos dramas de uma na��o.
Ser rico n�o � um problema, quando se ganha dinheiro honestamente. Ser rico pode significar gente que trabalhou duro e gerou riqueza coletiva, ao criar empregos.
Ricos podem ser admirados (e muito admirados), quando, al�m de terem neg�cios produtivos, usam sua influ�ncia para melhorar as condi��es de vida um pa�s, investindo em causas sociais.
� isso o que explica, em parte, a pujan�a dos Estados Unidos, onde um Bill Gates gasta agora sua energia e dinheiro para resolver n�o os problemas de empresa. Mas a mis�ria mundial. E, assim, ganha um respeito planet�rio e, podem apostar, eterno.
Se rico quiser ser, de fato, celebridade duradoura vai ter de ficar mais pr�ximo das ruas do que dos camarotes.
Essa � a li��o que foi involuntariamente ajudada pelo tal esbanjador das baladas.
Ganhou os principais pr�mios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em l�ngua portuguesa pela Deutsche Welle. � morador da Vila Madalena.